Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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lado, o caráter da facticidade da empiria histórica. Segundo ambos os inseparáveis lados, vemos na análise da coisificação uma preparação indispensável para a pesquisa histórica materialista. Só a tal trabalho prévio, quereria servir a pesquisa aqui esboçada preliminarmente. Nela não se desenvolve ainda nenhuma análise histórica materialista, nem se coloca ela no lugar da mesma - com o que ela recairia na trilha do idealismo e da construção histórico-filosófica -, e sim a análise empírica da história deve lhe vir só depois dela. Isso não exclui, que nela opere um certo contacto indutivo com o material histórico. Talvez, caiba ainda uma palavra sobre a suspeita de irracionalismo, à qual se expõe uma pesquisa ao visar uma redução da "ratio". Contudo, não se trata com isso de uma negação da "ratio", mas, tudo ao contrário, de sua própria realização. Isso aparece a partir da tomada de posição sobre o problema da coisificação. Temos em comum com Georg Lukács a aplicação do conceito marxiano do fetichismo à lógica e à teoria do conhecimento. Por outro lado, distinguimo-nos dele, em que nós, partindo do condicionamento do pensamento racional pela coisificação e a exploração, não concluímos que tal pensamento é simplesmente falso. Nem a lógica nem a coisificação - conforme nossa opinião - desaparecerão pela eliminação da exploração, portanto em uma sociedade sem classes,vi se elas não se modificarem em algum modo que não podemos antecipar. A codificação e a "ratio", não menos que a exploração, devem-se entender em sua natureza dialética. A coisificação [objetificação] é escoadouro da exploração, mas a coisificação traz ao mesmo tempo a autodescoberta do homem consigo mesmo, a qual forma a pressuposição para que os homens possam superar a exploração. O materialismo contesta que se deva considerar a natureza da razão (ratio) como transcendental, se não se quiser até mesmo negá-la. Como o idealismo transcendental crê no a priori da razão, assim o pensamento teológico medieval acreditou (antes de que se encontrasse o método indutivo de pesquisa da lei natural) que se deva renunciar ao pensamento da lei natural, caso se queira negar sua origem da vontade divina. O pensamento materialista começa lá onde o idealismo termina com o pensamento de usar a razão na pesquisa de seu próprio condicionamento.vii O pensamento materialista é racional e cientificamente crítico, porque e enquanto esse uso é possível, portanto a explicação do surgimento histórico da razão pode ser obtido racionalmente a partir do próprio ser social. Essa possibilidade não se postula dogmaticamente, para daí desfazer um sistema dedutivo; ela é uma questão da pesquisa a ser desenvolvida praticamente. O materialismo não é, de acordo com esse ponto de vista, nenhuma visão do mundo (Weltanschauung), e sim um postulado metodológico. Em sua efectivação - de novo: não a priori - o comportamento racional torna-se algo materialmente diferente do idealista.
Às características distintivas pertence certamente a renúncia ao ideal definitivo da verdade e por conseguinte evitar as antinomias do pensamento idealista conexas com a absolutização do conceito da verdade. Objeto da pesquisa é a questão: se o ensinamento do apriorismo é verdadeiro ou não verdadeiro. Portanto ela não tem nada a ver com a explicação do apriorismo como uma determinada ideologia da burguesia. Contudo se deve começar com uma tentativa de interpretação da teoria kantiana do conhecimento, para conduzir indutivamente à tese básica, que se tentará fundamentar analiticamente a seguir. 2. Analogia ou conexão de fundamentação ? A interpretação apriorística do conhecimento entre historicamente naquele momento em que o mecanismo da concorrência do modo capitalístico de produção ganha sua formação em um sistema conexo em si, aparentemente autônomo, portanto não funciona mais só intermitentemente e apoiado na ajuda estatal, mas começa a realizar plenamente sua própria normalidade específica através da determinação dos preços desenvolvida nos mercados pelos meios bursáteis e a subsunção do trabalho sob a maquinaria nas instalações da produção. Conquistando assim sua autonomia econômica, resulta também a emancipação externa, política, da burguesia, a cuja fundamentação ideológica serve a filosofia kantiana. A sociedade capitalista distingue-se de outras formas sociais, fundadas igualmente na troca mercantil, porque nela