Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial
Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial
Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
PAULO FREIRE ENTROU NA RODA<br />
Um dia um aluno perguntou: “Para que serve estudar?” A professora Cida foi para casa com a pergunta<br />
ecoando na cabeça. Pensou numa forma de trabalhar esse assunto com seus alunos na faixa dos 10, 11<br />
anos e acabou descobrindo. “Levei para eles O Ato de Estudar,<br />
de Paulo Freire”, diz. O texto conta a<br />
história de dois amigos, Pedro e Antônio, que ficaram presos na estrada porque a caminhoneta em que<br />
transportavam cestos cheios de cacau atolou no barro.<br />
“O texto diz que Pedro e Antônio estudaram o problema. Mas estudaram como, se eles estavam na<br />
estrada, no meio do atoleiro, sem livros, lápis, caderno, escola?”, provocou a professora. Os alunos se<br />
sentiram desafiados. “Eles estudaram no pensamento”, disse Jéssica, 11 anos. Um palpite daqui e<br />
outro dali, os meninos acabaram concluindo que é possível aprender em todos os espaços e não<br />
apenas na escola. Assim, a cantineira pode aprender na cozinha e o piloto pode aprender no avião,<br />
como alguns disseram. Cida completou: “<strong>De</strong>sde que a cantineira e o piloto sejam curiosos e queiram<br />
compreender as coisas”.<br />
Mas para que serve estudar? Os alunos acabaram encontrando muitos motivos. Eles lembraram que a<br />
cantineira tem que saber pesar a farinha para fazer o bolo, o pedreiro tem que calcular quantos tijolos<br />
irá gastar. E Isadora, 11 anos, arrematou: “E o piloto tem que entender de computador, saber geografia<br />
e ler os mapas para não se perder no caminho do céu”.<br />
Quem pensa que a história parou por aí, engana-se. A curiosidade das crianças se voltou para o autor<br />
do texto. “Quem é Paulo Freire? Por que será que ele teve a idéia de escrever essa história?”, perguntou<br />
Flávia, 10 anos. Cida explicou que o educador pernambucano (1921-1997) queria que todas as<br />
crianças e os adultos do Brasil aprendessem a ler e a escrever.<br />
Pronto. Foi só dizer isso e a meninada se lembrou da propaganda do governo para o Programa Brasil<br />
Alfabetizado. Afinadíssimos, começaram a cantar: “Para aprender a ler /Pra isso não tem hora /Pode<br />
ser de dia /Pode ser de noite /Pode ser agora /Pode ser jovem/Pode ser adulto /Pode ser aposentado<br />
/Para aprender a ler /Só não pode ficar parado.”<br />
Comunidade Fazenda Velha - E. M. Salustiana Carneiro Jardim<br />
29<br />
A R A Ç U A Í - D E U . T . I . E D U C A C I O N A L A C I D A D E E D U C A T I V A