Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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A determinação lógica desse conhecimento, sua "estrutura categorial", é a<br />
conexão sintética da sociedade da troca mercantil traduzida em "lógica",<br />
enquanto ela (de acordo com suas funções, portanto funções da<br />
apropriação) deve desencadear a produção das mercadorias. A "tradução"<br />
da conexão social mediadora da produção em lógica ocorre em força da<br />
identificação do explorador com a função do dinheiro, na gênese da própria<br />
subjetividade. As categorias lógicas do conhecimento teorético da natureza<br />
podem-se deduzir através de uma análise econômica precisa da conexão<br />
social vigente da produção de mercadorias.xxxv<br />
O materialismo liquida a teoria idealista do conhecimento através da análise<br />
da reificação e refuta a afirmação da síntese transcendental pela prova da<br />
deductibibidade das "categorias" a partir do ser social. A síntese constitutiva<br />
é o processo de reificação da exploração em forma do processo concreto<br />
de socialização dos homens gerado pela exploração. A conexão sistêmica<br />
do pensamento racional é a conexão reflexa do sistema da reificação, tão<br />
logo esta (com o surgimento da forma dinheiro do valor das mercadorias)<br />
se tornou conexão mediadora da produção mercantil fechada em si, ou seja<br />
da exploração por pura troca.<br />
Na subjetividade ocorre a identificação do explorador com a autoria humana<br />
da exploração. Mas ela ocorre como resultado da reificação realizada essa<br />
autoria. A autoidentificação do homem como sujeito, a descoberta do<br />
homem, realiza-se como humanização do reificado.xxxvi O membro, no<br />
qual a reificação se encerra, opera a identificação do homem consigo e de<br />
sua autodeterminação como sujeito humano. Esse "ser sujeito" é o homem<br />
mesmo nos caracteres formais da reificação, na identidade como unidade<br />
de si mesmo no pensamento, na forma-coisa de seu corpo e no ser-aí<br />
como pessoa autônoma individual (apesar de uma divisão do trabalho, na<br />
qual o indivíduo perdeu toda autonomia). É por isso que o encobrimento de<br />
sua própria origem e ser histórico se tornou opaco. O selo dessa relação<br />
constitutiva de encobrimento, que ela é, é o conceito de verdade da<br />
subjetividade. O conceito de verdade é próprio somente ao pensamento<br />
racional que reflecte sobre os fundamentos de si mesmo e as origens do<br />
objeto, e é o conceito do fundamento baseado em si mesmo e idêntico com<br />
o ser. A constituição da questão da verdade como expressão da<br />
constituição do encobrimento do homem como sujeito teorético encontrou<br />
sua formulação mitológica na imagem do quadro da deusa encontrado em<br />
Sais coberto de um véu. Essa imagem encontra sua significação pela<br />
interpretação de que não é o descobrimento da verdade que mata os<br />
homens, e sim, melhor, que o mundo, do qual vem o homem com a questão<br />
de verdade perante a deusa, é um mundo de morte para o homem.<br />
A luz da razão se desfaz com o obscurecimento do próprio ser para os<br />
homens. Ela surge como o meio social indispensável, xxxvii para organizar a<br />
produção segundo as condições da plena alienação. Quando a produção