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microbiologia do leite - esalq - usp

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© Ernani Porto, 1998<br />

MICROBIOLOGIA DO LEITE<br />

Bactérias associadas com o <strong>leite</strong><br />

1. Gram Positivas:<br />

1.1. Cocos:<br />

➥ Catalase +: S. aureus; Micrococcus<br />

➥ Catalase - a) Homofermentativos: Streptococcus,<br />

Pediococcus<br />

b) Heterofermentativos: Leuconostoc<br />

1.2. Bacilos:<br />

➥ Esporula<strong>do</strong>s: a) aeróbios: Bacillus<br />

b) anaeróbios: Clostridium<br />

2. Gram Negativos:<br />

2.1. Oxidase Negativos: Pseu<strong>do</strong>monas, Alcaligenes,<br />

Flavobacterium<br />

2.2. Oxidase Negativos Fermenta<strong>do</strong>res: enterobactérias<br />

A microbiota proveniente <strong>do</strong> úbere se multiplica a um ótimo de 37 °C,<br />

enquanto que os contaminantes ambientais multiplicam-se em<br />

temperaturas mais baixas (12°C -24°C), inclusive nas de refrigeração.<br />

QUADRO 12: CONTAMINAÇÃO DO LEITE NA GRANJA<br />

Local Bactérias/ml de Leite<br />

Ordenha 500-10.00<br />

Equipamento da ordenha 1.000-10.000<br />

Tanque de refrigeração 5.000-20.000<br />

Frazier & Westhoff, 1978<br />

QUADRO 13. MICROBIOTA DO LEITE CRU: BACTÉRIAS<br />

IMPORTANTES NA CONSERVAÇÃO E PASTEURIZAÇÃO.<br />

Termodúricos Psicrotróficos<br />

Microbacterium Pseu<strong>do</strong>monas<br />

Micrococcus Acinetobacter<br />

esporos Bacillus Flavobacterium<br />

esporos Clostridium Aerobacter<br />

Alcaligenes Alcaligenes<br />

Bacillus<br />

Artrhobacter<br />

McKinnon & Bramley, 1990


➥Psicrotróficos:. ação é lenta. Problema surge no uso da refrigeração <strong>do</strong><br />

<strong>leite</strong>. Há inibição das bactérias mesófilas, dan<strong>do</strong> oportunidade para seu<br />

desenvolvimento. Não são resistentes aos tratamentos térmicos. aqui o<br />

problema principal são as enzimas lipolíticas e proteolíticas que<br />

prosseguirão sua atividade mesmo após a pasteurização, pois possuem<br />

grande resistência térmica.<br />

➥fontes podem ser os equipamentos de ordenha mal higieniza<strong>do</strong>s<br />

➥crescimento é lento<br />

➥produzem enzimas termoressistentes que agem nos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>leite</strong><br />

No <strong>leite</strong> UHT menos de 50% das enzimas proteolíticas são inativadas,<br />

e sua atividade prossegue no <strong>leite</strong>. O comportamento das lipases são<br />

semelhante. estu<strong>do</strong>s demonstram que a protease da Pseu<strong>do</strong>monas<br />

atinge a caseína, degradan<strong>do</strong> em primeiro lugar a κ-caseína,<br />

desestabilizan<strong>do</strong> a micela. Este efeito é bastante prejudicial no <strong>leite</strong><br />

destina<strong>do</strong> à ultra-pasteurização (UHT) ou ao fabrico de queijos. A<br />

produção de proteases por Pseu<strong>do</strong>monas é alta na faixa de<br />

temperatura entre 5 o C e 20 o C. Aos 30 o C a bactéria se prolifera, mas a<br />

produção é pequena. A enzima é mais ativa na temperatura entre 37 o C<br />

e 45 o C. Já as lipases são bastante ativas em temperaturas de<br />

refrigeração. O pH <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, perto <strong>do</strong> ótimo das enzimas, favorece a<br />

ação das enzimas.<br />

Proteases:<br />

Leite Pasteuriza<strong>do</strong>: pela curta vida de prateleira, não são observa<strong>do</strong>s<br />

os efeitos das enzimas.<br />

Leite UHT: contagens elevadas (10 6 -10 7 UFC/ml) de Pseu<strong>do</strong>monas<br />

antes <strong>do</strong> processamento ocasionam surgimento de sabor amargo e<br />

podem causar gelificação <strong>do</strong> produto durante a estocagem. As lipases<br />

podem agir durante a estocagem, na temperatura de 20 o C durante um<br />

perío<strong>do</strong> de 4 meses, ocasionan<strong>do</strong> o<strong>do</strong>res e sabores estranhos.<br />

Queijos: as proteases podem ocasionar perdas de nitrogênio em grau<br />

variável no soro, prejudicam o desenvolvimento <strong>do</strong> sabor. Lipases<br />

podem causar o<strong>do</strong>res estranhos. A lipólise excessiva aumenta os<br />

áci<strong>do</strong>s graxos livres, causan<strong>do</strong> sabores estranhos e rancidez em vários<br />

tipos de queijos. Os áci<strong>do</strong>s graxos livres pode inibir a ação de<br />

fermentos lácticos e a acidificação, prejudican<strong>do</strong> a coagulação.<br />

Manteiga e Creme:. as proteases não são importantes devi<strong>do</strong> à<br />

pequena concentração. As lipases afetam negativamente ambos,<br />

© Ernani Porto, 1998


fazen<strong>do</strong> com que o creme forme muita espuma, dificultan<strong>do</strong> o desnate.<br />

