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embarcações, artes e procedimentos da pesca artesanal no

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EMBARCAÇÕES, ARTES E PROCEDIMENTOS DA PESCA ARTESANAL<br />

NO LITORAL SUL DO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL<br />

PAULO DE TARSO CHAVES 1 & MAURÍCIO DE CASTRO ROBERT<br />

Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de Federal do Paraná. C.P. 19020,<br />

81531-980, Curitiba, Brasil. Tel. (41) 361-1769. 1 ptchaves@ufpr.br<br />

A <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> litoral do Paraná<br />

RESUMO<br />

As <strong>embarcações</strong> e as <strong>artes</strong> de <strong>pesca</strong> utiliza<strong>da</strong>s pelos <strong>pesca</strong>dores profissionais <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des basea<strong>da</strong>s <strong>no</strong> litoral sul do<br />

Paraná (município de Guaratuba) e em Barra do Saí (município de Itapoá, Estado de Santa Catarina) são descritas, bem como<br />

as operações de <strong>pesca</strong> rotineiramente efetua<strong>da</strong>s na plataforma continental rasa. Observações diretas e 66 entrevistas<br />

permitiram catalogar 7 tipos de embarcação e 7 tipos principais de <strong>artes</strong> de <strong>pesca</strong>. Constataram-se diferenças entre<br />

comuni<strong>da</strong>des quanto ao tipo predominante de embarcação, fato em parte explicável pelas condições locais de navegabili<strong>da</strong>de.<br />

Camarões e peixes são explotados de forma diferencia<strong>da</strong> ao longo do a<strong>no</strong>, em função <strong>da</strong> legislação e do tipo de petrecho<br />

utilizado. O monitoramento visual efetuado durante 13 meses revelou que a plataforma rasa não é utiliza<strong>da</strong> apenas pelas<br />

<strong>embarcações</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, mas também por <strong>embarcações</strong> provenientes de outras regiões. Na época de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong><br />

de arrasto, a proporção de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte aumenta, concomitante ao uso de outras <strong>artes</strong> de <strong>pesca</strong>, mas o<br />

arrasto continua ocorrendo.<br />

PALAVRAS-CHAVE: <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal, <strong>artes</strong> de <strong>pesca</strong>, <strong>embarcações</strong>, Paraná.<br />

ABSTRACT<br />

Boats, gears and procedures of the artisanal fishing at the southern coast of Paraná state, Brazil<br />

This work describes boats and gears employed by artisanal fishermen of the Southern Paraná coast, Brazil, and analyses the<br />

fishing procedures performed at the shallow continental shelf. Seven types of boats and 7 main types of gears were identified.<br />

Differences between the fisherman communities were registered concerning the most common type of boat used in fisheries, a<br />

fact that can be explained by local conditions of navigability. Shrimps and fishes are exploited by different gears along the year,<br />

as a consequence of the governmental fisheries regulations and the types of equipment used. Visual monitoring along 13<br />

months showed that the boats of these communities are <strong>no</strong>t the only ones that exploit the studied area, but also boats coming<br />

from other regions of Southern Brazil. At the period when trawl fisheries are forbidden, the number of small boats working in the<br />

continental shelf, relative to the number of medium and large ones, increases.<br />

KEY WORDS: artisanal fishery, fishing gears, boats, Paraná.<br />

1 – INTRODUÇÃO<br />

A <strong>pesca</strong> <strong>no</strong> litoral do Paraná é essencialmente <strong>artes</strong>anal, ou <strong>artes</strong>anal e costeira (sensu Reis 1993),<br />

pratica<strong>da</strong> <strong>no</strong> interior dos estuários e na plataforma continental rasa. Segundo Paiva (1997), <strong>no</strong> período 1980-1994<br />

os desembarques industriais compuseram me<strong>no</strong>s que 10% do total desembarcado, mas é provável que este valor<br />

esteja superestimado pela ausência de estatística segura <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal. Quatro comuni<strong>da</strong>des pesqueiras<br />

dispõem-se <strong>no</strong> trecho sul do Estado, numa extensão <strong>no</strong>rte-sul de aproxima<strong>da</strong>mente 15 quilômetros: Piçarras e<br />

Caieiras, na Baía de Guaratuba; Brejatuba, em área de praia exposta; e Coroados (ou Barra do Saí-Guaçu), junto<br />

à foz do Rio Saí-Guaçu. No limite <strong>no</strong>rte de Santa Catarina encontra-se, <strong>no</strong> estuário do Rio Saí-Mirim, a<br />

comuni<strong>da</strong>de de Barra do Saí, que rotineiramente atua <strong>no</strong> litoral sul do Paraná. A <strong>pesca</strong> na região foi abor<strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />

