Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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14.04.2013 Views

movimento. O puro esquema de movimento é a forma de abstração propriamente portadora, gerada através da troca de mercadorias. j. A transformação da abstração real na abstração conceptual Sintetizo toda a parte formal da troca de mercadorias sob a expressão de segunda natureza, a qual deve ser entendida como uma realidade puramente social, abstrata e funcional em contraste com a natureza primeira ou primária, na qual nos encontramos no mesmo terreno com os animais. Nas formas de expressão da segunda natureza como dinheiro, o especificamente humano ganha em nós sua primeira manifestação objectiva, separada e objectivamente real na história. Ela realiza-se pela necessidade de uma socialização no desligamento de todas as formas de atividade do intercâmbio material entre homem e natureza. Estas formas de intercâmbio são elas mesmas parte da primeira natureza. Sobre a base da produção de mercadorias - independentemente de se forem consideradas como atos de produção, uso ou reprodução - elas são todas referidas ao âmbito privado dos possuidores de mercadorias, e os inúmeros campos privados circulam só nas formas da troca de mercadorias umas com as outras por motivos, que no conjunto se enraízam nas esferas privadas. Só o negócio é, como mencionamos acima, o aspecto social da troca, enquanto a consciência dos negociantes é privada e cega perante o caráter sóciosintético de seu negócio. A consciência está repleta daquilo de que o negócio abstrai, e só em virtude de abstratividade sem excepção dos atos de troca de toda empiria, constitui-se o nexo da sociedade inconsciente como um nexo da segunda natureza. O trabalho entra em seu nexo somente traduzido em seu caráter formal, só como abstratamente "humano", porque a segunda natureza é de origem humana, distinguindose na natureza, em contraposição a ela e como fundamento da autoalienação humana, porque totalmente (vazada) nas formas da apropriação privada dos produtos do trabalho, em separação do trabalho que os criou. Sob a expressão da "segunda natureza" eu reuno ambas as coisas: sua realidade espaço-temporal sócio-sintética e a forma ideal de uma potência cognitiva por conceitos abstratos. Pois a determinidade formal da segunda natureza é só uma e pode ser só uma. Mas é exatamente sua duplicidade e a conexão de ambas as partes na unidade desta determinidade formal. Mas para nos aproximar da transposição ou transformação da abstração real na abstração intelectual e em suas dificuldades, queremos primeiro assegurarnos do fato de sua identidade formal essencial; dito com maior precisão, seja concedido ao leitor de se convencer a si mesmo dessa identidade formal, no exemplo de um dos elementos formais da abstração real contida no dinheiro amoedado. Ao mesmo tempo, façamos apelo a um leitor, que não possui nenhuma preparação filosófica, mas contudo está pronto a se

deslocar para aquela situação histórica, que pode ter surgido nos tempos primitivos da cunhagem grega de moedas no Iônio, onde pela primeira vez o pensamento filosófico tomou forma. Naturalmente não se partiu para este nascimento da filosofia sem poderoso esforço mental, na base do qual deve ter-se encontrado uma forte motivação, mesmo se não constritiva: hoje isso não se deixa mais conhecer, mas em todo caso, adivinhar. Tenho por certo, que o dinheiro, precisamente em forma de moeda, nessa transformação jogou o papel mediador imprescindível, porque somente no dinheiro amoedado a abstração real pode aparecer. Por outro lado, é certo que para o uso puramente prático do dinheiro conforme com seu uso imediato, como meio de troca e de pagamento na troca simples de mercadorias, não se precisa de uma reflexão conceptual sobre sua natureza abstrata. Qual outra motivação pode ter dado azo à formação de conceito, não deve nos preocupar por enquanto. De qualquer forma que ela possa ter sido, nós supomos a motivação como dada, para primeiro determinar uma vez a natureza do ato da consciência, no qual a transposição da abstração real em forma conceptual pode ter-se consumado. Somente quando a natureza do processo mesmo tornou-se aproximadamente clara, pode-se falar em motivos, pelos quais se deveria pesquisar; só depois se pode julgar também qual significação se deve atribuir à pesquisa dos motivos para a tese que está aqui em debate, ou seja a tese de que a formação de conceitos da filosofia grega - mais em geral: a formação de conceitos de todo pensamento racional - tem sua raiz formal e histórica na abstração real da síntese social por meio da troca de mercadorias, ou seja na segunda natureza. Devo aqui apelar ao leitor, primeiro para que esqueça todos os eventuais conhecimentos prévios da filosofia grega ou posterior; em segundo lugar, que aceite a suposição de uma motivação dada suficiente, para o esforço mental que lhe é exigido; e, terceiro, para que se contente com a escolha do exemplo, que decidi aduzir unicamente por razões de simplicidade para a finalidade de demonstração em questão. Ele deve responder à questão: como se pode descrever a matéria da qual é feito o dinheiro amoedado, mais precisamente: da qual ele, a rigor, deveria ser feito. Pois o dinheiro no curso de sua história foi feito às vezes de ouro, outras de prata ou de cobre ou então de alguma liga metálica e hoje ainda consiste de uma promessa em papel de uma quantidade garantida de ouro: ele pode ser considerado somente como objeto de arbitrariedade e de expediente oportuno. A multiplicidade das matérias indica já por si, que nenhuma delas pode valer como aquela essencialmente apropriada para o dinheiro. A verdade é que nenhum item do "catálogo da população das mercadorias [...], que a seu tempo tenham jogado o papel de equivalente das mercadorias" (Marx, O Capital, L.I, cap.1), faz justiça àquela determinação, que pertence especificamente à matéria monetária: ou seja, à determinação de que ela não pode ser sujeita a nenhuma alteração física no tempo. Este tempo

