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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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das mercadorias tornou-se seu ser segundo leis, e o ser das mercadorias<br />

aparece como a existência total da sociedade, que em si não possui mais<br />

substância nenhuma.<br />

A ordem social da produção e do consumo no capitalismo não se realiza<br />

nem por condução planejada nem por cooperação direta, nem por<br />

regulação tradicional, mas muito mais só como função de ações individuais<br />

reciprocamente independentes de pessoas privadas autônomas. Essa é<br />

portanto uma ordem totalmente funcional. Só a ordem funcional da troca de<br />

mercadorias decide aqui também sobre a realidade objectiva do valor de<br />

uso e a validade social do valor das mercadorias. Uma mercadoria não<br />

vendível é igual a uma impressão sensível subjectiva e no sentido social<br />

não chega mais a ser algo. Se o vendedor voltar a encontrar compradores,<br />

então atribui-se valor social atual. à impressão sensível com um valor de<br />

uso objectivo, real e o trabalho há muito tempo já depreciado. Uma coisa<br />

não é o que se produz, mas primeiramente o que se troca. Sua constituição<br />

real é funcional.<br />

Portanto é realmente uma "revolução copernicana" que ocorre para a<br />

existência da sociedade, desde a produção simples de mercadorias até a<br />

formação completa do modo capitalístico de produção. Na produção<br />

simples de mercadorias a distribuição dos produtos é função da produção<br />

que ocorre por si, ou seja da produção possível independentemente da<br />

troca de mercadorias, portanto é função também do ser-aí (Dasein) dado<br />

das mercadorias. No capitalismo, ao contrário, a produção e o ser-aí<br />

[existência] das mercadorias é função das relações anteriormente dadas de<br />

propriedade dos meios de produção.<br />

Mas como é que são as leis da troca das mercadorias, que aqui constituem<br />

o a priori da produção, que criam em si a regularidade do ser (Dasein) das<br />

mercadorias e a ordem constitutiva da sociedade? São as leis da reificação<br />

puramente como tal, sobre a qual Marx provou que ela é centrada<br />

completamente na função de unidade da forma equivalente. As<br />

mercadorias, incomensuráveis em sua qualidade de valores de uso,<br />

experimentam no ato da troca a comensuração como valores, onde elas<br />

são igualadas no que se refere à forma, para diferir ainda somente como<br />

quantos. É portanto uma "síntese", no sentido kantiano preciso, aquela, que<br />

está por baixo da troca social desenvolvida de acordo com sua constituição<br />

formal, e esta síntese fundamenta-se na unidade superior, que as<br />

mercadorias possuem na (até mesmo em força da) relação geral relativa<br />

com sua forma equivalente, a elas comum, socialmente válida em geral -<br />

com o dinheiro. As leis fundamentais da troca de mercadorias, que no<br />

capitalismo formam o a priori da possibilidade da produção, derivam assim<br />

de uma síntese puramente formal (fundada primeiro na troca) de todas as<br />

mercadorias segundo funções da unidade idêntica da relação com o<br />

dinheiro que as perpassa.

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