Loyola e Silva & Nakamura (1975) (Caieiras) e Loyola e Silva et al. (1977) (Caieiras, Brejatuba e Piçarrras), mas<br />

nas últimas déca<strong>da</strong>s alguns fatores podem ter alterado as características <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Um deles, a forte<br />

urbanização <strong>da</strong>s áreas em que se encontram as comuni<strong>da</strong>des cita<strong>da</strong>s, utiliza<strong>da</strong>s de forma crescente como<br />

estâncias balneárias. Outro, a introdução ao final dos a<strong>no</strong>s 90, na Baía de Guaratuba, <strong>da</strong> prática de cultivos<br />

aqüícolas (ostras e camarões), pretendendo tornar-se opção de rendimentos aos <strong>pesca</strong>dores aí instalados<br />

(Chaves et al. 2002).<br />

O presente trabalho descreve os elementos envolvidos na ativi<strong>da</strong>de pesqueira <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> sul do Estado,<br />

constando do censo dos tipos de <strong>embarcações</strong> e <strong>artes</strong> de <strong>pesca</strong> emprega<strong>da</strong>s pelos <strong>pesca</strong>dores profissionais, bem<br />

como <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> rotina de operações de <strong>pesca</strong> realiza<strong>da</strong>s na plataforma rasa desta região. A <strong>no</strong>menclatura e<br />

os hábitos relatados constituem uma base de informações para trabalhos de gestão pesqueira e fomento à <strong>pesca</strong><br />

<strong>artes</strong>anal neste trecho <strong>da</strong> costa brasileira.<br />

2 – MATERIAL E MÉTODOS<br />

A região de estudo é delimita<strong>da</strong> pela Baía de Guaratuba (25 o 52'S; 48 o 39'W) e pelo estuário do Rio Saí-Mirim<br />

(25 o 59'S; 48 o 36'W), compreendendo um trecho de plataforma rasa com aproxima<strong>da</strong>mente 15 km de extensão<br />

<strong>no</strong>rte-sul e profundi<strong>da</strong>de máxima de aproxima<strong>da</strong>mente 20 metros (Fig. 1).<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003. 53


Paulo de Tarso Chaves & Maurício de Castro Robert<br />

FIGURA 1 – Localização <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des pesqueiras instala<strong>da</strong>s <strong>no</strong> litoral sul do Estado do Paraná e na divisa com o Estado<br />

de Santa Catarina: 1, Caieiras; 2, Piçarras; 3, Brejatuba; 4, Coroados (foz do Rio Saí-Guaçu, S.G.); 5, Barra do Saí (foz do Rio<br />

Saí-Mirim, S.M.). De 3 a 5, pontos de monitoramento visual <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> na plataforma. No detalhe, posicionamento <strong>da</strong> região na<br />

costa brasileira (peque<strong>no</strong> círculo).<br />

Para caracterização <strong>da</strong>s <strong>embarcações</strong> e <strong>da</strong>s <strong>artes</strong> utiliza<strong>da</strong>s pelas cinco comuni<strong>da</strong>des estabeleci<strong>da</strong>s nessa<br />

região, durante o segundo semestre de 2001 foi realiza<strong>da</strong> uma fase de entrevistas com os <strong>pesca</strong>dores, <strong>no</strong>s<br />

atracadouros e em suas residências: 11 em Piçarras, 16 em Caieiras, 8 em Brejatuba, 10 em Coroados e 21 em<br />

Barra do Saí. Os <strong>da</strong>dos obtidos foram: com relação às <strong>embarcações</strong>, a de<strong>no</strong>minação regional segundo o tipo, seu<br />

comprimento, potência do motor, material de construção, forma do fundo e os acessórios disponíveis; com relação<br />

aos petrechos, sua de<strong>no</strong>minação regional, dimensões e os <strong>pesca</strong>dos capturados. Em to<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong>des,<br />

observações diretas <strong>da</strong>s <strong>embarcações</strong> e <strong>artes</strong> também foram realiza<strong>da</strong>s.<br />

As entrevistas foram utiliza<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> para recolher informações sobre os locais de <strong>pesca</strong>, se estuário ou<br />

plataforma, e, neste caso, a que distância máxima <strong>da</strong> costa. Em caráter complementar, sabendo-se que muitos<br />

pesqueiros que operam na plataforma rasa não pertencem às comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região, efetuou-se um<br />

monitoramento visual <strong>da</strong>s <strong>embarcações</strong> e <strong>da</strong>s operações que realizavam. Para tal, entre março de 2001 e março<br />

de 2002, três pontos na praia (Brejatuba, 25 o 55'S; 48 o 34'W; Coroados, 25 o 58'S; 48 o 35'W; e Barra do Saí, 25 o 59'S;<br />

48 o 36'W) foram visitados 10 vezes ca<strong>da</strong> um, em diferentes ocasiões (Tab. 1). Em ca<strong>da</strong> vez, seis toma<strong>da</strong>s de<br />