Na manteiga há o surgimento de sabores estranhos.<br />

Iogurte: é bastante afeta<strong>do</strong> pela presença de proteases, prejudican<strong>do</strong> o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> sabor, ainda pode ser forma<strong>do</strong> um coágulo muito<br />

firme ou fracassar a fermentação<br />

➥Termodúricos:<br />

➥Clostridium geralmente provêm da silagem.<br />

➥Cl. tyrobutiricum é grave na produção <strong>do</strong> queijo Emmental<br />

Bactérias patogênicas:<br />

1. Sensíveis `a pasteurização<br />

➥Mycobacterium tuberculosis e M. bovis: tuberculose. Secreta<strong>do</strong><br />

por animais infecta<strong>do</strong>s<br />

➥Brucella abortus, B. melitensis ou B. suis: brucelose secreta<strong>do</strong><br />

por animais infecta<strong>do</strong>s<br />

➥S. aureus: em vacas mastíticas. Pode se reproduzir e produzir<br />

toxinas durante a estocagem ou nos deriva<strong>do</strong>s. Toxina não é<br />

inativada pela pasteurização.<br />

➥L. monocytogenes: provém da vaca (mastite) ou <strong>do</strong> ambiente,<br />

problemática especialmente em queijos frescos.<br />

➥Salmonella: fontes externas <strong>do</strong> úbere, contamina o <strong>leite</strong><br />

➥Campylobacter e outras<br />

2. Resistentes à pasteurização:<br />

➥Cl. Perfringens: esporos, mas não cresce nas condições normais<br />

de estocagem<br />

➥B. cereus: pode crescer na estocagem <strong>do</strong> <strong>leite</strong><br />

Fontes de Microrganismos:<br />

A) Vaca<br />

➥ <strong>leite</strong> sai com bactérias <strong>do</strong> úbere (100 a 10.00/ml)<br />

➥ primeiros jatos são mais contamina<strong>do</strong>s<br />

➥ anatomia <strong>do</strong> úbere interfere, penetram pelo canal, mal formações<br />

facilitam<br />

➥ lavagem <strong>do</strong> úbere retira sujeiras e bactérias<br />

➥ contaminantes iniciais são mesófilos<br />

➥ recomenda<strong>do</strong> o uso de desinfetantes<br />

➥ esporula<strong>do</strong>s prejudicam <strong>leite</strong> trata<strong>do</strong> termicamente<br />

© Ernani Porto, 1998


QUADRO 14. CONTAMINAÇÃO DO LEITE<br />

Origem Bactérias/ml de Leite<br />

Termorresistentes<br />

Total Psicrótrofic Total Esporos<br />

os<br />

Bacillus<br />

Ordenha<br />

Higiênica<br />

5.200 450 135 24<br />

Ordenha<br />

Comum<br />

42.100 12.500 4.900 92<br />

Chatelin & Richard, 1981<br />

➥ Mastites: principalmente a subclínica. Principalmente Str.<br />

agalactie; Str. uberis e Str. dysgalactiae , S. aureus também é<br />

um importante patógeno.<br />

➥ Doenças sistêmicas podem também ser a fonte: tuberculose,<br />

brucelose, salmoneloses, L. monocytogenes, etc.<br />

B) Ar: esporos de Bacillus cereus e Pseu<strong>do</strong>monas<br />

C) Esterco: principalmente coliformes fecais, enterococos e salmonela<br />

D) Ração: microrganismos <strong>do</strong> solo Lactobacillus, Clostridium, Bacillus,<br />

Pseu<strong>do</strong>monas.<br />

E) Ordenha<strong>do</strong>r: porta<strong>do</strong>r de diversas bactérias como S. aureus ,<br />

Salmonella,<br />

F) Equipamento: é coloniza<strong>do</strong> por vários microrganismos. O<br />

bombeamento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pode romper cadeias bacterianas, aumentan<strong>do</strong><br />

as contagens.<br />

➥ Bactérias termossensíveis:<br />

➥ Gram negativos : Pseu<strong>do</strong>monas, Enterobacteriacae,<br />

Alcaligenes, etc. Algumas são psicrotróficas e proliferam sob<br />

refrigeração. Caso da Pseu<strong>do</strong>monas que é altamente proteolítico<br />

e pode elevar o pH <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e causar lipólise.<br />

➥ Bactérias lácticas: Str. lactis, Str. cremoris e Lactobacillus. São<br />

<strong>do</strong>minantes no <strong>leite</strong> cru, crescimento rápi<strong>do</strong>. Mesófilas, não<br />

crescem sob refrigeração.<br />

➥ Bactérias termoressistentes: aparecem no equipamento quan<strong>do</strong> a<br />

limpeza não é eficiente.<br />

➥<br />

Leite como Meio de Crescimento<br />

Possui to<strong>do</strong>s os nutrientes necessários, além de vitaminas e pH próximo<br />

<strong>do</strong> neutro. Possui alguns limita<strong>do</strong>res <strong>do</strong> crescimento:<br />

© Ernani Porto, 1998


➥ Carboidratos: lactose é a única fonte. Seu aproveitamento exige a βgalactosidase<br />

para liberação <strong>do</strong>s monossacarídeos. Nem todas<br />

aproveitam a galactose.<br />

➥ Proteínas: aminoáci<strong>do</strong>s livres são poucos. Há necessidade de<br />

proteólise, caso das cepas “lentas” de Streptococcus<br />

➥ Baixo teor de Fe pode restringir alguns, ex. Pseu<strong>do</strong>monas.<br />

