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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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prescindindo de sua produção, puro dado (respectivamente tomado),<br />

natureza assim feita como quantitativa e qualitativamente, e contudo<br />

acentuadamente produto não da natureza, mas do trabalho humano (mas<br />

trabalho de outros). Portanto, o que dá identidade às mercadorias ou<br />

objetos de apropriação, é o papel que elas jogam como membros do nexo<br />

social entre o explorador e o explorado. Embora um objeto tenha uma<br />

significação totalmente diferente para cada um deles, ele é entre eles, na<br />

ação na qual ele passa de um ao outro, a mesma coisa, possui uma<br />

existência independente deles, válida para ambos, um ser-aí [existência]<br />

objectivo; e na ação não se desfaz, mas se mantém e é uma coisa. Só<br />

muito tempo depois que esses caracteres formais começaram a jogar seu<br />

papel indispensável e silencioso para a socialização funcional, a reflexão os<br />

agarra e os eleva a conceitos. E com isso agora ela deturpou tudo, pois<br />

agora todos esses mesmos caracteres tornaram-se formas de pensamento<br />

do sujeito em sua relação com os objetos dados para ele. Superar essa<br />

deturpação é difícil e, sem encontrar as mediações, impossível. Mas com<br />

isso já se ganhou algo: que se sabe o que se está buscando, ou seja<br />

mediações entre a situação da exploração e a relação teorética do<br />

conhecimento. Este é um insight que os teóricos do conhecimento, mas<br />

também os marxistas vulgares, nunca teriam imaginado.<br />

Para restringir-me porém então à sociedade de exploração na forma<br />

avançada da sociedade de produção de mercadorias: corresponde portanto<br />

a "forma mercadoria" à função socializadora da exploração. Sua estrutura<br />

determina-se cada vez segundo as funções da unidade dessa socialização,<br />

da qual ela é constituinte formal. A socialização funcional consuma-se<br />

assim só em virtude da exploração, portanto como um nexo da apropriação,<br />

o qual sempre bem se refere à produção, mas não é ele mesmo um nexo<br />

da produção. Ele é um nexo em formas do puro ser-aí dos homens e de<br />

suas coisas, não da produção desse ser-aí. Nas formas unilaterais da<br />

apropriação isso é ainda bastante evidente (Marx sublinha frequentemente<br />

esta distinção), mas nas formas da exploração generalizada e da<br />

socialização funcional a relação de apropriação da produção torna-se uma<br />

relação de encobrimento completo e impenetrável da realidade do ser<br />

material.<br />

[Aqui poderia eu facilmente continuar de modo a apontar claramente minha<br />

concordância com Adorno, bem como minha divergência. Algo assim, como<br />

segue: "Encobrimento e verdade estão aqui igualmente garantidos. Aqui,<br />

manifestar a verdade exige um método, que eu denomino identificação<br />

dialética (sobre isso confer ulteriormente abaixo nesta mesma carta). O<br />

modo de proceder desse método está expresso em Marx (na Introdução à<br />

crítica da filosofia do direito de Hegel, de 1843): "Devem-se levar a dançar<br />

essas relações petrificadas tocando-lhes sua própria melodia." Todo O<br />

Capital está construído de acordo com esse princípio. Os encobrimentos

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