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Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial

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ENTREVISTA TIÃO ROCHA<br />

se apresentam na roça. Terminada a cantoria os meninos<br />

entraram no ônibus para retornar para suas casas. Uma<br />

viagem de uma a duas horas por estradas de terra<br />

esburacadas. Durante toda a viagem eles foram<br />

cantando, fazendo desafios, criando e jogando versos<br />

uns para os outros. Um outro show. Uma professora viu<br />

aquilo e nos contou, maravilhada. Pronto. Mais um mote<br />

foi dado. Se os alunos passam cerca de duas horas no<br />

ônibus escolar, entre as idas e vindas da casa para a<br />

escola, por que não aproveitar “educativamente” esse<br />

tempo “perdido”? Surgiu assim o educador do ônibus,<br />

que acompanha os alunos nessas viagens,<br />

desenvolvendo atividades lúdicas, recreativas e<br />

culturais, como contação de histórias, desafios, poesias,<br />

apresentações teatrais e cantorias. Por causa disso,<br />

começamos a levar cinema para a roça. Para a maioria,<br />

foi a primeira oportunidade para assistir a filmes em tela<br />

grande e não dublados.<br />

Enfim, fomos aproveitando todas as boas idéias e<br />

espaços que iam aparecendo, sempre pensando em<br />

fazer coisas simples, objetivas e alegres, mas que<br />

levassem à aprendizagem dos alunos. As aulas de<br />

“biscoito escrevido” surgiram assim. Uma delícia de<br />

aprendizagem.<br />

A UTI Educacional virou uma fábrica de processos<br />

educacionais em permanente ebulição.<br />

No desenho do projeto há uma fase que é UTI Educacional<br />

e outra que é a Cidade Educativa. Como isso funciona na<br />

prática?<br />

Tião Rocha: Tínhamos o problema urgente e imediato:<br />

tirar os meninos da situação crítica que é o analfabetismo<br />

precoce. Assim que eles alcançassem o nível de<br />

“suficiência”, poderíamos abandoná-los à própria sorte<br />

ou avançar na construção de oportunidades de<br />

aprendizagem para alcançar o nível de “excelência”.<br />

Fazer essa segunda opção significava abrir novos,<br />

diferentes e complementares espaços de aprendizagem,<br />

isto é, construir uma Cidade Educativa, acreditávamos<br />

nós. Ao envolver toda a comunidade para disponibilizar o<br />

que ela tem de melhor para suas crianças e jovens já<br />

estávamos trabalhando também na formação da Cidade<br />

Educativa. Temos que construir tantos espaços, tantas<br />

oportunidades e tantos nichos de aprendizagem<br />

quantos são os desejos, as demandas e os potenciais da<br />

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meninada por se realizarem em toda sua plenitude.<br />

Quando se liga tudo isso, forma-se uma teia de<br />

comunidades de aprendizagem. Uma cidade educativa é<br />

uma teia de aprendizagem permanente.<br />

O trabalho da UTI Educacional se refletiu na comunidade<br />

de Araçuaí e provocou muitas mudanças de atitudes.<br />

Adultos e jovens tornaram-se pró-ativos,<br />

comprometendo-se com o lugar onde vivem, investindo<br />

mais na escola e na sua formação. Precisamos zerar a<br />

UTI Educacional e colocar 100% dos meninos na Cidade<br />

Educativa. Esta é a grande e prazerosa encrenca que<br />

esperamos ajudar a construir em Araçuaí. Tomara que a<br />

próxima administração municipal (2005/2008) não<br />

recue, mas avance nessa direção.<br />

Foi pensando nisso que investimos, por exemplo, na<br />

criação do Banco de Livros de Araçuaí S.A.(solidariedade<br />

e autonomia), hoje com mais de 15 mil livros para troca,<br />

um por um. Com um livro você pode ler todo o acervo,<br />

basta trocar. E todos os livros foram obtidos na própria<br />

cidade. Nesse banco não há taxas de risco, juros ou<br />

inflação; seu capital só aumenta e circula. A Biblioteca<br />

Pública Municipal é outro exemplo do desejo de aprender<br />

da meninada. Há alguns meses, era um espaço físico

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