<strong>da</strong>dos foram efetua<strong>da</strong>s, espaça<strong>da</strong>s entre si por 30 minutos, iniciando entre 8 e 9h <strong>da</strong> manhã e estendendo-se por<br />

três horas consecutivas. O mesmo observador, utilizando binóculo com aumento 8X40, computou as <strong>embarcações</strong><br />

que operavam num campo de 180 o até a linha do horizonte. Face às limitações impostas pela visualização à<br />

distância, as <strong>embarcações</strong> foram classifica<strong>da</strong>s em apenas quatro categorias: 1 – peque<strong>no</strong> porte: sem casario e<br />

sem tangones; tipo ca<strong>no</strong>a, peque<strong>no</strong>s botes e bateiras; 2 – médio porte: sem casario mas com tangones<br />

e <strong>no</strong>rmalmente com uma cobertura de toldo; tipo grandes botes e bateiras; 3 – médio porte: com casario, tangones<br />

e <strong>no</strong>rmalmente com antena de rádio; tipo baleeiras; e 4 – grande porte: operando em parelhas, com casario e<br />

aparato suspenso para recolhimento <strong>da</strong> rede.<br />

TABELA 1 – Data <strong>da</strong>s observações visuais de <strong>pesca</strong> na plataforma, segundo o local. *: época de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong><br />

de arrasto camaroneiro na região.<br />

54<br />

Número <strong>da</strong> Brejatuba Coroados Barra<br />

observação<br />

do Saí<br />

1 21/04/01* 09/04/01* 26/03/01*<br />

2 14/05/01* 28/05/01* 30/04/01*<br />

3 30/06/01 07/07/01 13/06/01<br />

4 21/07/01 05/08/01 24/07/01<br />

5 18/08/01 14/09/01 05/09/01<br />

6 05/10/58 16/10/01 26/10/01<br />

7 07/11/01 12/11/01 24/11/01<br />

8 08/12/01 27/12/01 09/01/02<br />

9 19/01/02 10/02/02 17/02/02<br />

10 23/02/02 09/03/02* 16/03/02*<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003.


A <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> litoral do Paraná<br />

As operações de <strong>pesca</strong>, por sua vez, foram classifica<strong>da</strong>s através do monitoramento visual em três<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des: 1 – arrasto com portas (envolvendo uma embarcação de peque<strong>no</strong> ou médio porte); 2 – arrasto de<br />

parelha (duas <strong>embarcações</strong> de grande porte); e 3 – <strong>pesca</strong> com fundeio ou caceio, sem possibili<strong>da</strong>de de distinção<br />

entre ambos (embarcação de peque<strong>no</strong> porte). O monitoramento visual incluiu períodos de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong><br />

camaroneira com arrasto (março, abril e maio de 2001 e março de 2002 – Portaria MMA 74, de 13/2/2001),<br />

compreendendo 8 observações do total <strong>da</strong>s 30 realiza<strong>da</strong>s (Tab. 1). Os valores médios obtidos, quanto a<br />

categorias de embarcação e mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de <strong>pesca</strong>, foram comparados entre pontos e entre observações por<br />

Análise de Variância.<br />

3 – RESULTADOS<br />

Embarcações<br />

Através <strong>da</strong>s entrevistas junto aos <strong>pesca</strong>dores, 7 tipos de <strong>embarcações</strong> foram registrados <strong>no</strong> conjunto <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des:<br />

1 – ca<strong>no</strong>as de madeira – comprimento 6 a 10 m; motor de centro com 11 a 24 hp; monóxilas, ou seja,<br />

construí<strong>da</strong>s a partir de tora única escava<strong>da</strong>, com fundo quilhado, em forma de V;<br />

2 – ca<strong>no</strong>as de fibra-de-vidro – 8 a 9 m; motor de centro com 11 a 24 hp; mesma forma do tipo anterior,<br />

porém fabrica<strong>da</strong>s com resina sintética e fibra de vidro; fundo quilhado, em forma de V;<br />

3 – botes – 7 a 10 m; motor de centro com 9 a 36 hp; confeccionados com tábuas encaixa<strong>da</strong>s de forma<br />

coplanar (lisa); fundo quilhado ou chato (pla<strong>no</strong>); podem possuir guincho e tangones (dois por embarcação,<br />

utilizados para tração <strong>da</strong>s redes de arrasto pelo costado);<br />

4 – bateirinhas; 3,5 a 5 m; propulsão a remo; fundo chato; atuam sozinhas ou auxiliam as <strong>embarcações</strong><br />

motoriza<strong>da</strong>s quando <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> <strong>no</strong>s estuários, ou são transporta<strong>da</strong>s como salva-vi<strong>da</strong>s de <strong>embarcações</strong> do tipo<br />

baleeira, na <strong>pesca</strong> em plataforma;<br />

5 – bateiras; >8 m; motor de centro com 11 hp ou superior; construí<strong>da</strong>s com tábuas de madeira coplanares<br />

