Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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temos a convicção de que a troca de mercadorias só pode servir de forma a um sistema de exploração, porque ela mesma é forma dialética de reflexão e de superação da exploração, portanto nela já antes penetraram outras formas de exploração. A exploração capitalista é a realização plena e final da troca de mercadorias e da reificação - tal como o idealismo filosófico da burguesia é a teoria final da questão da verdade -, porque a lei da troca de mercadorias e da reificação por sua parte é aquela da exploração. A troca de mercadorias não pode ser tratada teoreticamente como fenômeno histórico autônomo. Se isso ocorrer, então por fim a determinação formal da mercadoria, a reificação (e, enquanto se entender uma recondução da forma racional de pensamento a ela, ela mesma também) é reconduzida a um elemento formal, à forma de interrelação da troca. A aparência fetichística da autonomia formal desloca-se da consciência à forma mercadoria e dela à troca, mas nesta ela permanece grudada e deixa decorrer à sua margem toda a redução, contudo de novo sobre a base mística de uma forma formans que não resultou. É verdade que esta não foi opinião de Marx, mas a aparência, que a versão teorética de sua análise espalha, é de que basicamente a interação cooperativa dos indivíduos em uma comunidade natural e o relacionamento da sociedade burguesa mediado pela troca de mercadorias se distinguem somente pela falta ou presença da propriedade privada. Pois o trabalho humano é sempre entendido como "trabalho social", hoje como em todos os tempos anteriores; o que mudou, podem ser somente os modos de articulação do trabalho social. A cooperação natural e a conexão reificada entre os proprietários privados aparecem substancialmente como a mesma coisa - como relações sociais de trabalho. Isso prende-se também ao segundo elemento, à pura indicação da determinação da conexão entre troca de mercadorias e exploração na análise marxiana da mercadoria. Ela diz respeito ao surgimento histórico da relação de troca. "De fato, o processo de troca de mercadorias aparece originalmente não no seio das comunidades naturais, e sim lá onde elas acabam, em seus limites, nos poucos pontos onde elas entram em contacto com outras comunidades. Aqui começa o negócio da troca, e ricocheteia daí de volta no interior da comunidade, no qual ela opera desagregando." (K. Marx, Para a crítica da economia política, MEW, 13, p. 35s.). Em O Capital encontra-se também a propósito (p.102): "O primeiro modo em que um valor de uso tem a possibilidade de ser valor de troca, é seu ser-aí como não-valor-de-troca, como um quanto que ultrapassa as necessidades imediatas de seu possessor." Também aqui, portanto, a exploração, a "desagregação da comunidade", é representada como consequência do "processo de troca de mercadorias". Isso repousa no fato que Marx não estabelece nenhuma distinção fundamental entre como a troca pode ter precedido a exploração (?), e como a troca surgiu da
exploração, embora a diferença entre as duas coisas se anuncie bastante claramente na oscilação das expressões - "processo de troca das mercadorias" e "negócio de troca" - no lugar citado. De fato vale contudo a análise marxiana só para o negócio da troca no segundo sentido, portanto para aquela que nós denominamos exclusivamente "troca de mercadorias", pois ela supõe sempre a equivalência das mercadorias como ponto de partida. Mas enquanto Marx reivindica a equivalência também para o "intercâmbio primitivo", a reificação parece ter surgido sem quebra das relações naturais. Enfim Engels em seu estudo sobre a Origem da família, da propriedade privada e do estado tentou de pesquisar historicamente a gênese da forma mercadoria que Marx tratou só formalmente. O escrito, com o qual uma discussão crítica aqui seria impossível por razões de espaço, quer preencher o vácuo, que Marx em sua análise da mercadoria tinha deixado aberto, ou seja de que ele não explica a propriedade privada, a característica para ele decisiva da troca mercantil desenvolvida. Engels persegue a formação da propriedade privada especialmente nos antigos e coloca com isso como fundamento de sua análise a suposição da prioridade da troca de mercadorias e do desenvolvimento do dinheiro antes da exploração. Com isso, porém, segundo nosso parecer, esta suposição, que é pertinente ao capitalismo (e aqui mesmo não sem restrições) emprega-se para relações de produção, para as quais ela não possui nenhuma exactidão. Com o enfoque de Engels, compare-se aquele de Rosa Luxemburg em sua Introdução à economia nacional, da qual o nosso foi muito influenciado. Quando e onde por vez primeira na história ocorreu a exploração? em que formas e de que modo? qual papel jogou a "relação primitiva de troca"? Em tais perguntas não entramos aqui. Elas nos desviariam do tema para um campo de dificuldades no momento insuperáveis, do qual não se pode prever a volta.xix Mas não cremos que a pesquisa dessas questões seja indispensável para nossa finalidade. Já a conclusão da troca de mercadorias à exploração é, ou pelo menos parece-nos, impossível por um caminho puramente analítico. A indução a partir de história que é necessária para isso, parece porém atestar que a troca de mercadorias em forma completamente desenvolvida e as formas de reflexão que lhe correspondem ocorreram somente no Ocidente - e por primeira vez na antiguidade grega -, conforme anuncia a cunhagem originária daqui do dinheiro em forma de moeda. Não foi porém por acaso que à formação da troca de mercadorias nessa forma amadurecida precedeu historicamente a exploração na manifestação oriental antiga do Egipto, da Mesopotâmia e suas ramificações. Para nossa pesquisa das condições de surgimento da reflexão racional interessa-nos só aquele desenvolvimento, de cuja raça genuína surgiu o capitalismo, portanto só o desenvolvimento ocidental.
