Sohn-Rethel - Trabalho manual e espiritual
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dessa gênese encontra-se na socialização funcional (todas as formas<br />
humanas de ser têm relação constitutiva com o ser prático material dos<br />
homens, superada porém em sua negação afirmativa). Por conseguinte, a<br />
dialética histórica da socialização funcional é normativa para a concepção<br />
das formas de ser: de suas etapas principais eu levo em consideração o<br />
Egipto antigo, os Antigos [Gregos e Romanos - C.G.G.] e a mais recente<br />
produção mercantil europeia. Geneticamente, a primeira forma de ser<br />
(Wesensform) é o "estado", a forma de socialização da "relação primária de<br />
exploração". No estado a função socializadora da exploração limita-se a<br />
conferir as características de unidade à relação de dominação da<br />
exploração (soberania, domínio do território, etc.), características que<br />
constituem a essência do estado, tornam a relação fatual de domínio da<br />
exploração essência do "estado", respectivamente, se fetichizam. A<br />
socialização funcional não difere aqui ainda em parte alguma do fato bruto<br />
da dominação para a exploração e não contem ainda nenhuma expressãovalor<br />
distinta da forma natural dos objetos de apropriação (produtos,<br />
produtores [escravos], terras, meios de trabalho, gado, etc.). Sua<br />
contradição com a forma natural esgota-se na magia ou na mitologização.<br />
O passo decisivo para a preparação da forma social do valor da riqueza se<br />
leva adiante primeiro na antiguidade. A relação antiga de exploração<br />
constitui-se como a forma dialética de reflexão do egípcio antigo e em geral<br />
antigo oriental, como aquilo que antes era o estado como um todo; agora é<br />
(dito a grosso modo) a relação privada dos cidadãos individuais<br />
(kalokagathos, civis romanus) perante seu governo familiar e sua produção<br />
de riqueza; e a sociedade antiga (uma sociedade de pura exploração) é a<br />
sociedade desses cidadãos uns com os outros. A formação primária de<br />
riqueza (como exploração) é aqui reflexa, a riqueza produzida é trocada<br />
entre os exploradores e as cidades e alcança assim pela primeira vez sua<br />
forma social adequada, a forma-valor da moeda. Ao contrário, o produtor<br />
explorado permanece aqui ainda na forma natural do escravo: o que se<br />
torna funcional não é a produção, e sim tão somente sua valorização. A<br />
reflexão da riqueza tem lugar meramente do lado do explorador. A<br />
funcionalização da produção mesma e a reflexão da exploração do lado dos<br />
produtores explorados são contudo a característica fundamental do<br />
desenvolvimento ocidental. No Ocidente a relação de exploração chega<br />
portanto a seu desenvolvimento completo e universal. Esta parte dever-seia<br />
naturalmente desenvolver mais profundamente: nela, deve-se dar<br />
particular valor à exposição da Idade Média - por causa da posterior<br />
construção da gênese da propriedade privada (como produto próprio!) que<br />
lhe pertence, como também da personalidade dos produtores e da relação<br />
econômica mundial. Para mim é também importante a maneira de conceber<br />
a relação de conjunto do desenvolvimento ocidental (sobretudo da relação<br />
dialética de desenvolvimento entre Idade Média e capitalismo, mediada<br />
pela "produção mercantil simples"). Deixo de mencionar numerosos outros<br />
momentos, aos quais se deveria dar importância.