movimento. O puro esquema de movimento é a forma de abstração<br />

propriamente portadora, gerada através da troca de mercadorias.<br />

j. A transformação da abstração real na abstração conceptual<br />

Sintetizo toda a parte formal da troca de mercadorias sob a expressão de<br />

segunda natureza, a qual deve ser entendida como uma realidade<br />

puramente social, abstrata e funcional em contraste com a natureza<br />

primeira ou primária, na qual nos encontramos no mesmo terreno com os<br />

animais. Nas formas de expressão da segunda natureza como dinheiro, o<br />

especificamente humano ganha em nós sua primeira manifestação<br />

objectiva, separada e objectivamente real na história. Ela realiza-se pela<br />

necessidade de uma socialização no desligamento de todas as formas de<br />

atividade do intercâmbio material entre homem e natureza. Estas formas de<br />

intercâmbio são elas mesmas parte da primeira natureza. Sobre a base da<br />

produção de mercadorias - independentemente de se forem consideradas<br />

como atos de produção, uso ou reprodução - elas são todas referidas ao<br />

âmbito privado dos possuidores de mercadorias, e os inúmeros campos<br />

privados circulam só nas formas da troca de mercadorias umas com as<br />

outras por motivos, que no conjunto se enraízam nas esferas privadas. Só o<br />

negócio é, como mencionamos acima, o aspecto social da troca, enquanto<br />

a consciência dos negociantes é privada e cega perante o caráter sóciosintético<br />

de seu negócio. A consciência está repleta daquilo de que o<br />

negócio abstrai, e só em virtude de abstratividade sem excepção dos atos<br />

de troca de toda empiria, constitui-se o nexo da sociedade inconsciente<br />

como um nexo da segunda natureza. O trabalho entra em seu nexo<br />

somente traduzido em seu caráter formal, só como abstratamente<br />

"humano", porque a segunda natureza é de origem humana, distinguindose<br />

na natureza, em contraposição a ela e como fundamento da<br />

autoalienação humana, porque totalmente (vazada) nas formas da<br />

apropriação privada dos produtos do trabalho, em separação do trabalho<br />

que os criou.<br />

Sob a expressão da "segunda natureza" eu reuno ambas as coisas: sua<br />

realidade espaço-temporal sócio-sintética e a forma ideal de uma potência<br />

cognitiva por conceitos abstratos. Pois a determinidade formal da segunda<br />

natureza é só uma e pode ser só uma. Mas é exatamente sua duplicidade e<br />

a conexão de ambas as partes na unidade desta determinidade formal. Mas<br />

para nos aproximar da transposição ou transformação da abstração real na<br />

abstração intelectual e em suas dificuldades, queremos primeiro assegurarnos<br />

do fato de sua identidade formal essencial; dito com maior precisão,<br />

seja concedido ao leitor de se convencer a si mesmo dessa identidade<br />

formal, no exemplo de um dos elementos formais da abstração real contida<br />

no dinheiro amoedado. Ao mesmo tempo, façamos apelo a um leitor, que<br />

não possui nenhuma preparação filosófica, mas contudo está pronto a se

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