(lisas) ou imbrica<strong>da</strong>s (escama<strong>da</strong>s); podem possuir guincho e tangones. A de<strong>no</strong>minação bateira, como também<br />

bateirinha, advém de seu fundo chato "bater" contra as on<strong>da</strong>s;<br />

6 – baleeiras; 8 a 13 m; motor de centro com 22 a 115 hp; maioria com tábuas de madeira coplanares<br />

(lisas), to<strong>da</strong>s com casario, convés, tangones e guincho; muitas possuem geladeira e banheiro. Baleeiras<br />

<strong>no</strong>rmalmente não operam <strong>no</strong> interior dos estuários; e<br />

7 – lanchas de alumínio; 1,2 m; motor de popa com 15 hp; raro registro na <strong>pesca</strong> profissional.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo as entrevistas, constatou-se que Piçarras é a comuni<strong>da</strong>de que concentra a maior proporção<br />

de baleeiras em relação ao total de <strong>embarcações</strong>, enquanto Barra do Saí ca<strong>no</strong>as de madeira (80% em ambas);<br />

em Brejatuba, apenas ca<strong>no</strong>as foram registra<strong>da</strong>s; em Caieiras e Coroados a distribuição entre os tipos de<br />

embarcação foi mais equitativa com botes compondo a maioria <strong>da</strong>s <strong>embarcações</strong>.<br />

Artes de Pesca<br />

As entrevistas junto aos <strong>pesca</strong>dores e observações diretas permitiram o registro de 7 tipos de <strong>artes</strong> de<br />

<strong>pesca</strong> na região:<br />

1 – redes de arrasto com pranchas (ou portas de madeira, quando de maior tamanho e constituí<strong>da</strong>s por<br />

tábuas vaza<strong>da</strong>s); malhas <strong>no</strong> ensacador variando de 1 a 6 cm entre nós opostos; puxa<strong>da</strong>s pela popa ou pelo<br />

costado, sempre de fundo;<br />

2 – redes de emalhe; malhas variando de 5 a 40 cm entre nós opostos, operando com algumas formas<br />

particulares: "caceio", de superfície ou de fundo, a qual fica à deriva; uma variação de caceio de fundo é o caracol,<br />

em que a rede é força<strong>da</strong> em semi-circunferência através de uma de suas extremi<strong>da</strong>des presa à embarcação; e<br />

"fundeio", rede presa ao fundo por poitas de ferro; nesta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de, os pa<strong>no</strong>s, interligados, podem ultrapassar<br />

3500 m de extensão. Uma variação de caceio relata<strong>da</strong> para os estuários foi o "lance batido", envolvendo<br />

a disposição <strong>da</strong> rede em semi-circunferência havendo a produção de estímulos so<strong>no</strong>ros (remo, motor) para a<br />

movimentação dos peixes de encontro à rede;<br />

3 – tarrafas; 12 diferentes tamanhos de malha, de 2 a 18 cm entre nós opostos, utiliza<strong>da</strong>s sobretudo <strong>no</strong>s<br />

estuários e na boca <strong>da</strong>s baías, quando <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> de tainhas (inver<strong>no</strong>);<br />

4 – gerival ou cambau; rede cônica (2,5 a 3 m de largura) arrasta<strong>da</strong> por cor<strong>da</strong>, manualmente ou por<br />

embarcação; malha de 2,5 ou 3 cm <strong>no</strong> ensacador; restrito aos estuários;<br />

5 – espinhel; com anzóis de 7 cm, tendo como isca pequenas tainhas; pouco utilizado;<br />

6 – puçá; utiliza como atrativo cabeças de peixe, sendo eficiente para captura de camarões e peque<strong>no</strong>s<br />

peixes, os quais são vendidos como isca-viva; restrito aos estuários;<br />

7 – vara de molinete; pouco utiliza<strong>da</strong> na <strong>pesca</strong> profissional; utiliza como isca camarões e barrigudinhos.<br />

Camarões peneídeos e peixes cianídeos, carangídeos e condrícties estão entre os <strong>pesca</strong>dos mais citados<br />

pelas comuni<strong>da</strong>des em suas capturas, com distinção entre as <strong>artes</strong> (Tab. 2).<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003. 55


Paulo de Tarso Chaves & Maurício de Castro Robert<br />

TABELA 2 – Principais componentes <strong>da</strong> captura, segundo a arte ou forma particular utiliza<strong>da</strong>, conforme declarado<br />

pelas comuni<strong>da</strong>des <strong>no</strong> litoral sul do Paraná. Os <strong>no</strong>mes populares citados pelos <strong>pesca</strong>dores são seguidos entre<br />

parênteses pela de<strong>no</strong>minação científica.<br />

Arte de <strong>pesca</strong> Capturas principais<br />

Arrasto de fundo Camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri 1 ), camarão branco (Penaeus shmitti 1 ), camarão<br />

pistola (Penaeus shmitti e Farfantepenaeus spp 1 ) e mistura*.<br />

Caceio de fundo Betaras (Menticirrhus americanus e M. littoralis), <strong>pesca</strong><strong>da</strong>s (Cy<strong>no</strong>scion spp), camarão branco<br />

