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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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lógica da relação. Esse princípio abarca qualquer particularidade na medida<br />

em que ela ganhe relevância para a transação. Ele opera também a relação<br />

de cada contraente aos objetos envolvidos na troca. Que seu interesse nos<br />

mesmos seja seu interesse e não dos outros, sua representação também<br />

seja a sua, que as necessidades, sensações, pensamentos, que estão em<br />

jogo, sejam polarizados sobre aquilo a que se referem, isso é o que conta,<br />

enquanto os conteúdos tornam-se realidades monadológicas ou<br />

solipsísticamente incomparáveis para os parceiros da troca uns perante os<br />

outros. O solipsismo, de acordo com o qual entre todos cada um por si é o<br />

único (solus ipse) que existe e consequentemente mais adiante todos os<br />

dados, enquanto possuírem objetividade, são seus dados privados, 12 - o<br />

solipsismo é a descrição exacta do ponto de vista sobre o qual os<br />

interessados estão uns perante os outros na troca. Mais precisamente, sua<br />

relação recíproca objectiva na troca é solipsismo prático, não importa o que<br />

pensem eles mesmos sobre si e seu comportamento.13 Expressado na<br />

conceitualização dos economistas, os possuidores de mercadorias<br />

encontram-se reciprocamente na troca exatamente como se cada um fosse<br />

um Robinson em sua ilha privada de propriedade, ou seja de tal forma que<br />

as mudanças no estado da propriedade, das quais eles tratam, deixem<br />

inalterados seus campos de propriedade. A isso providencia a<br />

reciprocidade, que manda pesar cada mudança por uma outra. A<br />

reciprocidade não é algo que compense pela exclusão de uma propriedade<br />

através de princípio contraposto, e sim ela - ao contrário - universaliza-o.<br />

Como os contraentes se reconhecem reciprocamente como possuidores<br />

privados, aquela exclusão da propriedade, que ocorre em uma direcção, é<br />

correspondida por uma igual na outra direcção. O fundamento para a<br />

reciprocidade é mesmo a exclusão privada de propriedade em vigor entre<br />

os proprietários, a qual permanece intocada pela transação como "troca". O<br />

que a aquiescência à troca traz à expressão é o reconhecimento que a<br />

mudança de propriedade negociada deixa inalterados os campos de<br />

propriedade que se encontram um perante o outro. Com isso, a troca de<br />

mercadorias é articulada como uma forma de relacionamento social entre<br />

campos não misturáveis e separados de propriedade.<br />

Expressa laconicamente o quanto possível - esta é uma descrição da<br />

recíproca relação de proprietários de mercadorias na troca, descrição que<br />

temos como exacta na medida em que ela se dispõe a qualquer<br />

aprofundamento na casuística quase infinita desse campo, que se poderia<br />

empreender, mas da qual poupamos aqui o leitor. Em outras palavras, esta<br />

descrição dá o estado objectivo do relacionamento que ocorre na troca<br />

entre possuidores de mercadorias. Que seja necessária uma análise mais<br />

circunstanciada, para trazer à luz este estado de coisas, pois ele nos<br />

circunda diariamente, isso se explica pela mesma lógica pela qual o cheiro<br />

do ar que respiramos se tornou imperceptível a nós. A circulação<br />

costumeira das mercadorias entrou tanto na rotina de seus trilhos

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