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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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Já "pelo final da fase superior da barbárie", "[...] pela compra e venda de<br />

propriedade do solo, pelo avanço da divisão do trabalho entre agricultura e<br />

artesanato, fabricação de navios e comércio [...] o jogo regulamentado dos<br />

órgãos da constituição [caiu] em tal desordem, que já no tempo dos heróis<br />

se procurou ajuda." Seguiu-se "a divisão de todo o povo, sem olhar para<br />

tribo, compadrio ou genealogia, em três classes: nobres, camponeses e<br />

artesãos. [...] O domínio do nobre subiu mais e mais, até que pelo ano<br />

seiscentos a.C. se tornou insuportável. E o meio principal da opressão da<br />

liberdade comum era exatamente o dinheiro, e o juro. A sede principal do<br />

nobre era em (e ao redor de) Atenas, onde o comércio marítimo, junto com<br />

a pirataria sempre eventualmente tolerada, o enriquecia e concentrava a<br />

riqueza monetária em suas mãos. Daqui a economia monetária em<br />

desenvolvimento penetrava como rio divisório no modo de existência das<br />

comunidades rurais baseado em economia natural. A constituição gentil é<br />

absolutamente incompatível com a economia monetária; a ruína dos<br />

pequenos camponeses áticos coincidiu com a desarticulação do vínculo<br />

antigo que os protegia abraçando-os. O título de dívida e a penhora dos<br />

bens (pois os atenienses tinham já inventado também a hipoteca) não<br />

respeitavam nem raça nem fraternidade. E a antiga constituição gentil não<br />

conhecia nem dinheiro, nem empréstimo, nem dívida monetária. Por isso o<br />

domínio monetário do nobre expandindo-se sempre mais exuberantemente<br />

formou também um novo direito consuetudinário para segurar o credor<br />

contra o devedor, para consagrar a exploração dos pequenos camponeses<br />

pelos possuidores de dinheiro. Os campos estavam cheios de marcos de<br />

hipotecas. [...] Os campos, que não estavam marcados destarte, tinham<br />

sido em grande parte já vendidos devido ao vencimento de hipotecas ou de<br />

juros, passando para a propriedade do nobre usurário. [...] Mais. Se o<br />

resultado da venda do pedaço se terra não era suficiente para cobrir a<br />

dívida [...], o devedor devia vender seus filhos em escravatura. [...] A<br />

propriedade privada, uma vez nascida, [...] levou à troca entre os<br />

indivíduos, à transformação dos produtos em mercadorias. E aqui está o<br />

cerne de toda a transformação que seguiu. [...] Os atenienses tiveram que<br />

experimentar quanto rapidamente, após o surgimento da troca entre<br />

indivíduos e a transformação dos produtos em mercadorias, o produto faz<br />

valer seu domínio sobre o produtor. Com a produção de mercadorias<br />

chegou a cultivação do solo por indivíduos por conta própria, e com isso<br />

logo a propriedade individual do solo. Chegou além disso o dinheiro, a<br />

mercadoria geral, contra a qual todas as outras se podiam trocar; mas<br />

enquanto os homens encontraram o dinheiro, não pensaram que eles com<br />

isso geravam uma nova potência social, a potência una comum, perante a<br />

qual toda a sociedade devia curvar-se. E foi esta potência nova, surgida de<br />

improviso, sem que seus próprios procriadores soubessem ou quisessem,<br />

foi ela que em toda brutalidade de sua juventude fez saborear seu domínio<br />

aos atenienses."

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