Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
Mas quais são esses motivos? Da troca, pode-se a propósito deduzir que produção e consumo (pois ela é a ação que medeia entre eles) devem ter sido separados de certa forma para os homens. De que tipo é essa separação, e sobre o que ela se baseia, não se pode deduzir da troca pela referência geral à divisão do trabalho. Pois já a própria troca de mercadorias (e exatamente através da equivalência que a caracteriza) é forma de encobrimento de seu conteúdo histórico real. Detenhamo-nos contudo primeiro no reflexo de sombras, que se espelha daí na troca de mercadorias e em sua relação de equivalência. Primeiro, é evidente que se deve estabelecer uma distinção fundamental entre a troca desenvolvida de mercadorias, ou seja a troca baseada na produção de mercadorias e portanto troca de "valores", do intercâmbio primitivo no sentido de um movimento de troca com objetos de uso, sobretudo entre comunidades naturais.49 O caráter definidor da troca desenvolvida de mercadorias é a equivalência dos objetos trocados, e ela pressupõe uma separação social determinada entre produção e consumo, cuja origem e conteúdo real devem-se encontrar na exploração (cf. abaixo). Só a troca desenvolvida de mercadorias é ligada com a identidade, forma material e ser-aí que caracterizam a reificação. Ao contrário, não podemos decidir como se possa definir a troca primitiva, e se o conceito de troca é de todo defensável para o intercâmbio pensado no caso dela. Este modo ou modos de "troca" situam-se fora de nossa vista.50 Segundo, se estabelece a afirmação de que os caracteres formais específicos da mercadoria não se podem abranger suficientemente, se a eles se coloque como fundamento somente o fato de que os homens devem ganhar seus meios de vida pelo trabalho, portanto esses meios de vida são objetos de consumo o produto e somente por isso são "valor de uso" e "valor". Não o condicionamento natural dado aos homens pelo trabalho, nem a pura distinção entre atividades consuntivas e produtivas, e sim o fato de que entre esses dois lados inevitavelmente correspondentes do ser-aí (Dasein) se inseriu uma contradição de carretar social, de forma que os objetos trocados para uma parte dos homens se tornaram somente produtos e para uma outra parte só objetos de consumo: isso forma a pressuposição fundamental para a troca desses objetos como "valores" e portanto a própria ambiguidade da mercadoria. A pressuposição da sociedade de troca de mercadorias não é uma característica natural, e sim uma forma de sociedade historicamente alterada. A partir deste fundamento histórico, a troca de mercadorias é somente a forma dialética de reflexão. Seus pressupostos estão encobertos sob a aparência de sua imediatez. "O movimento mediador desaparece em seu resultado e deixa seu rasto atrás."51 A reificação se pode constatar na troca mercantil e em suas formas, mas é impossível explicá-la a partir dela. Sua origem e sua fonte encontram-se na exploração, e só a partir dessa é que a
própria troca de mercadorias [a síntese interna da sociedade pela troca de mercadorias - Sohn-Rethel, 1970] precisa ter explicação. 5. Troca de mercadorias e exploração Na fase da separação entre produção e consumo pressuposta pela troca de mercadorias52 encontra-se o fato de que é dividida em uma parte que só consome sem produzir e uma outra, que pro tanto só produz sem consumir. Em outras palavras, a exploração deve ter surgido antes que uma troca de meios de subsistência como valores, portanto troca de mercadorias, possa tornar-se interrelação social. A troca de mercadorias desenvolveu-se a partir de exploração, não vice-versa - a exploração a partir da troca.xviii Anotação de 1937: Com esta tese afastamo-nos em um ponto importante de Marx e Engels. "É bem verdade que a tese deles não era de que a exploração tivesse surgido da troca de mercadorias em todas as formas e em todas as circunstâncias. Mas se nos atermos à análise marxiana da mercadoria - e só ela pode servir teoreticamente de norma nessa questão -, então na base de seu enfoque só se pode pensar ou relações de exploração, que foram introduzidas ou até dissolvidas pela troca de mercadorias, ou então "relações diretas de domínio - e servidão" (K. Marx, O Capital, I, p.93), cuja conexão ou falta de conexão com a troca de mercadorias está completamente perdida. Nossa crítica à exposição marxiana do desenvolvimento da forma mercadoria dirige-se antes contra o fato de que ela não deixa nenhum espaço para o papel determinante da exploração no surgimento da troca de mercadorias. O desenvolvimento da expressão valor está representado como se ela fosse conceptível como um desenvolvimento contínuo e uma expansão das formas primitivas de troca, até a formação completa da forma dinheiro do valor. Quanto às conexões teoréticas de troca mercantil e exploração em Marx e Engels, referimo-nos sobretudo a três elementos. Primeiro à teoria (que leva até o centro da obra de Marx) da transformação do dinheiro em capital e da compra e venda da mercadoria força de trabalho. Aqui está evidente que a troca de mercadorias se representa como precedente ao sistema capitalístico de exploração. E isso com razão; pois a produção capitalista de mercadorias é da fato aquele sistema de exploração, que se desenvolveu primeiro sobre a base da troca de mercadorias, e que caso historicamente único de uma exploração segundo as puras leis da troca de mercadorias, ou seja segundo leis econômicas. Como segundo leis da completa equivalência mercantil, a exploração (segundo as leis da paridade da troca de mercadorias, a imparidade da mais valia pode ser o resultado) constitui o ponto angular da economia política e de sua crítica. Mas em Marx a transformação da troca simples de mercadorias em capitalista é apresentada de tal modo, como se não fosse historicamente necessário pressupor nenhuma outra forma de exploração. Em contraposição a isso,
