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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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leitor uma metodologia ab ovo é abusar de sua paciência. Isso não deve<br />

significar que não se dá valor à metodologia. Ao contrário, deve-se dar-lhe<br />

valor tão grande, que ela se deixe avaliar adequadamente só com um pleno<br />

conhecimento da pesquisa. Portanto, ela será aqui colocada em apêndice à<br />

pesquisa. Naturalmente cada qual está livre de inverter a sequência, se lhe<br />

aprouver.<br />

2. Abstração conceptual ou real?<br />

Forma do espírito ou forma da sociedade têm em comum que são "formas".<br />

O modo de pensar marxiano caracteriza-se por uma concepção das formas,<br />

na qual ele se afasta de todos os outros modos de pensar. Ele se guia a<br />

partir de Hegel, mas tão somente para também afastar-se de Hegel logo a<br />

seguir. Forma é para Marx algo temporalmente condicionado. Ela surge,<br />

passa e transforma-se no tempo. Entender forma como ligada ao tempo é<br />

sinal de pensamento dialético e deriva de Hegel. Mas em Hegel o processo<br />

de origem e mudança das formas, conforme exposto acima, é<br />

originariamente processo mental. Ele constitui a lógica. Mudanças de<br />

formas de outro tipo, como na natureza ou na história, em Hegel são<br />

sempre inteligíveis só pela relação à lógica e em analogia com ela. A<br />

concepção hegeliana da dialética atua então de tal modo que não somente<br />

autoriza o primado do espírito sobre a matéria, mas o empossa em<br />

soberania única.<br />

Para Marx, ao contrário, o tempo, que domina a gênese e a mudança das<br />

formas, entende-se de antemão como histórico, tempo da história natural<br />

ou humana 2. Por isso não se pode descobrir também nada de antemão<br />

sobre as formas. Uma Prima Philosophia está excluída em qualquer feição<br />

no marxismo. O que se deve afirmar, deve primeiro ser encontrado pelas<br />

pesquisas. O materialismo histórico é, como dissemos, só o nome para um<br />

postulado metodológico, e mesmo isso para Marx tinha primeiramente<br />

"resultado de seus estudos".<br />

Assim, na constituição de formas históricas de consciência não se pode<br />

deixar de fazer caso de processos de abstração, que lá se exercem. A<br />

abstração iguala-se à oficina da formação dos conceitos, e se o discurso<br />

sobre a determinação social do ser da consciência deve possuir um sentido<br />

que satisfaça à forma, então deve-se poder colocar no fundamento dela<br />

uma concepção materialista da natureza do processo de abstração. Uma<br />

formação da consciência a partir do ser social pressupõe um processo de<br />

abstração. que é parte do ser social. Só um tal fato pode tornar inteligível o<br />

que se entende com a afirmação de que "o ser social dos homens<br />

determina sua consciência". Mas com uma tal concepção, o materialista<br />

histórico está em contradição inconciliável com toda a filosofia teorética<br />

tradicional. Para a tradição de pensamento, globalmente, está certo que a

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