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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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conexões da lógica da troca. As mercadorias são jogadas no mercado,<br />

arrancadas de suas conexões de origem, arrancadas, por exemplo, das<br />

ordens de comunidades naturais através de comércio pirata. No mercado<br />

elas encontram outras mercadorias de presença semelhantemente casual.<br />

Tal casualidade não precisa predominar, mas ela pode predominar. Se e até<br />

que ponto ela predomina, depende ao fim das contas do grau de<br />

desenvolvimento das forças produtivas materiais. Pressupondo que seus<br />

possuidores têm livre domínio sobre as mercadorias, e que reconhecem tal<br />

domínio reciprocamente, a forma homologa da equação da troca oferece,<br />

com sua completa abstração, os termos de uma "língua das mercadorias",<br />

como diz Marx, a qual com a devida ampliação do mercado possibilita uma<br />

conexão existencial de homens como de puros possessores de<br />

mercadorias, mesmo que todas as ordens distintas entre os homens sejam<br />

dilaceradas - e pela ampliação do mercado de fato devem ser dilaceradas.<br />

A rede que produz as formas da abstração da troca (ou seja a lógica da<br />

"forma valor") no mercado das mercadorias, possui a necessária<br />

funcionalidade,24 para forçar a conexão formal interdependente do<br />

mercado sobre a base da existência das mercadorias, portanto da produção<br />

e consumo de mercadorias. Este ordenamento e seu caráter de<br />

necessidade econômica não têm, em última instância, nada mais solto<br />

como raiz senão a unidade de ser das coisas, que pelas consequências da<br />

trocabilidade das mercadorias força os homens, a encaixar-se na unidade<br />

do mesmo mundo sem compreender-se uns aos outros. Seu existir não se<br />

regula em absoluto senão de acordo com as leis de uma sociedade.<br />

f. Substância e acidência<br />

Foi exposto acima, que as formas da abstração da troca se prendem ao ato<br />

do processo de troca e possuem seu caráter regulatório. Como é que se<br />

determina agora este mesmo processo de troca, portanto o ato da entrega<br />

de posse das mercadorias entre seus agentes privados? Ou então, para<br />

premitir uma outra questão: como se determinam os próprios objetos da<br />

troca no ato da entrega da posse? Eles não podem ser expostos a<br />

nenhuma mudança física, portanto têm a determinação de absoluta<br />

constância material, é bem verdade que como postulado - respectivamente<br />

como ficção, mas ficção socialmente necessária. No ato da entrega da<br />

posse eles não são objetos de atos de uso, e isso não se constitui uma<br />

simples negação, mas como negação posta afirmativamente. Ou seja,<br />

como objetos de troca, para dizê-lo com maior precisão, eles não somente<br />

não têm nenhuma qualidade de uso, mas são muito mais positivamente<br />

desprovidos de qualidade. Por outro lado, eles só são trocados, para ser<br />

utilizados após a conclusão dos atos da troca. Suas qualidades como<br />

objetos de uso aderem portanto essencialmente a eles, enquanto eles são<br />

trocados em constância material, mas desprovida de qualidade. A<br />

característica pertinaz sem qualidade é aquilo, que a realidade lhes confere

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