a troca mercantil não é somente necessária para transferir os produtos das mão dos produtores às dos consumidores, mas muito mais, além disso, ela constitui a condição para que a própria produção de qualquer objeto de uso seja realizada. Pois enquanto antes os homens estavam separados dos produtos, que usavam, só como consumidores, agora eles estão separados até como produtores dos meios para ter a possibilidade de produzir um produto. No capitalismo portanto a possibilidade da produção depende ela mesma do fato que seus fatores básicos, portanto a força humana de trabalho, os meios materiais de produção, matérias primas e terra, se reunam como mercadorias e a produção possa processar-se segundo leis mercantis. Forma mercadoria e lei da troca das mercadorias, ou seja forma e lei da reificação, tornam-se no capitalismo o a priori da produção, portanto lei constitutiva fundamental para a existência da sociedade,viii que se desintegra em um caos da variedade informal, se (nas crises) o nexo da troca das mercadorias não funcionar mais. Mas da produção depende o ser (Dasein) das mercadorias, e as condições da possibilidade da produção são portanto as leis: só segundo elas o ser das mercadorias se torna possível na sociedade. O ser
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lado, o caráter da facticidade da empiria histórica. Segundo ambos os<br />
inseparáveis lados, vemos na análise da coisificação uma preparação<br />
indispensável para a pesquisa histórica materialista. Só a tal trabalho<br />
prévio, quereria servir a pesquisa aqui esboçada preliminarmente. Nela não<br />
se desenvolve ainda nenhuma análise histórica materialista, nem se coloca<br />
ela no lugar da mesma - com o que ela recairia na trilha do idealismo e da<br />
construção histórico-filosófica -, e sim a análise empírica da história deve<br />
lhe vir só depois dela. Isso não exclui, que nela opere um certo contacto<br />
indutivo com o material histórico.<br />
Talvez, caiba ainda uma palavra sobre a suspeita de irracionalismo, à qual<br />
se expõe uma pesquisa ao visar uma redução da "ratio". Contudo, não se<br />
trata com isso de uma negação da "ratio", mas, tudo ao contrário, de sua<br />
própria realização. Isso aparece a partir da tomada de posição sobre o<br />
problema da coisificação. Temos em comum com Georg Lukács a aplicação<br />
do conceito marxiano do fetichismo à lógica e à teoria do conhecimento.<br />
Por outro lado, distinguimo-nos dele, em que nós, partindo do<br />
condicionamento do pensamento racional pela coisificação e a exploração,<br />
não concluímos que tal pensamento é simplesmente falso. Nem a lógica<br />
nem a coisificação - conforme nossa opinião - desaparecerão pela<br />
eliminação da exploração, portanto em uma sociedade sem classes,vi se<br />
elas não se modificarem em algum modo que não podemos antecipar. A<br />
codificação e a "ratio", não menos que a exploração, devem-se entender<br />
em sua natureza dialética. A coisificação [objetificação] é escoadouro da<br />
exploração, mas a coisificação traz ao mesmo tempo a autodescoberta do<br />
homem consigo mesmo, a qual forma a pressuposição para que os homens<br />
possam superar a exploração.<br />
O materialismo contesta que se deva considerar a natureza da razão (ratio)<br />
como transcendental, se não se quiser até mesmo negá-la. Como o<br />
idealismo transcendental crê no a priori da razão, assim o pensamento<br />
teológico medieval acreditou (antes de que se encontrasse o método<br />
indutivo de pesquisa da lei natural) que se deva renunciar ao pensamento<br />
da lei natural, caso se queira negar sua origem da vontade divina. O<br />
pensamento materialista começa lá onde o idealismo termina com o<br />
pensamento de usar a razão na pesquisa de seu próprio<br />
condicionamento.vii O pensamento materialista é racional e cientificamente<br />
crítico, porque e enquanto esse uso é possível, portanto a explicação do<br />
surgimento histórico da razão pode ser obtido racionalmente a partir do<br />
próprio ser social. Essa possibilidade não se postula dogmaticamente, para<br />
daí desfazer um sistema dedutivo; ela é uma questão da pesquisa a ser<br />
desenvolvida praticamente. O materialismo não é, de acordo com esse<br />
ponto de vista, nenhuma visão do mundo (Weltanschauung), e sim um<br />
postulado metodológico. Em sua efectivação - de novo: não a priori - o<br />
comportamento racional torna-se algo materialmente diferente do idealista.