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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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da natureza. Um conceito mais preciso desta unidade pode-se esperar sem<br />

dúvida como resultado da pesquisa sobre a separação dos dois e os<br />

fundamentos de seu surgimento.<br />

À comprovação crítica da abstração mercadoria deve-se antepor primeiro<br />

uma determinação do próprio fenômeno.<br />

4. Descrição fenomenológica da abstração mercadoria<br />

O conceito marxiano de abstração mercadoria refere-se rigorosamente ao<br />

trabalho incorporado nas mercadorias e determinando a grandeza de seu<br />

valor. O trabalho criador de valor é determinado como "trabalho humano<br />

abstrato" em contraposição ao trabalho útil e concreto, criador de valor de<br />

uso. Ora, nem o trabalho é abstrato por natureza, nem sua abstração para<br />

"trabalho humano abstrato" é seu próprio produto. O trabalho não se abstrai<br />

a si mesmo. O lugar da abstração está fora do trabalho, na forma social de<br />

relacionamento própria da relação de troca. É bem verdade que, de acordo<br />

com a concepção marxiana, vale que também a relação de troca não se<br />

abstrai a si mesma. Ela abstrai (ou, digamos, abstratifica) o trabalho. O<br />

resultado dessa relação é o valor das mercadorias. O valor das<br />

mercadorias tem como forma a relação de troca abstraidora e como<br />

substância o trabalho abstratificado. Nesta determinação abstrata da "forma<br />

valor" o trabalho como "substância do valor" torna-se o fundamento<br />

puramente quantitativo da "grandeza do valor". Na análise da mercadoria<br />

do primeiro livro do Capital, o objeto da pesquisa é a natureza da grandeza<br />

do valor não menos que a natureza da forma valor somente segundo sua<br />

essência; as relações quantitativas de troca das mercadorias, como<br />

"aparecem" historicamente de fato, serão explicadas primeiramente muito<br />

mais adiante, no volume terceiro. (Para uma compreensão adequada da<br />

dialética interna e da sistemática da obra principal de Marx, mencionemos<br />

aqui os estudos excelentes de Rosdolski e de Reichelt.) Mas como também<br />

a relação essencial entre a forma de relacionamento social da troca, por um<br />

lado, e o trabalho, pelo outro, é apresentada de maneira rigorosa por Marx,<br />

sobre isso deveriam tomar lugar discussões analíticas e críticas: elas iriam<br />

atrasar e complicar o presente desenvolvimento de idéias, tanto que as<br />

remetemos para um anexo separado. O que aqui nos interessa não é o<br />

relacionamento em seu conjunto, mas só um aspecto parcial do mesmo, ou<br />

seja o poder de abstração que se deve à troca de mercadorias, não ao<br />

trabalho: "O processo de troca confere à mercadoria que ele transforma em<br />

dinheiro não seu valor, mas sua forma específica de valor." (MARX, O<br />

Capital, MEW, 23, p.105). Falamos portanto a seguir em abstração da troca,<br />

não em abstração mercadoria. Como é que a abstração da troca se deixa<br />

descrever isoladamente como puro fenômeno?

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