Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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14.04.2013 Views

Os negócios operam uma socialização, da qual os negociadores nada sabem no instante em que ela acontece. Apesar disso, a troca de mercadorias é um relacionamento, no qual os atores mantêm seus olhos bem abertos, um relacionamento no qual a natureza fica parada, portanto um relacionamento em que absolutamente nada não humano se imiscui, um relacionamento, enfim, que se reduz a um puro formalismo, um formalismo de "pura" abstração, mas de realidade espaço - temporal. Esse formalismo assume feição especial concreta no dinheiro. O dinheiro é coisa abstrata, um paradoxo em si, e tal coisa exerce sua ação social sintética sem nenhum entendimento humano daquilo que ele é. Apesar disso, o sentido do dinheiro não é acessível a nenhum animal, mas somente a homens. Temos agora que descrever ulteriormente este formalismo.17 d. Quantidade abstrata De fato, na geração deste formalismo jogam dois processos de abstração um dentro do outro. O primeiro é a abstração, que está na base de toda transação mercantil na forma de seu isolamento e separação temporal dos atos de uso. O segundo se joga dentro da transação na feição da segregação da forma de trocabilidade das mercadorias e é efeito do solipsismo privativo recíproco dos indivíduos que trocam. Esta segunda abstração prende-se à execução do ato da troca. A separação da forma de trocabilidade é com isso imediatamente conectada à equação da troca. A equação da troca, como nivelamento das correspondências de mercadorias pelo processo de troca, é um postulado imanente à troca em sua propriedade de forma de relacionamento social entre os homens. Não é subjectivamente que valem como equivalentes as colocações de mercadorias trocadas para os possuidores de mercadorias que efectuam trocas, e sim objectivamente entre eles. A equação encontra-se implícita no reconhecimento recíproco da transação como "troca", ou seja como uma mudança de posse, a qual deixa imutada a situação de propriedade de cada um. Eu falo de situação de propriedade em vez de direito de propriedade, para com isso deixar claro, que a forma jurídica da relação não traz nada para sua explicação. A formulação jurídica supõe a equação da troca, não ao contrário. Repito: a equação da troca é postulado relacional da troca como movimento social. O postulado é de origem social e tem valor puramente objectivo, social. As mercadorias não são iguais, a troca põe-nas iguais. Esta colocação executa uma abstração ulterior, a abstração das quantidades de mercadorias que estão à disposição para a troca em quantidades abstratas exclusivamente como tais. As mercadorias são trazidas ao mercado em quantidades determinadas de acordo com o uso, conforme seu peso ou número de peças ou unidades quantitativas, em volumes, grandezas, etc. A equação da troca apaga estas determinações quantitativas que pertencem

ao valor de uso e não são equiparáveis entre umas às outras. Ela substitui estas quantidades mencionadas por uma não mencionada, que nada mais é senão pura quantidade, independentemente de qualquer tipo de qualidade. Esta quantidade em si ou em abstrato é de natureza relacional tal como a equação da troca, da qual ela surge, e prende-se também tal como a equação da troca ao ato da execução da troca. Se a execução da troca não chega a realizar-se, é pelo fato de que entre as duas colocações domina um "demais ou maior" (>) ou um "de menos ou menor" (

ao valor de uso e não são equiparáveis entre umas às outras. Ela substitui<br />

estas quantidades mencionadas por uma não mencionada, que nada mais<br />

é senão pura quantidade, independentemente de qualquer tipo de<br />

qualidade. Esta quantidade em si ou em abstrato é de natureza relacional<br />

tal como a equação da troca, da qual ela surge, e prende-se também tal<br />

como a equação da troca ao ato da execução da troca. Se a execução da<br />

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domina um "demais ou maior" (>) ou um "de menos ou menor" (

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