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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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mesmo se a troca permanecer um caso isolado individual. É primeiro pela subsunção sob a troca<br />

que dos fatos da posse provêm normas de propriedade. Esta sequência da troca prende-se a sua<br />

natureza como relação humana. Onde ela começou, ou seja lá "onde da comunidades acabam, no<br />

ponto de seu contato com comunidades estranhas" (MEW, 23, p.102), lá tornou-se necessário que<br />

elas se relacionassem entre si, não com a natureza, ou seja não se matassem ou roubassem,<br />

como elas fariam com animais, e sim que falem umas com as outras - por palavras ou sinais -,<br />

portanto se reconheçam reciprocamente como homens. Também isso é uma questão de fato, mas<br />

uma tal que dela resultam normas, porque ela rompe a relação natural e coloca em seu lugar uma<br />

relação social entre grupos, que se tinham já tornado por sua parte formações sociais. (O curso do<br />

último processo encontra-se exposto na convincente reconstrução de George Thompson, no cap.1<br />

de seu livro Die ersten Philosophen - Os primeiros filósofos - 1961). Marx expressa exatamente o<br />

mesmo, quando diz: "Esta relação de direito, cuja forma é o contrato, desenvolvido legalmente ou<br />

não, é uma relação de vontade, em que se espelha a relação econômica [a relação fatual de<br />

posse - S.-R.]. O conteudo desta relação de direito ou de vontade é dado pela própria relação<br />

econômica." (MEW, 23, p.99)<br />

11 - A expressão é extraida da figura lógica da oposição privativo-contraditória.<br />

12 - "... to the effect that all my data, in so far as they are private to me. ...", Bertrand Russell,<br />

Human Knowledge, 1966, p.191, no capítulo "Solipsismo". O que em Russell é "dado", em Kant é<br />

"Apercepção".<br />

13 - Este solipsismo prático não precisa coincidir com o interesse pessoal. Alguém que proceda<br />

em substituição ou a proveito de outrem, deve proceder exatamente de acordo com os mesmos<br />

princípios. Se não o fizer, então a relação na qual ele opera não seria mais uma troca de<br />

mercadorias, e sim transformar-se-ia em outras relações. Os princípios de que tratamos aqui<br />

pertencem à forma de relacionamento da troca mercantil, não à psicologia das pessoas que nela<br />

operam. Muito mais, ao contrário, a forma de relacionamento da troca imprime nos mecanismos<br />

psicológicos dos homens, cuja vida ela domina, mecanismos tais que lhes parecem depois sua<br />

natureza humana inata. Correspondentemente a isso, muito frequentemente os dominados agem<br />

em lugar ou a proveito dos dominantes. Mas eles pensam de agir no próprio interesse, embora<br />

obedeçam puramente às leis da relação de troca. Não há lugar aqui para nos ocuparmos<br />

especificamente com a superestrutura do capitalismo tardio. Mas seria certamente fecundo para<br />

uma psicologia social materialista ampliar no futuro as teorias de W. Reich, Fromm, Marcuse, etc.<br />

com a conexão fundamental entre abstração da troca e abstração do pensamento, para fortalecer<br />

sua base materialista.[...]<br />

14 - De fato, no grego, por exemplo, a palavra "ousia" tem o sentido de existência e de<br />

propriedade.<br />

15 - A determinação da unidade do mundo pela interdependência de todas as partes é um<br />

conceito teórico: pode portanto jogar o papel no qual nós temos a ver com o "mundo" sómente<br />

como campo do ser e lugar de negócios, teatro dos negócios da troca.<br />

16 - "Portanto se duas mercadorias distintas, por exemplo ouro e prata, servirem simultaneamente<br />

como medidas do valor, então todas as mercadorias possuem duas expressões de preços, preços<br />

em ouro e preços em prata, que correm tranquilamente uns ao lado dos outros, enquanto a<br />

relação de valor da prata ao ouro permanecer invariada, p.ex. 1:15. Cada mudança dessa relação<br />

de valor estorva porém a relação dos preços em ouro e dos preços em prata das mercadorias, e<br />

indica assim na prática, que a duplicação da medida do valor contradiz a sua própria<br />

função."(MARX., K. O capital. L. I, cap.3. MEW, 23, p.111).<br />

17 - "Em contradição direta à rude objetividade sensível dos corpos das mercadorias, nenhum<br />

átomo de matéria natural entre em sua objetivização."(Ibid., p.62) Mais adiante: "O movimento<br />

mediador desaparece em seu próprio resultado e não deixa traço nenhum atrás... Daí a magia do<br />

dinheiro. A atitude puramente atomística dos homens em seu processo social de produção, e<br />

portanto a feição material de suas relações de produção, independente de seus controles e de seu<br />

agir individual consciente, aparecem primeiro no fato que os produtos de seu trabalho em geral

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