(Penaeus shmitti 1 ), corvina (Micropogonias furnieri) e mistura*.<br />

Caceio boiado Cavala (Scomberomorus sp), salteira (Oligoplites sp), anchova (Pomatomus saltator), cação<br />

(várias famílias de Squaliformes), corvina (Micropogonias furnieri), paru (Chaetodipterus faber) e<br />

tainha (Mugil spp).<br />

Caceio redondo Camarão branco (Penaeus shmitti 1 ), <strong>pesca</strong><strong>da</strong>s (Cy<strong>no</strong>scion spp), mistura* e betaras (Menticirrhus<br />

americanus e M. littoralis).<br />

Fundeio Pesca<strong>da</strong>s (Cy<strong>no</strong>scion spp), corvina (Micropogonias furnieri), cações (várias famílias de<br />

Squaliformes, além de raia-viola, Rhi<strong>no</strong>batos spp), bagre (Netuma barba), linguado (Paralichthys<br />

spp), mistura*, salteira (Oligoplites sp), e betaras (Menticirrhus americanus e M. littoralis).<br />

Tarrafa Tainha (Mugil platanus), parati (Mugil spp), robalo (Centropomus spp), garoupa (Epinephelus sp),<br />

manjuba (Engrauli<strong>da</strong>e), <strong>pesca</strong><strong>da</strong>s (Cy<strong>no</strong>scion spp) e sardinha (Clupei<strong>da</strong>e).<br />

Gerival (=cambal) Camarão branco (Penaeus shmitti 1 ) <strong>no</strong> interior de estuários.<br />

Espinhel Badejo (Mycteroperca sp), garoupa (Epinephelus sp) e caranha (Haemuli<strong>da</strong>e).<br />

Puçá Siris, camarões estuari<strong>no</strong>s e barrigudinhos (Cypri<strong>no</strong>dontiformes).<br />

Vara de molinete Robalo (Centropomus spp), oveva (Larimus breviceps), escrivães (Euci<strong>no</strong>stomus spp), betaras<br />

(Menticirrhus americanus e M. littoralis) e caratinga (Eugerres brasilianus).<br />

( 1 ) M.Sc Adriana Rickli, com. pess. (*) Por mistura entende-se um conglomerado de espécies de peque<strong>no</strong> porte e baixo valor<br />

comercial: Gerrei<strong>da</strong>e, Carangi<strong>da</strong>e, alguns Pleuronectiformes, alguns Sciaeni<strong>da</strong>e, etc.<br />

Rotina de Operações.<br />

As entrevistas indicaram que as comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região <strong>pesca</strong>m principalmente na plataforma. Na<br />

comuni<strong>da</strong>de de Caieiras registrou-se a maior versatili<strong>da</strong>de de uso estuário/plataforma e na de Brejatuba o<br />

exclusivo uso <strong>da</strong> plataforma como área de <strong>pesca</strong> (Fig. 2). A máxima distância relata<strong>da</strong> de afastamento <strong>da</strong> costa<br />

variou, na média, de 5 a 20 km, esta última tendo sido registra<strong>da</strong> na comuni<strong>da</strong>de de Piçarras (Fig. 2).<br />

56<br />

100<br />

90<br />

% 80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Apenas estuário Apenas plataforma Estuário e plataforma<br />

Piçarras<br />

(20)<br />

Caieiras (7)<br />

Brejatuba<br />

(18)<br />

Comuni<strong>da</strong>de<br />

FIGURA 2 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência relativa de citações de uso dos locais de <strong>pesca</strong> pelos <strong>pesca</strong>dores. Entre parênteses:<br />

distância média de maior afastamento <strong>da</strong> costa (em quilômetros), segundo a comuni<strong>da</strong>de.<br />

Das quatro categorias de <strong>embarcações</strong> observa<strong>da</strong>s <strong>no</strong> monitoramento visual de plataforma, <strong>no</strong> total do<br />

período aquelas de peque<strong>no</strong> porte perfizeram entre 44,1% (Brejatuba) e 63,4% (Barra do Saí) do conjunto de<br />

<strong>embarcações</strong> em operação, sem diferença significativa (α: 0,05) entre as três locali<strong>da</strong>des de estudo (Tab. 3).<br />

Excluído o período de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> camaroneira, a média de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte situou-se entre<br />

40,3% (Brejatuba) e 54,9% (Coroados) do conjunto de <strong>embarcações</strong>, igualmente sem diferença entre as três<br />

locali<strong>da</strong>des (α: 0,05). No total do período, a proporção entre <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte e o conjunto de<br />

<strong>embarcações</strong> foi significativamente maior (α: 0,05) nas observações de número 2 e 10, em relação às de número<br />

3, 7 e 9 (Tab. 4). Considerado apenas o período sem defeso, não houve diferença significativa entre as<br />

observações (α: 0,05) (Fig. 3).<br />

Coroados<br />

(5)<br />

B. do Saí<br />

(10)<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003.


