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Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial

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muitos problemas de aprendizagem, empregando todos<br />

os recursos disponíveis, como as placas, os jogos e os<br />

livros. E muito “cafuné pedagógico”. <strong>De</strong>pois de cinco<br />

semanas, alguns alunos estavam ainda no nível de<br />

insuficiência, mas nenhum deles estava mais no nível<br />

crítico. Ou seja, o laboratório funcionou. A partir daí<br />

construímos o projeto tendo em mente que é preciso<br />

cercar os meninos de afetos e “cafunés pedagógicos” e<br />

que é fundamental convocar toda a comunidade para<br />

educar bem cada uma de suas crianças.<br />

Como surgiu a idéia de trabalhar com as mães cuidadoras<br />

e com os agentes comunitários jovens?<br />

Tião Rocha: O CPCD aprendeu em Moçambique que é<br />

preciso toda uma aldeia para educar uma criança. Para<br />

nós, isso virou uma bandeira, algo para ser exercitado<br />

sempre. Pensar a comunidade como essa aldeia é<br />

também desenvolver um olhar muito mais cuidadoso e<br />

seletivo. É preciso acreditar que existe riqueza em toda e<br />

qualquer comunidade e que este patrimônio pode ser<br />

usado como matéria prima de educação. E quando<br />

falamos de riqueza falamos no sentido pleno: riqueza de<br />

conhecimentos, sabedorias, habilidades e atitudes.<br />

Usamos também a experiência do CPCD desenvolvida em<br />

outros lugares. Por exemplo, a formação de mães<br />

educadoras dos Projetos Sementinha (ou a escola<br />

debaixo do pé de manga) em Santo André (SP), Porto<br />

Seguro (BA), Laranjal do Jari (AP), Pinheiro (MA). Por<br />

sua natureza e formação cultural, as mulheres e mães<br />

são cuidadoras natas. Têm conhecimentos, habilidades e<br />

atitudes para cuidar. Convocamos essas mulheres (às<br />

vezes, aparecem alguns homens e ótimos pais<br />

cuidadores). <strong>De</strong>mos a formação profissional e passamos<br />

a trabalhar junto com elas nas suas próprias<br />

comunidades. O resultado foi incrível! Elas garantiram<br />

com o seu cuidado a aprendizagem da meninada.<br />

Nas cidades mineiras de Curvelo, Divinópolis e<br />

Governador Valadares, tivemos outra experiência muito<br />

positiva e exemplar, que foi preparar jovens soldados dos<br />

Tiros de Guerra para atuar como agentes comunitários<br />

de educação. Pena que o Exército não quis continuar<br />

essa experiência. Teríamos hoje mais de 30 mil jovens de<br />

19 anos atuando como agentes comunitários de<br />

educação em 235 cidades de porte médio do interior<br />

brasileiro. Mas isto é outra história. Fizemos a mesma<br />

13<br />

formação em Araçuaí para que os jovens da zona rural,<br />

principalmente, pudessem participar do projeto como<br />

agentes de transformação. O envolvimento e<br />

compromisso da moçada foram excelentes.<br />

É importante ressaltar que formamos mais de 120<br />

pessoas das comunidades rurais, não para substituir os<br />

professores, mas para trabalhar além deles, junto da<br />

escola, e não no lugar da escola. Acreditamos que a<br />

escola pública tem que dar conta da sua função social,<br />

que é alfabetizar bem seus alunos. O trabalho de<br />

formação de educadores sociais faz parte do repertório<br />

do CPCD nos seus 21 anos de dedicação à educação<br />

popular. Convocamos também os professores da rede<br />

municipal para fazer uma capacitação em “salvamento<br />

de meninos de UTI” e para formar, junto com as mães<br />

cuidadoras e os agentes comunitários de educação, um<br />

time para jogar e vencer esse jogo: salvar os meninos do<br />

analfabetismo.<br />

À medida que o projeto foi se realizando, novas ações e<br />

idéias foram incorporadas. Era necessário “perseguir o<br />

acontecido”, como dizia Guimarães Rosa. Um dia,<br />

convidamos o cantor e compositor Rubinho do Vale para<br />

fazer uma cantoria na zona rural. Os artistas raramente

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