Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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que o real das coisas não é a aparição sensível, mas unicamente e<br />
sobretudo a Uno, que é:<br />
Do qual nada se pode dizer, senão que ele é todo e em si mesmo perfeito,<br />
enche complemente o espaço e o tempo, é imutável, indivisível e imóvel,<br />
que ele não passa e também não pode ter tido origem de nada. O<br />
pensamento deste conceito é uma evidente unilateralização e absolutização<br />
da natureza material do dinheiro que nele se identifica. Com isso excluemse<br />
outras propriedades igualmente essenciais da abstração real como o<br />
movimento e a atomicidade, que tiveram que ser valorizadas mais tarde por<br />
outros pensadores.<br />
Percebe-se neste exemplo, primeiro que se necessitava da forma dinheiro<br />
institucionalizada formalmente pela cunhagem, antes que a abstração real<br />
da troca (resp. seus distintos momentos) pudesse impor-se à consciência;<br />
segundo, que tal "imposição" não encontra sua expressão exacta em<br />
nenhum modo misterioso senão em identificar o momento pertinente da<br />
abstração real. Pois, como esta última outra coisa não é senão pura<br />
abstração formal, assim sua identificação não pode levar a outro resultado<br />
que aquele de uma formação pura de conceito. Tanto o poder da formação<br />
do conceito como seu papel como "sujeito" de conhecimento - "logos",<br />
"nous", "intellectus" - alcançaram primeiro aqui sua gênese histórica.<br />
Terceiro, esta identificação dissolve a origem e tudo o que se refere à<br />
origem do conceito formado. A representação correcta, identificadora da<br />
abstração real produz a consciência falsa. Pois a identificação no conceito<br />
transforma o caráter histórico da abstração real em forma de pensar<br />
histórica sem lugar e atemporal, pois seu caráter de abstrações não<br />
empíricas a tira da esfera do localizável no espaço e no tempo. Quarto, a<br />
função sócio-sintética da abstração real transforma-se naquela lógicosintética<br />
do pensamento conceptual. Quinto, esta transformação separa de<br />
forma intransponível o pensamento que assim surge de todo trabalho e<br />
atividade corporal. Sexto, ele lhe empresta o conceito de verdade no<br />
sentido do conceito filosófico da verdade do pensamento, como surgiu<br />
aproximadamente primeiro e mais claramente em Parménides em seu t o w<br />
n . A idéia da verdade surge no campo da consciência necessariamente<br />
falsa. E é precisamente para esse caráter da alienação necessariamente<br />
condicionada, que o modo de pensar lógico-conceitual surgido da produção<br />
mercantil desenvolvida preenche a função imprescindível da forma de<br />
socialização universal do pensamento.<br />
O imperecível da filosofia grega, o fato de que ela ainda hoje é introduzida<br />
nos debates filosóficos como norma indispensável, explica-se a partir do<br />
fato de que ela trouxe, em seus conteúdos e conceitos essenciais, a<br />
abstração real, que conecta sinteticamente nossa sociedade. Esses são os