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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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É importante para nós distinguir entre unidade (respectivamente:<br />

separação) pessoal e social de mão e cabeça. Unidade pessoal de mão e<br />

cabeça caracteriza essencialmente só o trabalho, que serve à produção<br />

individual. Isso não significa que também ao contrário toda produção<br />

individual pressupõe tal unidade pessoal; pensemos, por exemplo, à olaria<br />

ou à produção téxtil pelos escravos, que bem podem fabricar o produto com<br />

seu trabalho individual, mas não são donos do fim nem do modo do<br />

mesmo. Separação pessoal de cabeça e mão vale para todo trabalho, que<br />

ocorre sob fixação da finalidade por outrem. Unidade social de mão e<br />

cabeça, ao contrário, é característica da sociedade comunista, que ela seja<br />

de tipo primitivo ou tecnologicamente muito desenvolvida. Em contradição<br />

com isso, está a separação social entre o trabalho intelectual e corporal,<br />

que se estende por toda a história da exploração e assume as mais<br />

distintas formas.<br />

Considerado muito a grosso modo, o desenvolvimento social passa do<br />

comunismo primitivo, onde a produção baseia-se em uma comunidade<br />

indissolúvel de trabalho, passo a passo chega à formação de produção<br />

individual em todos os territórios ocidentais e correspondentemente à<br />

formação da produção de mercadorias. Aqui chegamos, lado a lado, à<br />

utilização do dinheiro em sua forma reflexa como capital e à forma social do<br />

pensamento como intelecto puro separado. Em outras palavras, em<br />

rigorosa antítese ao isolamento da produção <strong>manual</strong>, chegamos à<br />

universalização da síntese social em sua causalidade colateral da<br />

linguagem econômica das mercadorias e da fundação da linguagem<br />

ideológica dos conceitos. Este estágio intermediário do desenvolvimento<br />

histórico alcançado na antiguidade clássica gera a sociedade de<br />

apropriação em sua manifestação absoluta ("clássica"), que exclui os<br />

escravos produtores da participação na socialização e que exatamente por<br />

este motivo não pode ter estabilidade. Mas com sua dissolução tem início<br />

um processo de desenvolvimento, no qual a socialização começa a<br />

capturar a produção e o próprio trabalho <strong>manual</strong> e com isso avança até o<br />

grau atual de desenvolvimento, onde dentro da sociedade capitalista de<br />

apropriação se criaram os pressupostos de uma moderna sociedade de<br />

produção e a humanidade, da acordo com a previsão de Marx e Engels,<br />

está colocada perante a alternativa inevitável entre os dois. Vale a pena<br />

seguir esse desenvolvimento geral através de suas fases principais,<br />

embora com brevidade forçada.<br />

3. Começo da produção de excedente e da exploração<br />

Sob este título entendemos, traduzida em nossa linguagem conceptual, a<br />

passagem da sociedade primitiva de produção às primeiras formas de<br />

sociedade de apropriação. Os começos da apropriação, no sentido aqui<br />

entendido, inerente à sociedade, pressupõem um aumento suficiente de<br />

produtividade ou desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social

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