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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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conta da contradição de que ele deve pesquisar pela gênese de conceitos<br />

universais historicamente independentes do tempo.<br />

Nosso ponto de partida histórico para a explicação é a passagem para a<br />

troca de mercadorias no sexto século e em sua consequência para a<br />

sociedade mercantil, portanto é o postulado de uma matéria não<br />

desgastável do dinheiro cunhado em moeda, que nela se torna efectivo.<br />

Que a troca de mercadorias tocou inicialmente a polis só marginalmente e<br />

de modo algum a penetra (de modo que a referência institucional ao<br />

mencionado postulado na emissão do dinheiro pode não ter ainda<br />

acontecido) não constitui objecção contra esse ponto de partida. O<br />

postulado reside internamente no dinheiro-moeda, independentemente<br />

desta referência explícita, e é bem perceptível a observadores atentos.<br />

Deixemos porém por um átimo de lado a filosofia - grega ou outra - com<br />

seus conceitos e desafiemos o leitor a esforçar-se para encontrar uma<br />

determinação, descrição ou conceito, que se apliquem à matéria, e do qual<br />

deva ser constituído o dinheiro. Pois evidentemente o dinheiro deve bem ter<br />

uma matéria; comprar algo por uma peça de dinheiro, que não possua<br />

nenhuma realidade material, não ocorreu nem mesmo a um Till<br />

Eulenspiegel. A matéria deve pelo contrário ser real, existir no espaço e no<br />

tempo, corporificar complemente o valor do dinheiro. Mas como se pode<br />

pensar isso? A absolutamente nenhum material, do "catálogo de toda a<br />

populaça das mercadorias..., que a seu tempo jogou o papel de equivalente<br />

das mercadorias" (MEW, 23, p.72), aplica-se a determinação que<br />

caracteriza especificamente a matéria monetária perante todas as outras,<br />

ou seja que ela deve permanecer inalterável no tempo. Portanto o dinheiro<br />

deve consistir de uma matéria real, que não coincide com nenhuma matéria<br />

real que exista e possa existir, a qual não existe de acordo com nenhuma<br />

experiência sensível. Ela é, portanto, puro conceito, e na verdade não<br />

conceito empírico, mas conceito puro, uma abstração não empírica, para a<br />

qual pode existir somente a forma pensada do conceito. Nem por isso<br />

aquilo que nesse conceito é pensado, como dissemos, é puro pensamento,<br />

mas é uma realidade espaço temporal, que responde por cada matéria e<br />

contudo não é material. Também ninguém que pense esse conceito pode<br />

dizer de si mesmo que ele o formou do dado de uma experiência sensível<br />

por ascensão progressiva do específico ao geral. Ninguém o formou nunca,<br />

ele se encontra pronto sem dedução e sem pano de fundo. A abstração da<br />

qual ele provem teve lugar alhures e por outro caminho que aquele do<br />

pensar. Tudo o que o pensamento acrescenta é o esforço de dar um nome<br />

satisfatório à abstração dada pronta e de encontrar uma palavra apropriada<br />

para completar por sua parte a identificação. O primeiro a encontrar um<br />

conceito apropriado para este elemento da abstração real (decerto sem a<br />

mínima suspeita de para que seu conceito surgiu e daquilo que o tinha<br />

impingido a ele) foi Parménides com seu conceito ontológico do ser. Ele diz

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