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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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como relação das mercadorias entre si, enquanto uma delas, o ouro, tornase<br />

representante exclusivo do valor, que todos os produtos dos produtores<br />

explorados contem, mas que se realiza porém só pelo ato da apropriação,<br />

pelo qual ele chega às mãos do explorador. O dinheiro é forma de reflexão<br />

da apropriação e exige a partir disso a identificação de seu possuidor com<br />

ele mesmo. Esse possuidor entre os Antigos, tal como o capitalista do<br />

Ocidente, é só o explorador; pois o dinheiro é na antiguidade o instrumento<br />

funcional da exploração, o meio de apropriação de escravos. Nossa<br />

afirmação é que essa identificação do possuidor do dinheiro com a função<br />

do dinheiro, sobre a base única daquilo que o dinheiro é, é o ato de origem<br />

da subjetividade teórica. Na incompletude de nossa análise do dinheiro e de<br />

sua gênese histórica, essa construção genética da subjetividade é contudo<br />

aqui possível só em forma de acenos em seus traços mais gerais.<br />

O dinheiro é a forma de reflexão dialética e o portador concreto da<br />

apropriação em sua generalidade abstrata. Para o dinheiro não se deve<br />

olhar quem se serviu dele como meio de apropriação, nem o que foi com<br />

ele adquirido. Como ele pode comprar todas as mercadorias, pode trocar<br />

todas as mãos e é nisso que ele comprova sua identidade. No dinheiro<br />

todas as mercadorias se podem trocar e todos os possuidores podem se<br />

revezar. Além disso, como vimos, no polo oposto aos possuidores do<br />

dinheiro, os produtores explorados de mercadorias que valem dinheiro são<br />

intercambiáveis quer entre si, quer entre os possuidores de dinheiro.<br />

Enquanto o possuidor de dinheiro se identifica com a função de seu<br />

dinheiro, consequentemente ele se identifica com todos os possíveis<br />

possuidores de dinheiro. Essa identificação dos possuidores de dinheiro<br />

como sujeito simples e comum, portanto geral, da ação de apropriação<br />

reificada e funcionalizada refere-se à identidade da função do dinheiro em<br />

todas as peças de moeda e do dinheiro em qualquer mão; ela concerne o<br />

dinheiro enquanto a validade do ouro como dinheiro está vinculada à<br />

unidade idêntica da função do dinheiro em geral. A identidade de todos os<br />

sujeitos na subjetividade uniforme e comum refere-se à pura validade da<br />

função do dinheiro, que não é nenhuma propriedade do ouro, e sim a<br />

propriedade da função do ouro (ou de um pedaço de papel) como dinheiro,<br />

portanto algo totalmente imaterial. - Por outro lado, esta função do dinheiro<br />

realiza-se só na peça individual de ouro, cuja matéria decide sobre se ele<br />

paga ou não paga, se está lá ou não está lá, se é praticamente possível ou<br />

não comprar mercadoria. A matéria da peça de ouro, o ouro ou o papel da<br />

nota, só serve para a materialização de sua função e lhe dá realidade, a<br />

qual é indispensável para relacionar-se a outra mercadoria real. A matéria<br />

do dinheiro é o critério do puro ser-aí da função de compra e mede<br />

quantitativamente o ser-aí de outra mercadoria material.xxxiii Mas esta<br />

matéria, que aparece aqui como sinal e medida da realidade do dinheiro e<br />

das mercadorias, é tão somente reificação do trabalho, que é o fundamento<br />

real da existência das mercadorias, e na verdade do trabalho de

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