- Page 65 and 66: que o real das coisas não é a apa
- Page 67 and 68: A língua pode por certo oferecer a
- Page 69 and 70: tarefa minha, pois não gozei de ne
- Page 71 and 72: O comércio internacional, no qual
- Page 73 and 74: epresentativo da base da renascenç
- Page 75 and 76: De re edificatoria: incompleto; obr
- Page 77 and 78: e difundido a partir de meados do s
- Page 79 and 80: Leonardo foi o primeiro que rompeu
- Page 81 and 82: matemática constitui uma disciplin
- Page 83 and 84: interna. As linhas e sua conexão n
- Page 85 and 86: toda sua carreira. Ali ele descobri
- Page 87 and 88: por aproximação tão escolado no
- Page 89 and 90: Machinensystem (Do instrumento arte
- Page 91 and 92: Para o marxismo, nisso é também e
- Page 93 and 94: verdade ou simula aos homens uma "v
- Page 95 and 96: Eu devo agora introduzir um conceit
- Page 97 and 98: prescindindo de sua produção, pur
- Page 99 and 100: "inspiração", que eu nunca perder
- Page 101 and 102: Ao contrário, quero abordar brevem
- Page 103 and 104: eles se separaram (não vejo portan
- Page 105 and 106: ligado a formas, que são indispens
- Page 107 and 108: Às características distintivas pe
- Page 109 and 110: Esta síntese é constitutiva para
- Page 111 and 112: na forma de valor relativa a ela. "
- Page 113 and 114: Por outro lado, a ação da troca e
- Page 115: explicitamente que não se pode det
- Page 119 and 120: exploração, embora a diferença e
- Page 121 and 122: enlace na identidade dos indivíduo
- Page 123 and 124: Pela exploração interétnica que
- Page 125 and 126: nas combinações de uma produção
- Page 127 and 128: que o produtor aqui se torne propri
- Page 129 and 130: seu explorador como mercadoria, a i
- Page 131 and 132: como Hegel a desenvolve como dialé
- Page 133 and 134: entendeu a síntese como gênese do
- Page 135 and 136: permutabilidade geral dos trabalhad
- Page 137 and 138: trabalhadores explorados, de sua at
- Page 139 and 140: A determinação lógica desse conh
- Page 141 and 142: elação de conhecimento da razão
- Page 143 and 144: As categorias tornam-se conscientes
- Page 145 and 146: Pensamento correcto do sujeito inde
- Page 147 and 148: xv Como se coloca este conceito de
- Page 149: 6o - K. Marx. Para a crítica da ec
própria troca de mercadorias [a síntese interna da sociedade pela troca de<br />
mercadorias - <strong>Sohn</strong>-<strong>Rethel</strong>, 1970] precisa ter explicação.<br />
5. Troca de mercadorias e exploração<br />
Na fase da separação entre produção e consumo pressuposta pela troca de<br />
mercadorias52 encontra-se o fato de que é dividida em uma parte que só<br />
consome sem produzir e uma outra, que pro tanto só produz sem consumir.<br />
Em outras palavras, a exploração deve ter surgido antes que uma troca de<br />
meios de subsistência como valores, portanto troca de mercadorias, possa<br />
tornar-se interrelação social. A troca de mercadorias desenvolveu-se a partir<br />
de exploração, não vice-versa - a exploração a partir da troca.xviii<br />
Anotação de 1937: Com esta tese afastamo-nos em um ponto importante<br />
de Marx e Engels. "É bem verdade que a tese deles não era de que a<br />
exploração tivesse surgido da troca de mercadorias em todas as formas e<br />
em todas as circunstâncias. Mas se nos atermos à análise marxiana da<br />
mercadoria - e só ela pode servir teoreticamente de norma nessa questão -,<br />
então na base de seu enfoque só se pode pensar ou relações de<br />
exploração, que foram introduzidas ou até dissolvidas pela troca de<br />
mercadorias, ou então "relações diretas de domínio - e servidão" (K. Marx,<br />
O Capital, I, p.93), cuja conexão ou falta de conexão com a troca de<br />
mercadorias está completamente perdida. Nossa crítica à exposição<br />
marxiana do desenvolvimento da forma mercadoria dirige-se antes contra o<br />
fato de que ela não deixa nenhum espaço para o papel determinante da<br />
exploração no surgimento da troca de mercadorias. O desenvolvimento da<br />
expressão valor está representado como se ela fosse conceptível como um<br />
desenvolvimento contínuo e uma expansão das formas primitivas de troca,<br />
até a formação completa da forma dinheiro do valor.<br />
Quanto às conexões teoréticas de troca mercantil e exploração em Marx e<br />
Engels, referimo-nos sobretudo a três elementos. Primeiro à teoria (que<br />
leva até o centro da obra de Marx) da transformação do dinheiro em capital<br />
e da compra e venda da mercadoria força de trabalho. Aqui está evidente<br />
que a troca de mercadorias se representa como precedente ao sistema<br />
capitalístico de exploração. E isso com razão; pois a produção capitalista de<br />
mercadorias é da fato aquele sistema de exploração, que se desenvolveu<br />
primeiro sobre a base da troca de mercadorias, e que caso historicamente<br />
único de uma exploração segundo as puras leis da troca de mercadorias,<br />
ou seja segundo leis econômicas. Como segundo leis da completa<br />
equivalência mercantil, a exploração (segundo as leis da paridade da troca<br />
de mercadorias, a imparidade da mais valia pode ser o resultado) constitui<br />
o ponto angular da economia política e de sua crítica. Mas em Marx a<br />
transformação da troca simples de mercadorias em capitalista é<br />
apresentada de tal modo, como se não fosse historicamente necessário<br />
pressupor nenhuma outra forma de exploração. Em contraposição a isso,