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Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual

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ligado a formas, que são indispensáveis para se comportar<br />

pragmaticamente de forma correcta, de acordo com as relações<br />

dominantes de produção. Cada um vive dentro e conforme a medida da<br />

relação dominante de deslumbramento. Dentre as formas assim dadas de<br />

pensamento, nenhuma pode ser postulada ingénua e acriticamente na<br />

pesquisa histórica materialista, sob pena de tornar-se forma de<br />

encobrimento ideológico do ser social, a cuja manutenção ela serve. O<br />

comportamento crítico perante as próprias categorias é porém tanto mais<br />

difícil, quanto mais elevado o grau de generalidade das categorias, quanto<br />

mais formais e "puras" elas são. Pois tanto mais ampla e inevitavelmente<br />

elas estão na base da lógica de nosso pensamento. Considerada<br />

geneticamente, tanto mais antiga é em geral também sua idade histórica.<br />

Da tais conceitos - como, por exemplo, daquele de unidade - não nos é<br />

mais possível prescindir imediatamente.iii Contudo seriam fetichizadas<br />

também, em seu uso acrítico, determinadas formas sociais de ser e<br />

relações de produção, que se condicionaram primeiro geneticamente:<br />

embora muito antigas, elas são hoje ainda activamente efectivas. A<br />

essência do método materialista exigeiv que nele não se empreguem<br />

categorias nenhumas, das quais não se sabe correctamente por que<br />

relações de produção elas são condicionadas. O método materialista tem<br />

portanto em comum com o método "crítico" do idealismo, que ele para cada<br />

categoria coloca a questão prévia sobre aquilo que nela é pressuposto<br />

como condições de sua própria "possibilidade" e com ela se leva junto. Mas<br />

no idealismo a razão se coloca em questão sempre em seu próprio terreno,<br />

o terreno de sua hipostatização. Por isso em Kant a pura questão inicial<br />

atrofia-se no desenvolvimento em tarefa de pura interna "dissecação de<br />

nossa capacidade de conhecer"; e Hegel desenvolve sob a mesma<br />

bandeira da imanência (enquanto ele considera as relações lógicas<br />

preliminares dentro da estrutura do pensamento simultaneamente válidas<br />

para o nexo de constituição do pensar e com isso simula para si e para nós<br />

a questão original abandonada como existência da imanência) a dialética<br />

dedutiva como o sistema absoluto da verdade.<br />

No materialismo entra aqui no lugar da teoria do conhecimento a análise<br />

crítica da coisificação. Esta deve ser levada adiante sistematicamente, não<br />

só para cuidar dos controles apropriados sobre o condicionamento genético<br />

de nossas categorias mentais até seus últimos supostos lógicos, mas<br />

também por causa da significação metodológica positiva, que compete a<br />

essa análise da coisificação para a pesquisa histórica materialista. Ou seja,<br />

a análise da coisificação oferece - na forma das articulações genéticas<br />

entre forma mercadoria e forma de pensamento - as colocações críticas de<br />

questões como hipóteses, com as quais se deve aproximar-se ao material<br />

disponível para a pesquisa materialista empírica da história.v A análise<br />

crítica preliminar da coisificação desvela, por um lado, a aparência de<br />

validade atemporal para as categorias de nosso pensamento e, por outro

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