A <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> litoral do Paraná<br />

TABELA 3 – Proporção média (X) de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte na região de estudo e seu erro-padrão (E),<br />

em relação ao total em operação, e de <strong>embarcações</strong> operando com arrasto de portas, em relação ao total em<br />

ativi<strong>da</strong>de de <strong>pesca</strong>, segundo o ponto de observação. Todo o período de estudo: março/2001 a março/2002;<br />

excluído o período de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> de arrasto camaroneiro: junho/2001 a fevereiro/2002.<br />

Embarcações peque<strong>no</strong> porte (%) Arrasto com portas (%)<br />

Ponto de Todo o período Excluído defeso Todo o período Excluído defeso<br />

observação X E X E X E X E<br />

Brejatuba 44,1 4,6 40,3 3,7 65,7 9,6 69,2 7,0<br />

Coroados 60,5 5,8 54,9 6,0 48,1 9,1 65,3 2,7<br />

Barra do Saí 63,4 8,3 54,0 8,7 52,2 7,8 62,3 8,0<br />

TABELA 4 – Proporção média (X) de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte em operação na região de estudo e seu<br />

erro-padrão (E), em relação às demais categorias, e proporção média de operações de arrasto com portas, em<br />

relação ao conjunto fundeio+caceio+arrasto de parelha, em ambos os casos de acordo com o número de ordem<br />

<strong>da</strong> observação (conforme Tabela 1).<br />

%<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Número <strong>da</strong> Embarcações de Arrasto com portas<br />

observação peque<strong>no</strong> porte (%) (%)<br />

X E X E<br />

1 62,4 7,1 12,6 10,0<br />

2 75,0 16,2 46,2 17,2<br />

3 41,7 10,2 61,1 9,3<br />

4 43,6 7,0 63,1 7,2<br />

5 57,7 4,1 70,4 16,1<br />

6 59,2 10,6 77,8 5,0<br />

7 40,4 8,6 68,9 8,3<br />

8 60,3 13,2 69,4 6,4<br />

9 39,8 16,6 57,6 14,9<br />

10 79,8 12,6 18,6 12,5<br />

1* 2* 3 4 5 6 7 8 9 10*<br />

Observação<br />

FIGURA 3 – Distribuição dos valores médios (com seu erro-padrão) <strong>da</strong> proporção de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte, em<br />

relação ao total em operação de <strong>pesca</strong>, <strong>no</strong> monitoramento visual realizado <strong>no</strong> litoral sul do Estado do Paraná, segundo a<br />

observação (conforme Tabela 1). Observação número 10: média considerando apenas Coroados e Barra do Saí; demais:<br />

Brejatuba, Coroados e Barra do Saí. *: observações em época de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> de arrasto camaroneiro.<br />

Das três mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de <strong>pesca</strong> observa<strong>da</strong>s <strong>no</strong> monitoramento visual, <strong>no</strong> total do período a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de<br />

"arrasto com portas" foi registra<strong>da</strong> em 48,1% (Coroados) a 65,7% (Brejatuba) <strong>da</strong>s operações, sem diferença<br />

significativa entre os locais (α: 0,05). Excluído o período de defeso, arrasto com portas foi registrado em 62,3%<br />

(Barra do Saí) a 69,2% (Brejatuba) <strong>da</strong>s operações, também sem diferença significativa entre as três locali<strong>da</strong>des de<br />

estudo (α: 0,05) (Tab. 3). No total do período, a proporção de operações de arrasto com portas foi<br />

significativamente me<strong>no</strong>r (α: 0,05) nas observações de número 1 e 10, em relação às de número 3 a 9 (Tab. 4).<br />

Considerado apenas o período sem defeso, não houve diferença significativa (α: 0,05) entre elas (Fig. 4).<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003. 57


Paulo de Tarso Chaves & Maurício de Castro Robert<br />

58<br />

100<br />

%<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

1* 2* 3 4 5 6 7 8 9 10*<br />

Observação<br />

FIGURA 4 – Distribuição dos valores médios (com seu erro-padrão) <strong>da</strong> proporção de operações de arrasto com portas, em<br />

relação ao conjunto de operações identifica<strong>da</strong>s, <strong>no</strong> monitoramento visual realizado <strong>no</strong> litoral sul do Estado do Paraná, segundo<br />

a observação (conforme Tabela 1). Observação número 10: média apenas Coroados e Barra do Saí; demais: Brejatuba,<br />

