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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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mercadorias pode ter sido no começo somente um acontecimento casual e<br />

episódico. Aristóteles em sua Política dá a impressão, de que o dinheiro se<br />

tornou necessário desde o século sexto em transações ultramarinas, como<br />

por exemplo na aquisição de cereais de Naukratis ou do Ponto em troca de<br />

óleo de oliva ou de vinho da Ática. Além disso, o fator impulsionante do<br />

desenvolvimento do dinheiro (ou seja a manipulação do dinheiro em sua<br />

forma reflexa como capital) ocorreu entre os antigos clássicos (ou seja até<br />

fins do quarto século a.C.) somente dentro da esfera da circulação, sem<br />

usurpar a produção, portanto só como capital comercial e a juros, não como<br />

capital produtivo, que é o caso da idade moderna na Europa. Isso explica o<br />

distinto objeto de conhecimento dos antigos e da ciência natural moderna,<br />

ou seja que o conhecimento dos antigos era dirigido à qualidade da<br />

natureza como um todo e nos modernos visa a pesquisa de fenômenos<br />

individuais. Entre os camponeses e artesãos como produtores e como<br />

hoplitas36 não dominava ainda o modo de pensar comercial; este entrou<br />

primeiramente sobretudo entre os Eupátridas, os nobres, que faziam<br />

elaborar seus bens pelos escravos-devedores camponeses e a seguir no<br />

século quinto a.C. pelos escravos artesãos (anthrápoda). Disso os<br />

produtores, pelo menos no tempo clássico, obtinham sua classificação. As<br />

polis gregas eram seu foro construído ao redor de seus templos. Pode ser<br />

que as formas tradicionais de relacionamento precisassem até de uma<br />

reactivação e recrudescimento das mitologias arcaicas, para compensar as<br />

condições contrárias a elas, sobretudo a crescente autonomia individual. A<br />

Epinomis, o pós-escrito de Platão a sua obra tardia As leis, em sua defesa<br />

da fé nos deuses e do culto das estrelas soa como um último exorcismo<br />

perante o perigo iminente de uma decadência da polis, que também se<br />

realizava bem naquele momento, nos finais do século quarto. Nesse escrito<br />

Platão fala só minimamente como filósofo. Pode-se perguntar: mas como<br />

foi mesmo que na Grécia se colocou a base da filosofia?<br />

a. No caminho pelo dinheiro rumo à dissolução do "milagre grego"<br />

Não é na filosofia grega como fenômeno geral que devemos entrar aqui,<br />

mas em alguns conceitos chave, sobre os quais ela construiu. Visamos aqui<br />

à explicação genética da origem do conceito eleático do ser. Dentre os<br />

conceitos dos primeiros filósofos, o conceito de Perménides é o mais<br />

conciso, como também o mais rigoroso e teimoso, que determinou<br />

amplamente os caminhos e descaminhos do desenvolvimento da filosofia<br />

grega. Explicamos que os conceitos filosóficos puros ganharam forma<br />

historicamente no caminho pelo dinheiro, e vemos nesta opinião a<br />

alternativa histórico-materialista à tradição histórico-<strong>espiritual</strong>ística do<br />

idealismo, que quer explicar a gênese dos conceitos pelo caminho do<br />

pensamento. Mas isso serviu somente para chegar no beco sem saída do<br />

"milagre grego"; finalmente o modo de pensar histórico-<strong>espiritual</strong> não dá

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