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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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submete a uma forma conceptual determinada. É a forma da equação<br />

precisa de causa e efeito, formulável matematicamente: destarte o<br />

fenômeno causal insere-se, antes e depois de seu decurso, no postulado<br />

da negação da mudança, se ele se deixar isolar como evento<br />

especificamente delimitado. A negação da transformação seria portanto o<br />

postulado lógico, do qual a relação equacional entre causa e efeito obtém<br />

sua necessidade conceptual. Aqui torna-se visível a raiz de uma nova<br />

concepção de natureza e da transformação natural fortemente diferenciada<br />

do modo de pensar mágico e mitológico. É o conceito de fenômenos, que<br />

não somente acontecem puramente da natureza, sem qualquer intervenção<br />

humana, mas correm contra todos os dispositivos e contra o postulado<br />

social da imutabilidade das mercadorias no mercado. Neles, a natureza<br />

trabalha como uma esfera claramente separada da esfera humana, como<br />

uma potência que está fora de toda comunidade com os homens, a<br />

potência da natureza como mundo puramente objectivo. A ela se refere o<br />

conceito da causalidade estrita como a uma relação de causa e efeito que<br />

se encontra no objeto. Este conceito de natureza é inconfundivelmente<br />

distinto da experiência da natureza do homem no trabalho, na qual, como<br />

diz Marx, o próprio homem opera sobre a força da natureza. Como agente<br />

da relação de mercado, o homem não é menos separado da natureza que a<br />

própria objetividade das mercadorias.<br />

O fato que no conceito de causalidade e em sua forma estrita podem-se<br />

encontrar tão poucos até mínimos sinais de uma tal origem social, como<br />

aliás em qualquer outra "categoria da razão pura", e que neles pelo<br />

contrário o pensamento de uma tal origem aparece como coisa impossível,<br />

isso não constitui nenhuma objecção contra as deduções aqui efectuadas.<br />

Ainda evidenciar-se-á que esta cegueira genética das categorias do<br />

entendimento encontra sua fundamentação em sua origem na reflexão da<br />

abstração da troca. A própria abstração da troca tem em toda sua marcha<br />

um conteúdo formal rigorosamente atemporal, não compatível com a idéia<br />

de uma origem. De características de determinação histórica e geográfica<br />

elas tornam-se tais que admitem somente determinação matemática.<br />

A causalidade (mais claramente: sua determinação formal como<br />

causalidade estrita) assume um lugar de excepção entre as categorias aqui<br />

consideradas. Ela não é parte da abstração da troca, mas uma<br />

consequência, um corolário seu. A ação da troca não admite nenhuma<br />

transformação material dos objetos de troca, quer ela seja julgada conforme<br />

causalidade adequada, quer não. A causalidade estrita não desempenha<br />

nenhuma função socialmente sintética. Só para evitar que se censurasse<br />

sua omissão entre as categorias da "razão pura", foi ela assumida nesta<br />

consideração. De fato, também na ciência matemática da natureza a idéia<br />

da causa nunca ocorre imediatamente para o uso, e sim somente através<br />

do rodeio e por meio da verificação experimental de hipóteses de

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