Coroados e Barra do Saí. *: observações em época de defeso <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> de arrasto camaroneiro.<br />

4 – DISCUSSÃO<br />

Embora o setor estu<strong>da</strong>do seja peque<strong>no</strong> relativamente à extensão <strong>da</strong> costa sul do Brasil, são varia<strong>da</strong>s as<br />

<strong>embarcações</strong> e <strong>artes</strong> envolvi<strong>da</strong>s na <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal aí pratica<strong>da</strong>. O fato pode ser explicado, em parte, pela<br />

heterogenei<strong>da</strong>de de ambientes em que vivem as 5 comuni<strong>da</strong>des estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, envolvendo estuários e praia exposta,<br />

com implicações físicas e econômicas associa<strong>da</strong>s. De fato, as comuni<strong>da</strong>des de Piçarras e Caieiras localizam-se<br />

numa baía; ali, a profundi<strong>da</strong>de do canal oferece melhores condições de navegabili<strong>da</strong>de que as encontra<strong>da</strong>s pelas<br />

demais comuni<strong>da</strong>des. Além disso, é em Piçarras que se encontram as únicas indústrias de processamento<br />

de <strong>pesca</strong>do sedia<strong>da</strong>s na região, bem como a maior do Estado do Paraná, o que incentiva a operação de<br />

<strong>embarcações</strong> maiores ("semi-industriais", sensu Reis 1993), que alcançam maior afastamento <strong>da</strong> costa. Num<br />

outro extremo de condições, a comuni<strong>da</strong>de de Brejatuba lança suas ca<strong>no</strong>as diretamente <strong>da</strong> terra para o mar,<br />

contra a zona de arrebentação, fato que limita as dimensões e a diversi<strong>da</strong>de de formas <strong>da</strong>s <strong>embarcações</strong>.<br />

Em Coroados e Barra do Saí as <strong>embarcações</strong> são recolhi<strong>da</strong>s em ambiente estuari<strong>no</strong>-fluvial, mas a profundi<strong>da</strong>de e<br />

o nível <strong>da</strong> maré nas respectivas barras (Rios Saí-Guaçu e Saí-Mirim) limitam o calado e a diversi<strong>da</strong>de de formas.<br />

Outro fator que promove a diversi<strong>da</strong>de de <strong>embarcações</strong> e <strong>artes</strong> <strong>no</strong> trecho estu<strong>da</strong>do é a versatili<strong>da</strong>de necessária<br />

para a <strong>pesca</strong> estuarina. Com efeito, as comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região (exceto a de Brejatuba) não atuam apenas na<br />

plataforma, mas também <strong>no</strong> interior dos estuários, onde realizam <strong>pesca</strong> de subsistência (sobretudo em época de<br />

defeso de <strong>pesca</strong> camaroneira na plataforma) e captura de isca-viva, além de alugar suas <strong>embarcações</strong> para<br />

<strong>pesca</strong>dores esportivos durante férias e finais-de-semana (Chaves et al. 2002). Apesar <strong>da</strong> existência de diferenças<br />

entre comuni<strong>da</strong>des quanto às <strong>embarcações</strong> que baseiam, a proporção de pequenas <strong>embarcações</strong> operando na<br />

plataforma, em relação às maiores, foi semelhante entre os três pontos de observação, indicando que, quando em<br />

ativi<strong>da</strong>de de <strong>pesca</strong>, a frota se distribui de maneira aleatória ao longo do trecho.<br />

As <strong>embarcações</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s são me<strong>no</strong>res que aquelas utiliza<strong>da</strong>s pela <strong>pesca</strong> industrial ou<br />

semi-industrial, que <strong>no</strong> entanto operam <strong>no</strong> mesmo setor geográfico <strong>da</strong>s primeiras. As de grande porte, operando<br />

em parelhas, provavelmente provêm dos portos de Santos e Itajaí. Medeiros et al. (1997) apontam que tal situação<br />

é problemática para as comuni<strong>da</strong>des <strong>artes</strong>anais do litoral <strong>no</strong>rte de Santa Catarina, face não apenas à competição<br />

por <strong>pesca</strong>dos, mas também aos <strong>da</strong><strong>no</strong>s que os grandes arrasteiros causam às redes de fundeio, estáticas.<br />

As práticas de fundeio e caceio, sendo permiti<strong>da</strong>s em qualquer época, estão na origem de um incremento<br />

numérico sazonal verificado nas <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte relativamente às demais, <strong>no</strong>rmalmente<br />

arrasteiras. Isso explica o aumento <strong>da</strong> proporção de <strong>embarcações</strong> de peque<strong>no</strong> porte nas observações de número<br />

