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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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deslocar para aquela situação histórica, que pode ter surgido nos tempos<br />

primitivos da cunhagem grega de moedas no Iônio, onde pela primeira vez<br />

o pensamento filosófico tomou forma. Naturalmente não se partiu para este<br />

nascimento da filosofia sem poderoso esforço mental, na base do qual deve<br />

ter-se encontrado uma forte motivação, mesmo se não constritiva: hoje isso<br />

não se deixa mais conhecer, mas em todo caso, adivinhar. Tenho por certo,<br />

que o dinheiro, precisamente em forma de moeda, nessa transformação<br />

jogou o papel mediador imprescindível, porque somente no dinheiro<br />

amoedado a abstração real pode aparecer. Por outro lado, é certo que para<br />

o uso puramente prático do dinheiro conforme com seu uso imediato, como<br />

meio de troca e de pagamento na troca simples de mercadorias, não se<br />

precisa de uma reflexão conceptual sobre sua natureza abstrata. Qual outra<br />

motivação pode ter dado azo à formação de conceito, não deve nos<br />

preocupar por enquanto. De qualquer forma que ela possa ter sido, nós<br />

supomos a motivação como dada, para primeiro determinar uma vez a<br />

natureza do ato da consciência, no qual a transposição da abstração real<br />

em forma conceptual pode ter-se consumado. Somente quando a natureza<br />

do processo mesmo tornou-se aproximadamente clara, pode-se falar em<br />

motivos, pelos quais se deveria pesquisar; só depois se pode julgar<br />

também qual significação se deve atribuir à pesquisa dos motivos para a<br />

tese que está aqui em debate, ou seja a tese de que a formação de<br />

conceitos da filosofia grega - mais em geral: a formação de conceitos de<br />

todo pensamento racional - tem sua raiz formal e histórica na abstração real<br />

da síntese social por meio da troca de mercadorias, ou seja na segunda<br />

natureza.<br />

Devo aqui apelar ao leitor, primeiro para que esqueça todos os eventuais<br />

conhecimentos prévios da filosofia grega ou posterior; em segundo lugar,<br />

que aceite a suposição de uma motivação dada suficiente, para o esforço<br />

mental que lhe é exigido; e, terceiro, para que se contente com a escolha<br />

do exemplo, que decidi aduzir unicamente por razões de simplicidade para<br />

a finalidade de demonstração em questão. Ele deve responder à questão:<br />

como se pode descrever a matéria da qual é feito o dinheiro amoedado,<br />

mais precisamente: da qual ele, a rigor, deveria ser feito. Pois o dinheiro no<br />

curso de sua história foi feito às vezes de ouro, outras de prata ou de cobre<br />

ou então de alguma liga metálica e hoje ainda consiste de uma promessa<br />

em papel de uma quantidade garantida de ouro: ele pode ser considerado<br />

somente como objeto de arbitrariedade e de expediente oportuno. A<br />

multiplicidade das matérias indica já por si, que nenhuma delas pode valer<br />

como aquela essencialmente apropriada para o dinheiro. A verdade é que<br />

nenhum item do "catálogo da população das mercadorias [...], que a seu<br />

tempo tenham jogado o papel de equivalente das mercadorias" (Marx, O<br />

Capital, L.I, cap.1), faz justiça àquela determinação, que pertence<br />

especificamente à matéria monetária: ou seja, à determinação de que ela<br />

não pode ser sujeita a nenhuma alteração física no tempo. Este tempo

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