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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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foi mencionado acima. A separação entre trabalho da cabeça e das mãos -<br />

especificamente, sobretudo a propósito à ciência da natureza e à tecnologia<br />

- tem significação igualmente imprescindível para a dominação burguesa de<br />

classe, quanto a propriedade privada dos meios de produção. Do<br />

desenvolvimento de certos dos atuais países socialistas pode-se ler hoje a<br />

verdade, de que se pode desfazer a propriedade capitalista e no entanto a<br />

oposição de classes não se dissolve. Entre a oposição de classes de capital<br />

e trabalho, por um lado, e a separação de trabalho de cabeça e mãos, por<br />

outro lado, subsiste um nexo com raízes profundas. Mas o nexo é só causal<br />

e histórico. Conceitualmente eles são totalmente disparatados, ou seja<br />

entre eles não há (quer no todo, quer nos pormenores) nenhuma ligações<br />

transversais, que permitam deduzir um do outro. Por isso se deve<br />

empreender a crítica da teoria do conhecimento em independência<br />

completa sistemática da crítica da economia política.<br />

A questão inicial poderia naturalmente ser formulada de forma mais<br />

simples: como é possível a socialização através da troca de mercadorias?<br />

O uso da palavra "síntese" oferece porém três vantagens. Primeiro, podese<br />

falar facilmente de funções socialmente sintéticas da troca mercantil.<br />

Segundo, a expressão "sociedade sintética" coloca a produção de<br />

mercadorias em contraposição à ordem natural de comunidades originais<br />

comunistas ou, de qualquer modo, primitivas de modo correspondente -<br />

assim como se fala em borracha sintética em comparação com o caucho<br />

como produto natural. De fato, na objetividade-valor das mercadorias (da<br />

qual depende o efeito socializador da troca) não entra "nenhum átomo de<br />

matéria natural". A socialização, aqui, é puro feito humano, separado da<br />

relação material do homem com a natureza, e há boa base para suspeitar,<br />

que aqui está afinal escondida também a condição transcendental histórica<br />

da possibilidade de toda a atual produção sintética. Eu uso, portanto, a<br />

expressão "sociedade sintética" em um sentido diferente e com outra<br />

abrangência conceptual que a expressão "síntese social". A primeira referese<br />

ao a sociedades mercantis, a última se emprega como condição comum<br />

do modo de existência humano, sem restrição histórica. Neste último<br />

sentido, a expressão consegue seu terceira significação, ou seja a de um<br />

aguilhão polêmico de meu questionamento contra a hipostatização kantiana<br />

de uma síntese a priori da espontaneidade do espírito, paga portanto com a<br />

mesma moeda o idealismo transcendental.<br />

Nenhum dos três sentidos da síntese é indispensável para os fins desta<br />

pesquisa. A derivação da razão pura da abstração da troca pode-se expor<br />

também sem todos os empréstimos anti-idealistas. Mas a referência<br />

polêmica oferece a vantagem que com isso o caráter essencialmente crítico<br />

do método marxiano mantém seu tom devido. E isso perante a atual<br />

dogmatização do marxismo fundada em autoridade não é vantagem<br />

desprezível. Só pela revitalização de sua essência crítica o marxismo pode

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