➥ Presença de inibi<strong>do</strong>res:<br />

➥ Imunoglobulinas<br />

➥ Leucócitos: atividade diminuída por fagocitarem glóbulos de<br />

gorduras, mas atuam.<br />

➥ Lactoperoxidases: produzem tiocianato (SCNO - ) que inibe<br />

várias bactérias<br />

➥ Lisozima:<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

Transformações <strong>do</strong> Leite:<br />

1. Acidificação: ocorre lise da lactose.<br />

➥ Mesófila: entre as temperaturas de 10° C e 30 °C, não abaixo<br />

<strong>do</strong>s 4° C. Pode ser homofermentativa (ác. láctico,<br />

Streptococcus) ou heterofermentativa (ác. mista, Leuconostoc).<br />

Grupo coliforme produz diferentes substâncias (ác. acético e<br />

fórmico)<br />

➥ Termófila: ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s 40° C culturas <strong>do</strong> iogurte (Str.<br />

thermophilus L. bulgaricus)<br />

➥ Butírica: Clostridium produz ác. butírico<br />

2. Proteólise: libera aminoáci<strong>do</strong>s e estimula crescimento bacteriano. Em<br />

excesso causa gosto amargo<br />

➥ Micrococcus: libera aminoáci<strong>do</strong>s e facilita as lácticas<br />

➥ Pseu<strong>do</strong>monas, Proteus, Bacillus, muito proteolíticas, causam<br />

gosto amargo mesmo em queijos. Não provocam acidificação.<br />

➥ Termorresistentes: Bacillus, Clostridium, podem alterar <strong>leite</strong><br />

UHT<br />

3. Produção de gás: Bacillus, Leuconostoc produzem CO2 e H2.<br />

Desejável em alguns queijos<br />

4. Lipólise: Pseu<strong>do</strong>monas<br />

5. Sabores: resulta da ação sobre os substratos <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Pode ou não ser<br />

desejável.<br />

➥ Amargo: proteólise<br />

➥ Ranço: lipólise<br />

➥ Manteiga: diacetil, pela ação <strong>do</strong> Leuconostoc e Str. diacetilis<br />

➥ Iogurte: acetaldeí<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> pelo L. bulgaricus<br />

Produção e Ordenha <strong>do</strong> Leite


<strong>leite</strong> é secreta<strong>do</strong> pela glândula mamária da vaca. Uma vaca que produza<br />

50 l de <strong>leite</strong>/dia deve bombear cerca de 600 l de sangue para cada litro de<br />

<strong>leite</strong>. O primeiro <strong>leite</strong> após o parto é o colostro, que difere <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e é<br />

impróprio para o consumo humano.<br />

objetivo da ordenha higiênica é obter um <strong>leite</strong> são, com a<br />

menor carga bacteriana possível o que garantirá um produto<br />

de boa qualidade ao consumi<strong>do</strong>r e uma matéria-prima de<br />

qualidade para a indústria láctea. A ordenha faz parte <strong>do</strong><br />

processo de obtenção de <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> e deriva<strong>do</strong>s. Este<br />

não começa na usina e os processos de pasteurização são<br />

limita<strong>do</strong>s na melhoria da qualidade de um <strong>leite</strong> ruim.<br />

• Vacas: o rebanho deve ser saudável, isento de brucelose, tuberculose e<br />

verminoses. Os animais não devem esperar a ordenha em ambiente<br />

sujo. Vacas <strong>do</strong>entes ou em tratamento devem ser afastadas da<br />

produção.<br />

• Mastite: infecção <strong>do</strong> úbere. O <strong>leite</strong> tem aumenta<strong>do</strong> seu teor de<br />

cloretos, células somáticas, pH eleva<strong>do</strong> e diminui um pouco a<br />

lactose e caseína. Produzi<strong>do</strong> vários mo. Entre eles: S. aureus , S.<br />

agalactiae . A mastite subclínica é bastante importante. O teste<br />

da caneca (fun<strong>do</strong> preto) ou CMT (detecta leucócitos) deve ser<br />

emprega<strong>do</strong> na rotina.<br />

• Lavagem <strong>do</strong> úbere: devem ser limpos com água limpa e morna,<br />

seca<strong>do</strong>s e desinfeta<strong>do</strong>s com io<strong>do</strong><br />

• Sala de Ordenha: deve ser limpa, sem acúmulo de esterco e<br />

livre de moscas<br />

• Ordenha: manual ou mecânica. O ordenha<strong>do</strong>r deve ser saudável, sem<br />

lesões nas mãos e estas devem estar limpas, lavadas e desinfetadas. No<br />

caso de mecanizada, o equipamento deve estar higieniza<strong>do</strong> antes e ser<br />

depois.<br />

• Equipamentos de ordenha: não conter rachaduras nas peças de<br />

borracha, evitar a formação de depósitos de <strong>leite</strong>. Limpar sempre<br />

• Refrigeração: deve ser imediata, o <strong>leite</strong> sai a 37 °C da vaca,<br />

temperatura ideal para a proliferação bacteriana. O resfriamento<br />

retarda o tempo de geração das bactérias. Ex.; uma bactéria que aos<br />

32°C se multiplica a cada 30 min., aos 12 °C demorará 12 horas. Ideal<br />

é refrigerar imediatamente a 4 °C<br />

• O<strong>do</strong>r e sabor: o <strong>leite</strong> absorve o<strong>do</strong>res: forragem, silagem, etc. Evitar<br />

presença destes materiais junto ao <strong>leite</strong><br />

© Ernani Porto, 1998<br />

TECNOLOGIA DO LEITE


© Ernani Porto, 1998<br />

1. LEITE PASTEURIZADO<br />

Pasteurização: processo térmico que visa eliminar a microbiota<br />

patogênica <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Neste processo há redução também da microbiota<br />

deteriorante, o que prolonga sua conservação. Padrão é a destruição <strong>do</strong><br />

