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Centro Popular De Cultura E Desenvolvimento - Imprensa Oficial

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O projeto foi se descortinando para mim como uma educação artesanal, com o toque das mãos das pessoas da<br />

região, feito de idéias simples, como aprender a contar no cacho da bananeira, escrever com a massa de<br />

biscoito ou pintar as escolas com tinta de terra, entre tantas outras. Fui percebendo o diálogo entre as gerações<br />

das mães e pais cuidadores, dos jovens agentes comunitários de educação e dos alunos. Todos se educando<br />

mutuamente na relação com o outro. Mães cuidadoras, antes inseguras e tímidas, começaram a sentir orgulho<br />

de ensinar o que sabem e mostraram que querem saber mais. Muitas se matricularam no EJA (Educação de<br />

Jovens e Adultos). Animados com o trabalho, os agentes comunitários de educação passaram a se interessar<br />

pelo lugar onde vivem e a desenhar planos para um futuro luminoso. Vendo as crianças com livros de histórias<br />

debaixo do braço ou em lugares tão importantes para a comunidade, como a tenda de farinha, o engenho ou a<br />

horta, os moradores ficaram mais perto da escola e hoje participam das atividades realizadas ali, junto com os<br />

educadores e os alunos.<br />

Essa escola, que vai muito além das paredes da sala de aula, que é andarilha e circula em diferentes espaços da<br />

comunidade, certamente deixou os alunos livres e felizes. Com uma relação afetuosa com a escola, aprender<br />

ficou mais leve. Meninos e meninas conquistaram o direito de tropeçar nas letras, de confundir os números e de<br />

ir se apropriando dos códigos do mundo letrado, cada um no seu ritmo.<br />

Quando terminei de escrever as pequenas histórias colhidas nas comunidades rurais de Araçuaí, procurei Gutt<br />

Chartone. Espalhei centenas de fotos sobre a mesa e lhe mostrei meu trabalho, que ainda estava fragmentado e<br />

solto. Mineiramente, com poucas palavras, ele me pediu alguns dias. Enquanto isso, puxou o fio das histórias e<br />

foi tecendo com sensibilidade a unidade que faltava. Escolheu as fotos, brincou com seus detalhes e imprimiu<br />

nas páginas em branco um pouco do clima e das cores da terra, da beleza e da alegria de sua gente.<br />

É esse trabalho que apresentamos a você.<br />

10<br />

Rosangela Guerra

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