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temos a convicção de que a troca de mercadorias só pode servir de forma a<br />
um sistema de exploração, porque ela mesma é forma dialética de reflexão<br />
e de superação da exploração, portanto nela já antes penetraram outras<br />
formas de exploração. A exploração capitalista é a realização plena e final<br />
da troca de mercadorias e da reificação - tal como o idealismo filosófico da<br />
burguesia é a teoria final da questão da verdade -, porque a lei da troca de<br />
mercadorias e da reificação por sua parte é aquela da exploração. A troca<br />
de mercadorias não pode ser tratada teoreticamente como fenômeno<br />
histórico autônomo. Se isso ocorrer, então por fim a determinação formal da<br />
mercadoria, a reificação (e, enquanto se entender uma recondução da<br />
forma racional de pensamento a ela, ela mesma também) é reconduzida a<br />
um elemento formal, à forma de interrelação da troca. A aparência<br />
fetichística da autonomia formal desloca-se da consciência à forma<br />
mercadoria e dela à troca, mas nesta ela permanece grudada e deixa<br />
decorrer à sua margem toda a redução, contudo de novo sobre a base<br />
mística de uma forma formans que não resultou.<br />
É verdade que esta não foi opinião de Marx, mas a aparência, que a versão<br />
teorética de sua análise espalha, é de que basicamente a interação<br />
cooperativa dos indivíduos em uma comunidade natural e o relacionamento<br />
da sociedade burguesa mediado pela troca de mercadorias se distinguem<br />
somente pela falta ou presença da propriedade privada. Pois o trabalho<br />
humano é sempre entendido como "trabalho social", hoje como em todos os<br />
tempos anteriores; o que mudou, podem ser somente os modos de<br />
articulação do trabalho social. A cooperação natural e a conexão reificada<br />
entre os proprietários privados aparecem substancialmente como a mesma<br />
coisa - como relações sociais de trabalho.<br />
Isso prende-se também ao segundo elemento, à pura indicação da<br />
determinação da conexão entre troca de mercadorias e exploração na<br />
análise marxiana da mercadoria. Ela diz respeito ao surgimento histórico da<br />
relação de troca. "De fato, o processo de troca de mercadorias aparece<br />
originalmente não no seio das comunidades naturais, e sim lá onde elas<br />
acabam, em seus limites, nos poucos pontos onde elas entram em contacto<br />
com outras comunidades. Aqui começa o negócio da troca, e ricocheteia<br />
daí de volta no interior da comunidade, no qual ela opera<br />
desagregando." (K. Marx, Para a crítica da economia política, MEW, 13, p.<br />
35s.). Em O Capital encontra-se também a propósito (p.102): "O primeiro<br />
modo em que um valor de uso tem a possibilidade de ser valor de troca, é<br />
seu ser-aí como não-valor-de-troca, como um quanto que ultrapassa as<br />
necessidades imediatas de seu possessor." Também aqui, portanto, a<br />
exploração, a "desagregação da comunidade", é representada como<br />
consequência do "processo de troca de mercadorias". Isso repousa no fato<br />
que Marx não estabelece nenhuma distinção fundamental entre como a<br />
troca pode ter precedido a exploração (?), e como a troca surgiu da