Mycobacterium bovis.<br />

To<strong>do</strong> o <strong>leite</strong> consumi<strong>do</strong> no Brasil deve ser pasteuriza<strong>do</strong>, não sen<strong>do</strong><br />

oficialmente permiti<strong>do</strong> o consumo de <strong>leite</strong> cru. A legislação brasileira<br />

prevê uma série de tipos diferentes de <strong>leite</strong>:<br />

➥LEITE TIPO “A”: deve ser produzi<strong>do</strong> em Granja <strong>leite</strong>ira, com<br />

o rebanho acompanha<strong>do</strong> por veterinário <strong>do</strong> Serviço de Inspeção.<br />

Ordenha mecânica e deve ser pasteuriza<strong>do</strong> imediatamente após a<br />

ordenha. Deve ser integral, pode se homogeneiza<strong>do</strong>. Rotulagem<br />

em azul. Padrão microbiológico<br />

➥LEITE TIPO “B” : produzi<strong>do</strong> em Estábulo <strong>leite</strong>iro, Ordenha<br />

mecânica e após a ordenha pode ser resfria<strong>do</strong> e transporta<strong>do</strong><br />

para ser pasteuriza<strong>do</strong>. Deve ser integral, pode ser<br />

homogeneiza<strong>do</strong>. Rotulagem verde. Padrão microbiológico<br />

➥LEITE TIPO “C’ : produzi<strong>do</strong> em qualquer tipo de<br />

propriedade, sem acompanhamento <strong>do</strong> Serviço de Inspeção.<br />

Gordura padronizada em 3%. Rotulagem marrom.<br />

➥LEITE UHT: produzi<strong>do</strong> nas mesmas condições acima. Deve<br />

ser homogeneiza<strong>do</strong> e sofrer tratamento térmico entre 130°C e<br />

150 °C por 2 s.-4 s. Pode ser denomina<strong>do</strong> Longa Vida (ou UAT<br />

ou UHT) e, quanto ao teor de gordura:<br />

➥Integral: 3,0%<br />

➥Semi-desnata<strong>do</strong>: 0,6-2%<br />

➥Desnata<strong>do</strong>: máx. 0,5%<br />

➥LEITE RECONSTITUÍDO: a partir <strong>do</strong> <strong>leite</strong> em pó, poden<strong>do</strong><br />

ser mistura<strong>do</strong> com <strong>leite</strong>. Segue os padrões <strong>do</strong> Leite C.<br />

PROCEDIMENTOS DA PASTEURIZAÇÃO:<br />

O <strong>leite</strong> deve chegar na usina, se possível, resfria<strong>do</strong>. Na plataforma são<br />

realiza<strong>do</strong>s os testes de densidade e acidez (alizarol). Caso os valores<br />

estejam normais, inicia-se o processo de industrialização.<br />

1. Clarificação: operação de centrifugação que visa retirar bactérias e<br />

células somáticas <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, melhoran<strong>do</strong> suas qualidades e aspectos para<br />

o processo. Feita por centrífugas, antes da pasteurização. É importante<br />

aqui a eliminação também das bactérias mortas, que contém enzimas<br />

que mais tarde poderão ser prejudiciais ao <strong>leite</strong> e seus deriva<strong>do</strong>s.


2. Padronização: retirada parcial da gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Mantém constante o<br />

teor no produto final. O <strong>leite</strong> é padroniza<strong>do</strong> tipo C e UHT é<br />

padroniza<strong>do</strong> com 3% de gordura. Feita por desnatadeiras centrífugas, o<br />

laticínio usa para si o creme retira<strong>do</strong> para a fabricação de manteiga,<br />

requeijão, etc. . Os <strong>leite</strong>s tipo A e B não sofrem padronização, devem<br />

ser integrais.<br />

3. Homogeneização: consiste em subdividir os glóbulos de gordura em<br />

frações menores. Neste tratamento a temperatura deve ser de 54 o C ou<br />

superior, para que toda a gordura <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> glóbulo esteja líquida.<br />

O glóbulo é rompi<strong>do</strong> por forças mecânicas: pressão ou ultra-som.<br />

Neste processo há a formação de uma nova membrana “cicatrizan<strong>do</strong>’ o<br />

glóbulo.<br />

Vantagens:<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

➥ evita a separação da gordura durante o transporte e<br />

armazenagem; indispensável no <strong>leite</strong> UHT e no <strong>leite</strong> com<br />

longa refrigeração.<br />

➥torna o <strong>leite</strong> mais branco pelo aumento <strong>do</strong> número de<br />

glóbulos de gordura<br />

➥não forma película ao ferver<br />

➥ação antioxidante<br />

➥melhora a palatabilidade e viscosiddade. “suja mais o<br />

copo”<br />

➥melhora o sabor<br />

➥melhora a aparência geral <strong>do</strong> produto.<br />

Desvantagens:<br />

➥dificulta o desnate posterior<br />

➥aumenta a sensibilidade à luz<br />

➥aumenta a sensibilidade às lipases<br />

➥diminui a estabilidade das proteínas ao calor.<br />

Depois é trata<strong>do</strong> termicamente. Deve-se ter em vista que os processos<br />

