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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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comunitário, para que se possam prever excedentes regulares de tamanho<br />

remunerativo sobre o mínimo da subsistência. Os primeiros começos da<br />

apropriação desenvolvem-se no interior da colectividade e trazem consigo<br />

alterações lentas, mas nem por isso menos marcantes, nas relações de<br />

produção que repousam na propriedade comum e no consumo comunitário.<br />

Marx vê a necessidade de formas mediadoras para tais mudanças, ou seja<br />

o começo de trocas com outras comunidades, que depois opera<br />

desagregando a ordem interna. Surge uma reação persistente quando<br />

aqueles elementos, que se avantajam da prática emergente de apropriação,<br />

tornam-se forças activas, as quais levam adiante o desenvolvimento na<br />

direcção que lhes serve, portanto se organizam como uma potência social à<br />

parte. Sob o influxo delas, surgem crescentes usurpações da propriedade<br />

comum, sobretudo do solo, e crescentes relações de dependência para os<br />

produtores. Pouco a pouco formam-se dentro da sociedade divisões de<br />

classes baseadas na herança e no patriarcado, em conexão com impulsos<br />

de conquistas externas e com uma atividade ampliada de roubo e de<br />

comércio.<br />

Este bosquejo extremamente abstrato serve exclusivamente para sublinhar<br />

três momentos fundamentais: 1. o modo de produção, mais precisamente o<br />

processo de trabalho, permanece ainda colectivo na produção primária, ou<br />

seja trabalho do solo e criação do gado: isso, ainda por um tempo bem<br />

longo, de acordo com a forma de organização; 2. a formação de riqueza<br />

interna na sociedade, por parte da classe que se apropria, ocorre na<br />

medida mais ampla nas formas da apropriação do sobreproduto; 3. a troca<br />

de produtos mantém no essencial o caráter de puro comércio externo entre<br />

comunidades distintas. Em outras palavras, o comércio não se desenvolve<br />

ainda (nem o fará por longo tempo) na forma de nexo social interno.<br />

Produção individual desenvolveu-se desde cedo na preparação de<br />

instrumentos e armas de pedra, mas depois sobretudo nos ramos<br />

artesanais de invenção do neolítico tardio, portanto na produção secundária<br />

como olaria, fiação e tecelagem, etc., sobretudo em trabalhos femininos, e<br />

no fim do neolítico nas indústrias dos metais, que eram ofícios de homens.<br />

As indústrias secundárias tornam-se o campo principal da troca de<br />

mercadorias, como por sua parte a troca de mercadorias se tornou base de<br />

promoção da difusão dos ofícios secundários. Pelo desenvolvimento e a<br />

reciprocidade de ambos, a produção de excedente e a formação classista<br />

de riqueza experimenta uma potente prosperidade, suficiente para colocar<br />

em movimento em períodos afins a enorme realização da cultivação dos<br />

grandes vales aluviais desde o Nilo até o Hoangho.<br />

4. Troca de dons e troca de mercadorias<br />

A abstração da troca pertence à troca de mercadorias, não a sua forma<br />

historicamente precedente, a troca de lembranças ou presentes. A troca de

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