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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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conceptual e a formação do juízo dos clientes, portanto permanece restrita<br />

ao puro valor do conhecimento e é separada com absoluta precisão da<br />

práxis do próprio uso, mesmo que os dois sejam empiricamente de todo<br />

indistinguíveis reciprocamente. A praxis do uso é banida da esfera pública<br />

do mercado e pertence exclusivamente à esfera privada dos possuidores<br />

de mercadorias. No mercado o uso das coisas permanece "pura<br />

demonstração" para os interessados. Com a formação da essência do<br />

mercado, a imaginação dos homens separa-se do fazer e individualiza-se<br />

mais e mais como consciência privada. Esse fenômeno toma sua origem<br />

exatamente não da esfera privada do "uso", e sim daquela pública do<br />

mercado.<br />

Portanto, não é a consciência dos atores mercantis que é abstrata. Só seu<br />

negócio o é. Ambos são necessários: a abstração do negócio e a falta de<br />

abstração na consciência que o acompanha; por isso os agentes mercantis<br />

não se conscientizam da abstração de sua ação. A abstração subtrai-se à<br />

consciência deles. Com isso, a falta de consciência dos homens perante a<br />

abstração de suas relações de troca não é nem fundamento nem condição<br />

para esta abstração.<br />

Já esta pura fenomenologia da abstração da troca sugere que o sentido<br />

nela utilizado da palavra "abstrato" corresponde formalmente com seu uso<br />

na teoria do conhecimento. Denominamos "abstrato" aquilo que não é<br />

empírico, e o uso que se exclui da ação de troca corresponde com o<br />

conceito da empiria dentro de seus limites práticos, no âmbito de<br />

representação que lhe pertence. O que ultrapassa esses limites (ou seja<br />

propriedades das mercadorias irrelevantes para seu uso) subtrai-se à<br />

empiria do uso, mas com isso não se acrescenta nada à ação da troca.<br />

Esta é abstrata no sentido do não empírico, independentemente de quanto<br />

ampla ou estreitamente se estenderam os limites do uso das mercadorias<br />

nas várias épocas. Aliás o que está em questão aqui em ambos os campos<br />

(no da abstração da troca e no da teoria do conhecimento) é a<br />

homogeneidade da abstração.<br />

Aqui deve ser apontada outra ulterior contradição da abstração mercadoria<br />

(respectivamente: da troca). A ação da troca exige prescindir por completo<br />

do uso (e das propriedades empíricas dos objetos trocados). Ela exerce<br />

assim a negação radical da realidade física do uso. Apesar disso, ela<br />

mesma é contudo uma ação física: ela arranca a mercadoria trocada da<br />

propriedade do vendedor e a desloca para a propriedade do comprador e<br />

movimenta o dinheiro do pagamento na direção oposta. Eu denomino isso<br />

de fisicalidade da ação de troca 7. Evidentemente, a ação da troca devese<br />

distinguir do transporte, o qual - por difícil e complicado que seja - tem só<br />

que providenciar que sua carga chegue intacta ao cliente.

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