(tempo x temperatura) são calcula<strong>do</strong>s em função de uma determinada<br />

carga bacteriana. Uma matéria-prima com uma carga muito elevada<br />

terminará o processo com uma contagem mais alta <strong>do</strong> que um <strong>leite</strong> de boa<br />

qualidade microbiológica. A higiene na ordenha é fundamental. Há três<br />

processos aceitos de pasteurização:<br />

➥ LENTA: 63°C-65°C 30 min. Modifica menos o <strong>leite</strong>, há menor<br />

desnaturação da albumina, globulinas e insolubiliza menos os sais de


cálcio. Formação de espuma pode prejudicar processo. Indica<strong>do</strong> para<br />

<strong>leite</strong> de cabra, pois as proteínas são mais sensíveis. Redução 95% da<br />

carga bacteriana, não é muito eficiente. Também é mais dispendiosa e<br />

está sen<strong>do</strong> cada vez menos utilizada por não ser um processo contínuo.<br />

É importante agitar o <strong>leite</strong> para uma boa distribuição <strong>do</strong> calor, que<br />

deve ser uniforme em to<strong>do</strong> o <strong>leite</strong><br />

➥RÁPIDA: 71 °C-74 °C/40-45 seg. Em troca<strong>do</strong>res de calor, um pouco<br />

mais eficiente (red. 99, 5% da carga bacteriana) mas altera mais o <strong>leite</strong>.<br />

Mais econômica por reaproveitar a energia. Também conhecida por<br />

HTST (High Temperature Short Time). Neste sistema é utiliza<strong>do</strong> o<br />

troca<strong>do</strong>r de placas, onde o <strong>leite</strong> aqueci<strong>do</strong> que sai e o <strong>leite</strong> resfria<strong>do</strong> que<br />

entra trocam calor entre si. O espaço que o <strong>leite</strong> ocupa entre as placas<br />

é de cerca de 3 a 6 mm.<br />

A pasteurização não destrói as enzimas produzidas por bactérias<br />

psicrotróficas como Pseu<strong>do</strong>monas . As enzimas <strong>do</strong> <strong>leite</strong> são também<br />

afetadas. As lipases e proteases endógenas são grandemente inativadas.<br />

A aferição <strong>do</strong> respeito aos bons procedimentos da pasteurização é aferi<strong>do</strong><br />

por duas enzimas <strong>do</strong> <strong>leite</strong>: a fosfatase alcalina e a peroxidase. A<br />

peroxidase é inativada aos 85 o C e deve, portanto, estar intacta no <strong>leite</strong><br />

pasteuriza<strong>do</strong> (HTST), sua inativação é indício de sobreaquecimento <strong>do</strong><br />

<strong>leite</strong> e pode estar mascaran<strong>do</strong> um produto muito contamina<strong>do</strong>. Já a<br />

fosfatase alcalina é lábil e não deve estar presente no <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong>.<br />

Sua presença indica que o <strong>leite</strong> não atingiu a temperatura adequada. No<br />

processo rápi<strong>do</strong> há uma maior desnaturação das proteínas especialmente<br />

das albuminas (até 20%) e perda de cálcio coloidal, dificultan<strong>do</strong> a<br />

coagulação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pela renina na confecção de queijos.<br />

➥ULTRA-RÁPIDA 135°C -150 °C /2-8 seg. Eficiência de 100%.<br />

Neste processo geralmente se faz um pré-aquecimento antes <strong>do</strong><br />

processo, o que protege um pouco as proteínas para o processo. Na<br />

prática funciona como esterilização. Este processo assegura:<br />

➥eliminação de microrganismos patogênicos<br />

➥destruição <strong>do</strong>s microrganismos capazes de proliferar durante o<br />

armazenamento<br />

➥vida de prateleira longa e sem refrigeração<br />

➥Este processo altera bem mais o sabor, sen<strong>do</strong> a evolução<br />

a) sabor cozi<strong>do</strong> pronuncia<strong>do</strong><br />

b) sabor cozi<strong>do</strong><br />

c) sabor aceitável<br />

➥consumo<br />

© Ernani Porto, 1998


d) sabor neutro<br />

➥consumo<br />

e) ligeiramente oxida<strong>do</strong><br />

f) oxida<strong>do</strong><br />

➥O sistema pode ser direto (injeção de vapor) ou indireto (troca<strong>do</strong>r de<br />

placas) e exige, obviamente, envase asséptico<br />

➥pode haver coagulação, minimiza<strong>do</strong> pelo pré-aquecimento e adição de<br />

