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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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produtores primários, pelo contrário, ficam basicamente com seus<br />

instrumentos da idade da pedra. Na verdade, a construção de sistemas de<br />

irrigação nos grandes vales fluviais do Nilo ao Hoangho, proporciona aos<br />

dominadores na idade do bronze uma safra agrícola notavelmente<br />

aumentada.<br />

A quebra decisiva nas tradições das sociedades arcaicas ocorre pela<br />

obtenção do ferro e sua elaboração, nas portas do último milênio antes de<br />

nossa era. R.J.Forbes explica a especificidade desta inovação técnica<br />

como segue:<br />

"O estudo da metalurgia primitiva do ferro revela que a produção de ferro<br />

forjado (aqui entendido no sentido de ferro forjado superficialmente com<br />

carvão) comportou a introdução de um complexo inteiramente diferente de<br />

técnicas e de processos. O forjador da idade de bronze teve que<br />

reaprender seu ofício. As novas técnicas envolviam a total purificação dos<br />

materiais ferrosos, novos instrumentos e métodos para tratar a primeira<br />

"coloração" produzida pela primeira fusão do minério, e o domínio dos<br />

processos de carburação, de apagar e de temperar, os quais capacitavam o<br />

novo forjador a produzir aço a partir do ferro fundido. Pois somente o novo<br />

aço era superior ao bronze e ligas similares - o ferro fundido sozinho não<br />

teria produzido esta revolução técnica."35<br />

Acresce que o minério de ferro na Ásia Menor e na Grécia se encontrou<br />

quase que por toda parte e os instrumentos de metal de ferro,<br />

respectivamente de aço, eram sem comparação mais baratos e mais fortes<br />

que aqueles de cobre e suas aleações. O uso de instrumento de ferro no<br />

trabalho do solo traz uma revolução econômica na produção agrícola. Ela<br />

pode agora ser explorada como economia individual com maior sucesso<br />

que no modo asiático de produção complicado e dispendioso. Com a<br />

passagem à técnica do ferro surge a economia da "produção do pequeno<br />

camponês e do artesão independente", que, de acordo com uma celebre<br />

nota de rodapé de Marx, formam "a base econômica da comunidade<br />

clássica em seus melhores tempos, depois que a propriedade comunal<br />

oriental original se dissolveu e antes de apoderar-se seriamente da<br />

escravização da produção"(MEW, v.23, p.354, rodapé).<br />

Perante este fundo, porém, agora não se pode ter mais confiança na<br />

disposição a retribuir a troca de dons: a troca deve experimentar uma<br />

transformação profunda, sua própria transformação em troca de<br />

mercadorias. Isso significa que aquela reciprocidade que mais cedo ou<br />

mais tarde, em uma sucessão irregular no tempo, sucedia à doação, agora<br />

se acopla estritamente com a mesma em um pagamento pronto no mesmo<br />

lugar, de maneira que os dois atos da troca se tornam condições<br />

simultâneas e recíprocas e são interligados na unidade de um negócio de<br />

troca. Os parceiros dessa relação colocam-se agora reciprocamente um

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