Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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civilizações orientais antigas e no feudalismo.23 Por outro lado, a troca não<br />
produz seus objetos, mas pressupõe a produção e o trabalho. Não se pode<br />
em geral trocar mais do que aquilo que se produz. A soma de todos os<br />
preços (preços de apropriação) deve ser essencialmente igual a todos os<br />
valores (valores trabalho), e também dentro desta equação global a relação<br />
entre apropriação e produção pertence à necessidade econômica causal e<br />
automática. Mas a forma valor das mercadorias, ou seja a abstração das<br />
mercadorias, não está em nenhuma conexão com o trabalho necessário<br />
para a produção das mercadorias. Não conexão, e sim separação<br />
caracteriza esta relação. Em outras palavras, a abstração das mercadorias<br />
é abstração da troca, não abstração do trabalho. A abstração do trabalho,<br />
que se encontra na produção capitalista das mercadorias, tem - como<br />
veremos mais adiante, na parte 3 deste escrito - tem seu lugar no processo<br />
de produção, não no processo de troca.<br />
A economia das robinsonadas da teoria subjectiva do valor não tem olhos<br />
para o postulado da equivalência. Nesta disciplina teórica o aspecto social<br />
da troca, sua característica como forma social de relacionamento e portador<br />
da síntese social, é conceitualmente extinto. Que essa extinção, falando<br />
sistematicamente, seja errônea, aparece do fato que a teoria subjectiva do<br />
valor não pode dar conta nenhuma da quantificação dos valores, aos quais<br />
ela se refere, ou seja a determinação de valores numéricos para as<br />
mercadorias, respectivamente os "bens"; a quantificação nessa teoria<br />
alcança algo só pelo caminho da captação lógica. Mas a consequência<br />
metodológica é a criação da assim chamada "economia pura", que depois<br />
por sua vez deu azo à criação metodológica de uma ciência da sociedade<br />
separada da economia. Esta separação daqueles que se pertencem<br />
reciprocamente, que é aproximadamente tão velha quanto o capitalismo<br />
monopolista, leva a que ambas as disciplinas - a "economia pura" e a<br />
sociologia empírica - perdem o contacto com o processo histórico; pois o<br />
processo histórico é dominado pela pertença recíproca de economia e<br />
socialização. Isso não exclui análises penetrantes de fenômenos<br />
individuais. Mas sobre o terreno dessa separação não se podem alcançar<br />
as categorias sem as quais a conexão dos fenômenos individuais no<br />
processo histórico (respectivamente com o processo histórico) não se torna<br />
compreensível. Sobre aquilo que acontece propriamente com a sociedade<br />
desde o começo do capitalismo monopolista, não se pode esperar<br />
esclarecimento nem da "economia pura" nem da sociologia empírica; e isso<br />
não só por causa da falta de interesse por um tal esclarecimento por parte<br />
da maioria dos economistas e sociólogos, mas mesmo com base na<br />
impossibilidade metodológica de sua disciplina.<br />
O papel do postulado da equivalência para a síntese social pela troca de<br />
mercadorias é tão evidente, que não precisa ser sublinhado. A equação da<br />
troca serve à realidade casual, puramente contingente do acontecer nas