fosfatos. A estocagem em temperaturas mais baixas (>20 °C) auxilia<br />

na prevenção.<br />

QUADRO 15. MODIFICAÇÃO DO LEITE UHT DURANTE A<br />

ESTOCAGEM<br />

Distribuição <strong>do</strong> N (%)<br />

Meses de estocagem<br />

antes após 2 4 5<br />

Caseína 80,3 84,4 80,8 75,5 72,1<br />

Proteosepeptona<br />

1,1 1,8 2,7 4,7 8,9<br />

Globulina 0,8 0,7 1,2 1,3 1,4<br />

N não 6,2 6,2 6,3 8,1 8,8<br />

protéico<br />

β-<br />

Lactoglobulin<br />

a<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

7,0 3,1 4,3 3,1 0,9<br />

Albumina 4,6 3,5 4,7 7,3 7,9<br />

Fox (1982)<br />

QUADRO 16. PADRÕES DO LEITE PASTEURIZADO E<br />

DERIVADOS<br />

Salmonell<br />

a<br />

Contagem<br />

Total<br />

Coliform<br />

es<br />

Totais<br />

Coliformes<br />

Fecais<br />

Leite “A” aus. 25 ml 2 x 10 3 /ml 1/ml aus. 1 ml<br />

Leite “B” aus. 25 ml 8x 10 4 /ml 4/ml 1/ml<br />

Leite “C” aus. 25 ml 3 x 10 5 /ml 10/ml 2/ml<br />

Leite aus. 25 ml 2 x 10 5 /ml 10/ml 2/ml


econstituí<strong>do</strong><br />

Queijo frescal aus. 25 g x x 100/g<br />

Queijo cura<strong>do</strong> aus. 25 g x x 50/g<br />

(Portaria MS 451/97)<br />

QUADRO 17. BACTÉRIAS PATOGÊNICAS: SOBREVIVÊNCIA À<br />

PASTEURIZAÇÃO E CRESCIMENTO A 6 °C<br />

Bactéria Crescimento < 6 C Sobrevivência<br />

Pasteurização<br />

S. aureus não não<br />

Salmonella sp. ? não<br />

E. coli sim não<br />

Yersina enterocolítica sim não<br />

C. jejuni não não<br />

Clostridium não sim<br />

L. monocytogenes sim não<br />

B. cereus sim sim<br />

Muir, 1990<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

HIGIENE E SANIFICAÇÃO LEITEIRA<br />

O <strong>leite</strong> é uma material extremamente rico em nutrientes, possibilitan<strong>do</strong> a<br />

rápida multiplicação de microrganismos. Estes podem ser tanto<br />

patogênicos ao homem quanto simples deteriorante. O controle higiênico<br />

tem como objetivo evitar e destruir os primeiros e reduzir ao máximo os<br />

segun<strong>do</strong>s, aumenta<strong>do</strong> a conservação e qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e seus<br />

deriva<strong>do</strong>s. O controle inicia-se na ordenha e prossegue por to<strong>do</strong> o fluxo<br />

de produção, até o varejo. O controle da ordenha deve ser feito através da<br />

vacinação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, limpeza <strong>do</strong>s úberes antes da ordenha, como já foi<br />

visto anteriormente. A indústria de laticínios foi uma das precursoras da<br />

implementação de práticas higiênicas na produção.<br />

A água é o principal agente de limpeza. As substâncias solúveis como<br />

lactose são facilmente removidas. A água também age arrastan<strong>do</strong><br />

partículas e substâncias não solúveis. Entretanto o <strong>leite</strong> contém várias<br />

substâncias que apolares (gordura, ex. ) que dificultam o processo,<br />

deixan<strong>do</strong> resíduos. A limpeza na indústria <strong>leite</strong>ira é crítica para a<br />

obtenção de um produto de qualidade. O <strong>leite</strong> e seus resíduos são uma<br />

excelente fonte para o crescimento bacteriano. Além disto os resíduos<br />

podem sofrer ação química, como oxidação <strong>do</strong>s lipídios, conferin<strong>do</strong><br />

gosto estranho aos produtos. A higienização consiste em remover os<br />

resíduos e controlar os microrganismos. Os problemas enfrenta<strong>do</strong>s na<br />

limpeza de uma usina de <strong>leite</strong> são diversos:


1. Aporte constante de microrganismos com o <strong>leite</strong> que entra na usina.<br />

Problemático especialmente nos tanques de armazenagem e área de<br />

recepção.<br />

2. Matéria prima propícia para o desenvolvimento microbiano<br />

3. Composição <strong>do</strong> <strong>leite</strong>: especialmente as proteínas são difíceis de<br />

remover. O <strong>leite</strong> é rico em Ca, que é um sal bivalente relativamente<br />

insolúvel em água, o qual origina depósitos minerais ao qual se<br />

agregam proteínas, forman<strong>do</strong> a “pedra de <strong>leite</strong>”. Os processo térmicos<br />

utiliza<strong>do</strong>s, especialmente as altas temperaturas <strong>do</strong> UHT, dificultam<br />

mais ainda esta remoção, como se observa no quadro abaixo:<br />

QUADRO 21. COMPOSTOS DO LEITE E DIFICULDADE DE<br />

REMOÇÃO<br />

COMPOSIÇÃ SOLUBILIDAD FACILIDADE AÇÃO DO<br />

O<br />

E DE REMOÇÃO CALOR<br />

LACTOSE hidrossolúvel fácil caramelização;<br />

aumenta<br />

dificuldade<br />

GORDURA insolúvel em difícil polimerização,<br />

água; solúvel<br />

maior<br />

em álcalis<br />

dificuldade<br />

PROTEÍNAS insolúvel em muito difícil desnaturação;<br />

água; solúvel<br />

muito maior<br />

em álcali e<br />

áci<strong>do</strong>s<br />

dificuldade<br />

SAIS<br />

MINERAIS<br />

variável variável afeta pouco<br />

4. Formação de biofilmes: os resíduos de <strong>leite</strong> e os microrganismos<br />

formam filmes sobre as superfícies. As bactérias podem colonizar os<br />

equipamentos. Uma vez aderidas à superfície torna-se muito mais<br />

difícil retirá-las ou destruí-las com sanificantes.<br />

Os pré-requisitos para um processo de higienização eficientes são:<br />

A. Construção: deve facilitar a tarefas de limpeza. Ralos autovedantes,<br />

espaço de circulação entre os equipamentos, ausência de cantos vivos<br />

entre piso e parede, telas em portas e janelas<br />

➥Tubulações e equipamentos que permitam fácil limpeza.<br />

Resistentes à corrosão e choques.<br />

➥Áreas de condensação: devem ser providas de drenagem para<br />

expulsar a água.<br />

© Ernani Porto, 1998


A. Separação de áreas: deve-se evitar totalmente o contato entre o <strong>leite</strong><br />

cru e o <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong>, assim como <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s, para se evitar os<br />

problemas de recontaminação. Há áreas “sujas’ e áreas “limpas” ou<br />

críticas. Devem ser separadas e evita<strong>do</strong> o trânsito entre elas.<br />

