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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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Se não submetermos a um ajuste crítico a contradição entre a abstração<br />

real em Marx e a abstração mental na teoria do conhecimento, estaríamos<br />

com isso satisfeitos com a falta de relacionamento entre a forma de<br />

pensamento das ciências naturais e o processo histórico social. Fica-se<br />

com a separação de trabalho da cabeça e das mãos. Mas isso significa<br />

sobretudo que se admite a dominação social de classes, mesmo se esta<br />

assumir as formas de dominação socialista de burocratas. A omissão da<br />

teoria do conhecimento por parte de Marx expressa-se em erros de uma<br />

teoria da relação do trabalho mental com o trabalho <strong>manual</strong>, ou seja como<br />

descuido teorético de uma precondição para a socialização sem classes,<br />

precondição reconhecida pelo próprio Marx como essencial 6. A chamada à<br />

significação prática do problema não deve diminuir seu valor teórico. Este<br />

valor não se situa somente em uma concepção coesa em si, mas em uma<br />

concepção consistentemente crítica do pensamento marxista, motivada<br />

pela finalidade da sociedade sem classes, sua possibilidade e as condições<br />

de sua realização, de forma análoga à primazia da razão prática sobre a<br />

razão teórica em Kant. A semelhança vai tão longe, que a possibilidade da<br />

liberdade de uma sociedade sem classes depende da concepção<br />

consistentemente crítica de nosso pensamento marxista.<br />

Às condições de uma sociedade sem classes nós acrescentamos (em<br />

consonância com Marx) a unidade do trabalho <strong>espiritual</strong> e <strong>manual</strong> ou, como<br />

ele diz, o desaparecimento de sua separação. E vamos tão longe que<br />

dizemos, que não se pode dar sequer uma olhada suficiente nas<br />

possibilidades reais e nas condições formais de uma sociedade sem<br />

classes, se faltar uma visão satisfatória da divisão do trabalho <strong>espiritual</strong> e<br />

<strong>manual</strong> e das condições precisas de seu surgimento. Tal visão prende-se<br />

aos supostos, de que as formas conceituais de conhecimento - objeto<br />

específico da teoria do conhecimento inclusive da filosofia teórica dos<br />

Gregos - formalmente podem ser deduzidas do mesmo plano ao qual<br />

pertence também o trabalho <strong>manual</strong>, ou seja o plano da existência social.<br />

Será este o caso? Esta é a questão, que aqui se pesquisa. A pesquisa<br />

prende-se portanto metodicamente à linha, sobre a qual em uma sociedade<br />

futura poder-se-á estabelecer a unidade entre cabeça e mão.<br />

A tarefa é a comprovação crítica da abstração mercadoria. Isso é a mesma<br />

coisa que aquilo que acima denominamos de "ajuste crítico". Deve-se<br />

primeiramente comprovar o fato formal da abstração em um sentido da<br />

palavra reconhecido de um ponto de vista da teoria do conhecimento; e<br />

sem segundo lugar seu caráter real de modo que não possa ser contestado<br />

pelos argumentos da teoria do conhecimento. A comprovação da abstração<br />

mercadoria deve portanto trazer consigo a crítica concludente da teoria do<br />

conhecimento no entendimento tradicional. O critério deste entendimento<br />

tradicional é que a teoria do conhecimento implica a impossibilidade formal<br />

de uma unidade entre trabalho <strong>manual</strong> e o trabalho <strong>espiritual</strong> das ciências

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