2 e 10, período de defeso dos arrastos camaroneiros. Por outro lado, a <strong>pesca</strong> com arrasto não deixou de ser<br />

registra<strong>da</strong> em nenhuma <strong>da</strong>s observações, nem mesmo na época de sua interdição. Isto explica o fato dos valores<br />

<strong>da</strong>s observações de número 1 (quanto a <strong>embarcações</strong>) e 2 (quanto a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de <strong>pesca</strong>) não terem sido<br />

estatisticamente diferentes dos demais valores de suas respectivas séries, e alerta para a i<strong>no</strong>bservância <strong>da</strong><br />

legislação <strong>no</strong> trecho estu<strong>da</strong>do.<br />

As espécies desembarca<strong>da</strong>s sinalizam um forte grau de oportunismo <strong>no</strong>s hábitos de <strong>pesca</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des,<br />

que adequam os petrechos e suas especificações à safra espera<strong>da</strong>. Nem to<strong>da</strong> a captura é desembarca<strong>da</strong>, visto que<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003.


A <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> litoral do Paraná<br />

existe rejeito a bordo; to<strong>da</strong>via, as espécies com maior valor comercial constituem-se em alvo de <strong>pesca</strong>rias quando<br />

presentes na região. É o caso de linguados, cações e <strong>pesca</strong><strong>da</strong>s, cuja disponibili<strong>da</strong>de variável sazonalmente origina<br />

práticas de troca de tamanho de malha para uma mesma arte de <strong>pesca</strong>, segundo a época.<br />

Há citações de que em vários pontos <strong>da</strong> costa brasileira a <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal retira proveito econômico de um<br />

número progressivamente reduzido de espécies (Paiva 1997, Reis & D'Incao 2000). As informações obti<strong>da</strong>s neste<br />

trabalho, porém, indicam que as comuni<strong>da</strong>des do sul do Estado do Paraná ain<strong>da</strong> obtêm rendimentos de uma<br />

gama relativamente grande de <strong>pesca</strong>dos, destinados não apenas ao consumo huma<strong>no</strong>, mas também à<br />

comercialização como isca para a intensa <strong>pesca</strong> recreativa. É provável que camarões continuem perfazendo o<br />

maior volume de produção <strong>da</strong> <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal na região, conforme citado por Loyola e Silva & Nakamura (1975),<br />

Loyola e Silva et al. (1977) e Paiva (1997); entretanto, é <strong>no</strong>tória, por declarações dos <strong>pesca</strong>dores e observações<br />

pessoais dos autores, a importância dos peixes <strong>no</strong>s desembarques e na comercialização pelos mercados locais.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Fun<strong>da</strong>ção Araucária e à FUNPAR, pelos auxílios financeiros concedidos; ao Dr Lício Domit (IBAMA),<br />

pelas contribuições; e ao CNPq, pelas bolsas aos dois autores (Produtivi<strong>da</strong>de em Pesquisa e Iniciação Científica).<br />

LITERATURA CITADA<br />

CHAVES, PTC, HA PICHLER, & MC ROBERT. 2002. Biological, technical and socioeco<strong>no</strong>mic aspects of the fishing activity in a Brazilian<br />

estuary (Guaratuba Bay). J. Fish Biol., 61(Suppl. A): 52-59.<br />

LOYOLA E SILVA, J & IT NAKAMURA. 1975. Produção do <strong>pesca</strong>do <strong>no</strong> litoral paranaense. Acta Biol. Par., 4: 75-119.<br />

LOYOLA E SILVA, J, ME TAKAI & RMV CASTRO. 1977. A <strong>pesca</strong> <strong>artes</strong>anal <strong>no</strong> litoral paranaense. Acta Biol. Par., 6(1,2,3,4): 95-121.<br />

MEDEIROS, RP, M POLETTE, SC VIZINHO, CX MACEDO & JC BORGES. 1997. Diagnóstico sócio-econômico e cultural nas comuni<strong>da</strong>des<br />

pesqueiras <strong>artes</strong>anais do litoral centro-<strong>no</strong>rte do Estado de Santa Catarina. Notas Técnicas <strong>da</strong> FACIMAR, 1: 33-42.<br />

PAIVA, MP. 1997. Recursos Pesqueiros Estuari<strong>no</strong>s e Marinhos do Brasil. Fortaleza, UFC Edições. 278 p.<br />

REIS, EG. 1993. Classificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des pesqueiras na costa do Rio Grande do Sul e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s estatísticas de desembarque.<br />

Atlântica, 15: 107-114.<br />

REIS, EG & F D'INCAO. 2000. The present status of artisanal fisheries of extreme Southern Brazil: an effort towards community-based<br />

management. Ocean & Coastal Management, 43: 585-595.<br />

Entra<strong>da</strong>: 03/04/2002<br />

Aceite: 21/03/2003<br />

Atlântica, Rio Grande, 25(1): 53-59, 2003. 59


Paulo de Tarso Chaves & Maurício de Castro Robert<br />

60<br />

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