➥Áreas sujas: recepção de <strong>leite</strong> cru, serviços de carga e descarga e<br />

armazenamento<br />

➥Áreas limpas: sala de pasteurização, embalagem de manteiga,<br />

queijo. Os riscos aqui são menores, pois os produtos são mais<br />

estáveis.<br />

➥Áreas críticas: sala de fermentação e manipulação <strong>do</strong>s fermentos<br />

lácteos, coagulação <strong>do</strong> queijo, envase <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Nestas salas o<br />

trânsito deve ser restrito ao máximo.<br />

Conceitos:<br />

1. DETERGENTES: substância que auxilia a limpeza quan<strong>do</strong><br />

adiciona<strong>do</strong> na água<br />

CARACTERÍSTICAS DO DETERGENTE IDEAL:<br />

• solúvel em<br />

água<br />

• biodegradáve<br />

l<br />

• efetivo contra<br />

to<strong>do</strong>s os<br />

tipos de<br />

sujeiras<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

• não corrosivo • não irritante • sem cheiro<br />

• econômico • fácil • estável à<br />

remoção estocagem<br />

• não afeta<strong>do</strong> • capacidade de dissolver,<br />

pela dureza dispersar, emulsificar,<br />

da água saponificar e seqüestrar<br />

2. SANIFICANTES; agentes químicas capazes de reduzirem um largo<br />

espectro da população microbiana. Não necessariamente inclui esporos<br />

☛ Característi<br />

cas <strong>do</strong><br />

sanificante<br />

ideal:Ação<br />

rápida<br />

☛ Amplo espectro ☛ Esporicida, se<br />

possível<br />

☛ Não afeta<strong>do</strong> pela<br />

matéria orgânica<br />

☛ Não ☛ Atóxico e não ☛ Sem cheiro ☛ Solúvel em água<br />

corrosivo<br />

irritante<br />

☛ Fácil ☛ Estável à ☛ Baixo custo ☛ Econômico e fácil


enxágüe estocagem manuseio<br />

3. AÇÃO BACTERICIDA: efeito letal sobre as bactérias<br />

4. AÇÃO BACTERIOSTÁTICA: não mata as bactérias, mas impede que<br />

estas se reproduzam.<br />

Existem diferentes produtos utiliza<strong>do</strong>s como detergentes e sanificantes.<br />

Na indústria láctea, utilizam-se principalmente:<br />

A. Detergentes:<br />

➥alcalino: usualmente NaOH 95%: eficientes na remoção de<br />

gorduras e proteínas<br />

➥áci<strong>do</strong>s: solução de ác. fosfórico (31%) com tensoativos não<br />

iônicos; eficientes na remoção de sais minerais. Usa-se também<br />

o ác. nítrico.<br />

➥detergentes orgânicos (agentes de superfície) tensoativos, agem<br />

através da ação de saponificação, emulsionan<strong>do</strong> substâncias<br />

apolares na água. Geralmente sua molécula contém uma porção<br />

apolar e outra polar, cada uma interagin<strong>do</strong> com as substâncias<br />

de acor<strong>do</strong> com sua carga.<br />

A. Sanificantes:<br />

➥cloro (hipoclorito)<br />

➥io<strong>do</strong><br />

➥compostos quaternários de amônia<br />

➥agentes físicos (vapor ou água quente)<br />

1. Cloro: largamente emprega<strong>do</strong>; amplo espectro e algum efeito<br />

esporicida. Utiliza<strong>do</strong> na forma de diversos compostos. Potente agente<br />

oxidante, age ou na membrana e/ou afetan<strong>do</strong> o metabolismo interno<br />

celular. Em laticínios o emprego, na forma de hipocloritos, é comum e<br />

sugeri<strong>do</strong> pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) na <strong>do</strong>sagem de 100<br />

ppm<br />

1.1 Hipoclorito de<br />

sódio ou cálcio<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

barato, fácil utilização. Sua ação é muito<br />

afetada pela matéria orgânica e depende <strong>do</strong><br />

pH (ideal pH 4 - 5,5). Corrosivo, irritante e<br />

tóxico. Instável, deve ser estoca<strong>do</strong> no escuro e<br />

pH > 9, 5. Normalmente emprega<strong>do</strong> na <strong>do</strong>se<br />

entre 50 e 200 mg/l. Pode descolorir superfícies<br />

e alimentos. Confere cheiro.<br />

1.2 Dicloroisocianurato Ação não depende <strong>do</strong> pH, não afeta<strong>do</strong> pela


© Ernani Porto, 1998<br />

matéria orgânica e menos irritante. Caro<br />

1.3. Dióxi<strong>do</strong> de Cloro mesmas vantagens. Requer geração no local.<br />

1.4. Cloraminas libera lentamente cloro, fraco bactericida da<strong>do</strong><br />

baixo teor de Cl. Estáveis e não irritantes.<br />

3. Iodóforos: mistura de io<strong>do</strong> com detergente. Normalmente adiciona<strong>do</strong>s<br />

de H3PO4 . Detergente-sanificante, pH ideal é 3-5. Forte bactericida,<br />

amplo espectro, não muito afeta<strong>do</strong> pela matéria orgânica, mas menos<br />

esporicida <strong>do</strong> que o Cl. Caro, pode colorir plástico e outros materiais.<br />

