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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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aquele modo de reificação, que em sua formação ulterior leva ao tráfico de<br />

mercadorias e de dinheiro, como ele nos encontra nos povos antigos e<br />

enfim desemboca no capitalismo. A ele não pertencem ainda as formas<br />

racionais de consciência, que são características do ocidente. O<br />

desenvolvimento ocidental tem uma relação de exploração de outro tipo<br />

como raiz.<br />

De acordo com indícios arqueológicos, os reinos de exploração de longa<br />

vida surgiram no vale do Nilo e na planície da Mesopotâmia da maneira<br />

seguinte: tribos do interior da Ásia, expulsas talvez por mutações climáticas<br />

de suas sedes, vagando irromperam naqueles territórios fluviais;<br />

submeteram os povos ali sediados, instalaram-se sobre as costas dos<br />

mesmos e começaram a viver do produto excedente desses povos. A<br />

exploração que ocorreu no começo do desenvolvimento ocidental teria sido,<br />

de acordo com isso, exploração interétnica na forma clássica, exploração<br />

entre distintas comunidades como tais. Mesmo que nelas se tenha<br />

desenvolvido, antes dos embates entre elas, alguma exploração interna (o<br />

que em todo caso se deve supor para a tribo conquistadora), elas tinham<br />

todavia como um todo até então (não importa com qual distribuição interna)<br />

suas necessidades vitais cobertas por elas mesmas e consumidas<br />

internamente. A relação direta de domínio e de servidão, que surgiu do<br />

encontro entre elas, tem como conteúdo que aparte dominante deixou de<br />

produzir seus meios de vida, e com isso consumia sem produzir, e a parte<br />

dominada perdeu na mesma medida o consumo de seus produtos. Foi<br />

possível que essa superprodução dos explorados repousasse somente<br />

sobre um aumento notável da produtividade de seu trabalho; e a<br />

durabilidade desses reinos de exploração repousou sobretudo sobre a<br />

canalização dos rios construída e controlada pelos explorados. Isso mal<br />

precisa ser sublinhado explicitamente.<br />

A distinção essencial entre aquela exploração de gênese interna e esta<br />

externa, o fundamento para sua distinção, é que, no caminho interno, a<br />

colectividade da comunidade natural se teria dialeticamente dissolvido em<br />

desenvolvimento contínuo em uma produção individual, enquanto, no<br />

caminho da gênese externa, a parte subjugada vem sendo explorada<br />

sobretudo e ainda por muito tempo como um colectivo (sem contar a<br />

inevitável modificação em sua conexão). A dissolução da colectividade, a<br />

ruptura da produção em seus elementos - terra, meios de trabalho e forças<br />

de trabalho - e a transformação desses elementos em mercadoria passam<br />

aqui por processos essencialmente diferentes do que em uma linha de<br />

desenvolvimento concebida endogenamente. O que temos que fazer, em<br />

toda essa discussão, é só a descoberta dos supostos metodológicos<br />

correctos, que se devem formular, para possibilitar o domínio conceptual do<br />

desenvolvimento ocidental ocorrido.

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