14.04.2013 Views

Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

deles, uma objetividade de valor socialmente igual." (O Capital. L. I, p.87<br />

[da ed. alemã Dietz]). "A ação social de todas as outras mercadorias exclui<br />

portanto uma mercadoria determinada, na qual elas representam seus<br />

valores universalmente. [...] Ser equivalente geral torna-se pelo processo<br />

social função social específica da mercadoria excluída. Assim ela se torna -<br />

dinheiro." (Ibid., p.101) "O processo de troca dá às mercadorias, que ele<br />

transforma em dinheiro, não seu valor, e sim a forma específica de<br />

valor." (Ibid., p.105) "A necessidade de representar externamente esta<br />

oposição entre valor de uso e valor para a troca, impele a uma forma<br />

autônoma do valor das mercadorias e não repousa nem descansa, até que<br />

ela está definitivamente alcançada pela duplicação da mercadoria em<br />

mercadoria e dinheiro." (Ibid., 102) "O cristal do dinheiro é um produto<br />

necessário do processo de troca, no qual diferentes produtos do trabalho<br />

são colocados como realmente equivalentes uns aos outros e portanto de<br />

fato são transformados em mercadorias." (Ibid., p.101) "A graça da<br />

sociedade burguesa está exatamente em que a priori não há nenhuma<br />

regulação consciente, social da produção. O que é razoável e necessário<br />

impõe-se somente como média que atua cegamente." (Carta a Kugelmann<br />

de 11 de julho de 1868) Isso caracteriza com bastante clareza o processo<br />

de constituição da economia sobre base capitalista como causalidade<br />

inconsciente de ações humanas, das ações na troca de mercadorias.<br />

Mas o discurso sobre a falta de consciência do processo não nega<br />

naturalmente a consciência individual dos possuidores de mercadoria. Eles<br />

são e permanecem os atores no jogo. "As mercadorias não podem ir por si<br />

mesmas ao mercado, nem podem trocar-se entre si mesmas. Devemos<br />

portanto procurar seus guardas, os proprietários."(O Capital, L. I, p.99 [ed.<br />

alemã cit.]) Os proprietários de mercadorias na troca estão bem atentos à<br />

coisa, ansiosos que nada lhes escape. Mas de onde tomam eles os<br />

conceitos, que estão à disposição deles? Não os tomam do tesouro de sua<br />

própria consciência; mesmo tendo-a, no meio da anarquia de uma<br />

sociedade de mercadorias, de nada ela lhes serviria para a obtenção até<br />

mesmo da necessidade mais premente. Sobretudo eles não sabem<br />

sobretudo por si, como eles devem comportar-se aqui, eles devem deixar<br />

que as mercadorias lhes digam. Devem prestar atenção aos preços das<br />

mercadorias, compará-los com outros, perseguir suas oscilações.<br />

Primeiramente com esta linguagem das mercadorias na consciência os<br />

possuidores de mercadorias tornam-se seres racionais, que dominam seu<br />

agir e conseguem o que querem. Sem esta linguagem os homens estariam<br />

perdidos em sua própria sociedade mercantil como em uma selva<br />

enfeitiçada. Esta transferência da consciência humana às mercadorias e o<br />

equipamento do cérebro humano com conceitos mercantis, estas "relações<br />

humanas das coisas e relações materiais dos homens" são aquilo que Marx<br />

denomina de coisificação (reificação). Aqui não são os produtos que<br />

obedecem aos seus produtores, e sim ao contrário, os produtores agem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!