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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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consciência tradicional. - Porque, porém, esta substituição da magia pelo<br />

pensamento racional se tornou socialmente necessária? porque é que a<br />

ineficiência da magia se pode descobrir exatamente com a mediação da<br />

troca? porque é que na produção do valor de troca se chega à efectividade<br />

do produzir, em contraste com a produção primária de valores de uso? Em<br />

virtude do valor? Porque o trabalho humano se tornou medível, trocável,<br />

valorizável, valor? O que é que a verdade tem a ver com a efectividade?<br />

Magia é originalmente prática imediata da mímese e como tal<br />

absolutamente efectiva de produção. Ela torna-se inefectiva com a<br />

separação da magia da produção como rito, com sua autonomização, na<br />

qual a magia é meio de domínio aristocrático. É portanto no interesse da<br />

classe oposta de combater a magia.<br />

O nobre afirma de realizar a justiça (d i k h ) por sua sentença e sobretudo<br />

em sua existência. O demos (d h m o V ) contesta isso e exige a instalação<br />

de sua justiça contra o nobre que dela abusa. O povo experimente a função<br />

do direito do nobre como não efectivo no sentido do povo, portanto não no<br />

efectivo sentido do direito, e exige efectividade da função do direito. Como<br />

o povo apela ao direito, assim a crítica racional da magia apela ao sentido<br />

próprio da efectividade da magia. A inefectividade da magia pode-se<br />

descobrir enquanto, por exemplo, apesar de toda a execução dos ritos o<br />

direito não se observa, funcionários rituais têm sucesso com a injustiça, o<br />

povo empobrece apesar de sua fé na magia ou até se expropria. Por outro<br />

lado, a reprodução da consciência magico-religiosa pelo povo torna-se<br />

possível exatamente pelo fato de que ele pode se impor contra o nobre,<br />

realiza seu direito efectivo e ele mesmo aproveita as funções rituais.<br />

Contudo, as funções rituais não se mostram capazes de conduzir sozinhas<br />

a sociedade, e são criticáveis como inefectivas e não verdadeiras.<br />

Para afirmar-se contra o nobre, teria porém sido possível para o povo (em<br />

vez de criticar a magia em seu todo) encenar a contra-magia, e de fato o<br />

povo apela em seu estabelecimento contra o nobre não raro ao oráculo<br />

mágico, para legitimar seu próprio desligamento das antigas formas<br />

mágicas sociais.<br />

A troca medeia as relações dos homens com a natureza, separa-as<br />

daquelas com a sociedade, é sociabilidade como puro meio da relação com<br />

a natureza, da apropriação do valor de uso para consumo não social.<br />

Que caracter assume a relação com a natureza, aceita seu sujeito e seu<br />

objeto, se essa relação é mediada pela troca? Como a abstratatividade da<br />

troca determina a relação, cujo momento ela constitui? Como aparece ao<br />

sujeito o objeto, como aparece ele a si mesmo? Como se constitui pela<br />

troca o sujeito como tal, e que papel joga nisso a abstração da troca?

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