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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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mistério escondido sob as movimentações aparentes dos valores relativos<br />

das mercadorias." (Ibid., p.89). Enquanto o trabalho na produção das<br />

mercadorias se realiza na forma de trabalhos privados levados adiante<br />

independentemente, a funcionalidade da sociedade incônscia depende da<br />

comensuração do trabalho objetivado segundo normas da macroeconomia.<br />

Só quando esta forma básica do trabalho que produz mercadorias é<br />

substituída por uma outra forma, só então entra em jogo também outra<br />

forma de economia, independentemente de se os homens se tornam<br />

conscientes disso ou não. Na terceira parte deste escrito voltaremos a esta<br />

observação.<br />

Deve-se atribuir importância ao fato de que, como aqui a determinação da<br />

grandeza do valor das mercadorias é apresentada por Marx como resultado<br />

de uma causalidade puramente funcional que opera cegamente, também a<br />

constituição da forma valor mostra-se como um processo real no tempo e<br />

no espaço, puramente funcional e igualmente inconsciente. E eu sustento a<br />

necessidade de que minha dedução faça justiça a essa exigência. A<br />

determinação formal abstrata do ato da troca surge através de uma<br />

impossibilidade causal de se chegar a um contrato de troca, se fosse<br />

necessário supor que os objetos da troca durante as negociações e na<br />

transferência de posse se encontram em processo de mudança física.<br />

Somente se o estado social das mercadorias - ou seja a questão de sua<br />

posse - se puder separar claramente de seu estado físico e de seu uso, só<br />

então a troca de mercadorias pode funcionar como instituição social regular<br />

e uma transação pode referir-se a uma outra. Que isso confira um caráter<br />

abstrato às ações de troca, não pertence à finalidade da separação e de<br />

sua institucionalização jurídica; mas ela é sua consequência inevitável,<br />

sobretudo quando as transações se realizam na prática e sua execução se<br />

torna fato. A execução do ato da troca coloca em vigor a abstração,<br />

prescindindo totalmente da consciência que os atores das trocas possam<br />

ter desse efeito. Independentemente de quais traços dessa abstração se<br />

possam encontrar no pensamento dos homens, deve valer como certo que<br />

a abstração real da troca social se encontra em sua base como fonte<br />

primária.<br />

O que se deve estabelecer na análise da forma a seguir, são os critérios<br />

pelos quais se possa decidir quais dentre as abstrações que vivem na<br />

consciência remontam à abstração real da troca e quais não. A partir do fato<br />

de que, no processo de troca, o fazer e o pensar por parte de quem troca<br />

se separam, uma verificação imediata da interrelação é impossível. Os<br />

homens não sabem de onde as formas de seu pensamento provêm e como<br />

eles possam ter chegado à posse de tais formas. Seu pensamento está<br />

cortado de sua base. Mas mesmo com uma identificação formal da<br />

abstração de pensamento e da abstração real, não se assegura ainda uma<br />

clara explicação da origem da primeira a partir da segunda. Exatamente por

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