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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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como Hegel a desenvolve como dialética; só que esta não é "a" forma "do"<br />

ser.xxvii<br />

Se denominarmos de comunidade "natural" a conexão dos homens livre de<br />

exploração na divisão do trabalho do grupo de parentesco, então a<br />

articulação classista merece o nome de "sintética" a partir do motivo<br />

gerador da exploração. Na química se entende como sintético um produto,<br />

por exemplo borracha sintética, um material produzido pelo homem com<br />

propriedades semelhantes às do "natural", de acordo com a finalidade de<br />

uso. A socialização reificada é análoga à síntese química no sentido que ela<br />

(à diferença da sociedade natural "ainda não arrancada do cordão umbilical<br />

da conexão natural da espécie") é totalmente obra de homens. Ela é puro<br />

resultado da exploração, portanto, de manipulação humana, que se refere<br />

não a necessidades físicas da vida, como trabalho e consumo, mas a uma<br />

relação entre homens, mesmo se em vista de seu trabalho e consumo. Pelo<br />

engate entre atividade produtiva e consuntiva nas relações de exploração<br />

entre homem e homem é que primeiro começa para os homens a<br />

separação entre seu ser "humano" e suas necessidades físicas de vida<br />

como pura "natureza"; e vice-versa, esse condicionamento da vida pela<br />

produção e consumo como causalidade cega da natureza, começa a<br />

dominar seu "ser homem" no sentido contrário a seu agir. A distinção entre<br />

esta socialização e a síntese química é que esta se processa de forma<br />

escolhida e planejada por seu autor, enquanto a articulação de classes dos<br />

homens, ao contrário, acontece de forma não decidida pelos exploradores e<br />

não consciente. O essencialmente humano que se forma, é portanto<br />

exatamente aquilo que o homem não pode dominar, o ser do homem alheio<br />

a ele mesmo. O que os exploradores querem e efectuam planejadamente<br />

(inicialmente, pelo menos na relação direta de domínio e sujeição), é a<br />

apropriação de produto alheio; mas o resultado que daí decorre, a<br />

reificação da socialização segundo leis de uma causalidade natural<br />

econômica, é consequência totalmente imprevista de seu agir. Contudo, a<br />

distinção não é tão grande como parece; pois tão pouco quanto o<br />

explorador também o químico autor da tarefa, que ele desenvolve, é cego a<br />

respeito das consequências, e exatamente tanto como outro a respeito das<br />

consequências econômicas de sua síntese. A verdadeira distinção é muito<br />

mais de que exatamente a síntese do químico é consciente, na socialização<br />

ao contrário é cega. Mas isso não é por acaso. Nem a síntese da química<br />

ou de uma outra ciência, nem o conceito geral filosófico da síntese teria<br />

sido historicamente possível, se já a socialização concreta no sentido íntimo<br />

desse conceito não fosse "sintética".xxviii 57<br />

O uso do conceito de síntese na constituição da socialização classista é um<br />

meio estrategicamente eficaz para debelar o idealismo com suas próprias<br />

armas. Pois assim, para a explicação de um mesmo fenômeno, que é o<br />

método experimental das ciências naturais, pode-se contrapor à substrução

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