Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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exploração, embora a diferença entre as duas coisas se anuncie bastante<br />
claramente na oscilação das expressões - "processo de troca das<br />
mercadorias" e "negócio de troca" - no lugar citado. De fato vale contudo a<br />
análise marxiana só para o negócio da troca no segundo sentido, portanto<br />
para aquela que nós denominamos exclusivamente "troca de mercadorias",<br />
pois ela supõe sempre a equivalência das mercadorias como ponto de<br />
partida. Mas enquanto Marx reivindica a equivalência também para o<br />
"intercâmbio primitivo", a reificação parece ter surgido sem quebra das<br />
relações naturais.<br />
Enfim Engels em seu estudo sobre a Origem da família, da propriedade<br />
privada e do estado tentou de pesquisar historicamente a gênese da forma<br />
mercadoria que Marx tratou só formalmente. O escrito, com o qual uma<br />
discussão crítica aqui seria impossível por razões de espaço, quer<br />
preencher o vácuo, que Marx em sua análise da mercadoria tinha deixado<br />
aberto, ou seja de que ele não explica a propriedade privada, a<br />
característica para ele decisiva da troca mercantil desenvolvida. Engels<br />
persegue a formação da propriedade privada especialmente nos antigos e<br />
coloca com isso como fundamento de sua análise a suposição da<br />
prioridade da troca de mercadorias e do desenvolvimento do dinheiro antes<br />
da exploração. Com isso, porém, segundo nosso parecer, esta suposição,<br />
que é pertinente ao capitalismo (e aqui mesmo não sem restrições)<br />
emprega-se para relações de produção, para as quais ela não possui<br />
nenhuma exactidão. Com o enfoque de Engels, compare-se aquele de<br />
Rosa Luxemburg em sua Introdução à economia nacional, da qual o nosso<br />
foi muito influenciado.<br />
Quando e onde por vez primeira na história ocorreu a exploração? em que<br />
formas e de que modo? qual papel jogou a "relação primitiva de troca"? Em<br />
tais perguntas não entramos aqui. Elas nos desviariam do tema para um<br />
campo de dificuldades no momento insuperáveis, do qual não se pode<br />
prever a volta.xix Mas não cremos que a pesquisa dessas questões seja<br />
indispensável para nossa finalidade. Já a conclusão da troca de<br />
mercadorias à exploração é, ou pelo menos parece-nos, impossível por um<br />
caminho puramente analítico. A indução a partir de história que é<br />
necessária para isso, parece porém atestar que a troca de mercadorias em<br />
forma completamente desenvolvida e as formas de reflexão que lhe<br />
correspondem ocorreram somente no Ocidente - e por primeira vez na<br />
antiguidade grega -, conforme anuncia a cunhagem originária daqui do<br />
dinheiro em forma de moeda. Não foi porém por acaso que à formação da<br />
troca de mercadorias nessa forma amadurecida precedeu historicamente a<br />
exploração na manifestação oriental antiga do Egipto, da Mesopotâmia e<br />
suas ramificações. Para nossa pesquisa das condições de surgimento da<br />
reflexão racional interessa-nos só aquele desenvolvimento, de cuja raça<br />
genuína surgiu o capitalismo, portanto só o desenvolvimento ocidental.