Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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elação de conhecimento da razão teorética porém, a síntese funcional<br />
concreta da exploração constitui a norma da "natureza" e deve, do ponto de<br />
vista da subjetividade, aparecer como síntese da produção e consumo.<br />
Essa aparência torna-se necessária pela constituição cega da subjetividade<br />
contrariamente à sua gênese, e torna inevitável a fetichização da razão e<br />
de seu conceito de verdade. Pois é primeiro nessa interpretação da falsa<br />
síntese como verdadeira que o conceito de verdade adquire sua<br />
significação metafísica e as categorias sintéticas da exploração obtêm o<br />
sentido de encobrir a exploração e de simular de ser essencialidades que<br />
elas não são. Destarte, porém, entram na filosofia as contradições, que<br />
determinam realmente a dialética entre apropriação e produção da<br />
socialização efetiva, xxxix para reflexo ideológico, contudo na forma de<br />
antinomias sem saída, as quais parecem ser absolutamente próprias "do<br />
homem", "do mundo", "do conhecimento", ou "da razão", etc..<br />
No desenvolvimento europeu ocorre, em comparação com o antigo, algo<br />
novo, ou seja que a razão passa dos exploradores aos explorados, primeiro<br />
à burguesia, que se emancipa da exploração feudal, baseada no domínio<br />
da terra - com mudança correspondente da constituição lógica da razão - e<br />
em seguida, no capitalismo, também ao proletariado. O trabalhador<br />
assalariado no capitalismo é trabalhador explorado mas contudo possuidor<br />
de dinheiro, parceiro das trocas de seu explorador, vendedor da sua força<br />
de trabalho, portanto tanto "sujeito". No proletariado, portanto, a razão<br />
ganha historicamente o ponto de vista dirigido, fundamentalmente contra a<br />
exploração, o materialista.<br />
O materialismo é, tanto quanto o idealismo, ponto de vista classista da<br />
razão; mas enquanto a temática do idealismo é a fetichização da<br />
exploração, a temática da razão materialista é a critica da exploração.<br />
Inclinamo-nos a definir o conhecimento materialista conforme seu tema<br />
como a critica racional da exploração. O campo de seu método critico<br />
parece-nos restringir-se à história da exploração, respectivamente à história<br />
do surgimento do proletariado. Só para a história da exploração as<br />
categorias da actualidade do interesse classista proletário têm valor de<br />
conhecimento legítimo. O caracter crítico-racional do método materialista<br />
repousa sobre o facto que nele a critica racional se aplica à própria razão, a<br />
seu surgimento e ao ponto de vista da subjectividade. Com isso, a razão se<br />
realiza, enquanto ele se amplia de meio para transformar o alheio em<br />
negócio próprio do homem, amplia-se e passa a ser meio a origem da<br />
alienação e tornar a superação da alienação negócio do homem. A<br />
aplicação do método materialista torna necessária a acima mencionada<br />
critica das categorias e do ponto de vista da razão burguesa, presa na<br />
alienação, pela análise da reificação. Dessa análise o método materialista<br />
ganha simultaneamente as hipóteses críticas para sua pesquisa empírica.