Muito emprega<strong>do</strong> nas indústrias de <strong>leite</strong> por prevenir formação de<br />

depósitos.<br />

4. Compostos de Amônia Quaternária: sal quaternário de Cl ou Br<br />

com amônia. São mais eficientes contra bactérias G+ <strong>do</strong> que G-. Pouco<br />

ou nada efetivos sobre fungos e esporos. Não afeta<strong>do</strong>s pela matéria<br />

orgânica, não corrosivos nem irritantes. Muito estável à estocagem.<br />

São também BACTERIOSTÁTICOS e são de difícil remoção,<br />

poden<strong>do</strong> deixar resíduos. Incompatíveis com águas duras<br />

CLORETO de LAURIL-DIMETILBENZIL AMÔNIA<br />

C 12H 25<br />

CH 3<br />

N<br />

CH 3<br />

CH 2<br />

4. Vapor e Água quente: muito utiliza<strong>do</strong>s em plantas de <strong>leite</strong>.<br />

➥vapor: caro e perigoso, mas efetivo quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> por cerca<br />

de 15 min., até a temperatura <strong>do</strong> condensa<strong>do</strong> ter alcança<strong>do</strong> cerca<br />

de 80°C<br />

➥água quente: 5 min./80°C. pode ser aplica<strong>do</strong> através de<br />

bombeamento.<br />

Processo é realiza<strong>do</strong> em duas etapas:<br />

A. Limpeza: consiste em remover os resíduos minerais e de matéria<br />

orgânica. São também removidas aqui um certo número de<br />

microrganismos, principalmente aqueles que não estão aderi<strong>do</strong>s<br />

Cl +


© Ernani Porto, 1998<br />

aos equipamentos. Parte da limpeza se faz por arraste mecânico,<br />

outra parte é removida pelos detergentes Geralmente é feito:<br />

➥pré-enxágue: remove as sujeiras mais grosseiras<br />

➥aplicação de detergente e agentes de limpeza: saponificam<br />

gordura, lixam proteínas e solubilizam minerais<br />

➥Enxágüe para a remoção das substâncias junto com a água<br />

Na maior parte da planta os resíduos são líqui<strong>do</strong>s (<strong>leite</strong>; soro). Em<br />

algumas áreas podem ser sóli<strong>do</strong>s: queijo, manteiga e <strong>leite</strong> em pó. Os<br />

procedimentos serão adapta<strong>do</strong>s às características da sujeira. A limpeza<br />

pode ser feita manualmente em certos equipamentos, mas, como há<br />

tanques grandes e muitas tubulações na usina, a maior parte da limpeza<br />

é feita pela circulação de água e soluções detergentes em circuitos<br />

fecha<strong>do</strong>s. É conheci<strong>do</strong> como Limpeza no Lugar ou “CIP” (Cleaning In<br />

Place)<br />

Limpeza no Lugar (CIP) basicamente consiste na etapas:<br />

I. Pré-enxágüe com água para a remoção da sujeiras grosseiras<br />

II. Circulação de detergente para a remoção <strong>do</strong>r resíduos<br />

persistentes<br />

III.Enxágüe para a remoção <strong>do</strong> detergente<br />

IV.Circulação de detergente áci<strong>do</strong><br />

V. Aplicação <strong>do</strong> sanificante: aqui pode se usar agentes químicos ou<br />

físicos (vapor ou água quente circulante).<br />

O programa de limpeza é diferencia<strong>do</strong> para as áreas que sofrem ou não<br />

tratamento térmico. Isto porque o calor desnatura as proteínas e o Ca<br />

tende a se insolubilizar, forman<strong>do</strong> depósitos que são mais difíceis de se<br />

retirar. Este problema será tanto maior quanto maiores forem as<br />

temperaturas empregadas.<br />

Este programa é adaptável à cada estabelecimento, em função <strong>do</strong> tipo de<br />

sujeira, <strong>do</strong>s equipamentos, etc. A dureza da água influencia bastante o<br />

processo. A água é o principal agente de limpeza. Uma água com alto<br />

grau de dureza (sais) dificulta a limpeza. O sistema CIP deve prever o<br />

desmonte e limpeza manual <strong>do</strong>s equipamentos como bombas, tubulações,<br />

etc. periodicamente.<br />

B. Sanificação: destruição ou controle <strong>do</strong>s microrganismos remanescente<br />

após a limpeza. Deve ser feita sempre após a limpeza. A eficiência<br />

desta etapa é dependente da anterior. Utilizam-se aqui os sanificantes<br />

químicos, e uma má limpeza implica em ineficiência da ação destes<br />

produtos. Agentes físico: vapor e água quente também podem ser<br />

usa<strong>do</strong>s, com as mesmas limitações <strong>do</strong>s agentes químicos. O sanificante<br />

químico pode ser aplica<strong>do</strong> de diversas formas:


➥Circulação: aplicada em grandes tanques e tubulações da planta<br />

➥Imersão: para utensílios e pequenas coisas<br />

➥“Spray”: utilização concentração <strong>do</strong>brada em relação ao usual;<br />

deve-se ter o cuida<strong>do</strong> de se atingir todas as superfícies<br />

➥Nebulização; em tanques fecha<strong>do</strong>s<br />

➥Manual:<br />

© Ernani Porto, 1998<br />

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© Ernani Porto, 1998

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