Redescobrir - Câmara Municipal de Tomar

A sua bibliografia, porém, integra ainda um
volume de cariz mais literário, “Poemas dispersos”,
e alguns tomos relacionados com diversas
áreas a que se dedicou: “Galinholas”, acerca da
caça; “Pesca desportiva: Ao redor da lição francesa”,
sobre a pesca; “Anais da Sociedade Banda
Republicana Marcial Nabantina”, dedicada ao associativismo
e nomeadamente à Nabantina; e “A
imprensa tomarense através dos tempos”, sobre o
jornalismo, que foi outra das suas predileções. À
família, que foi sempre, também, um pilar da sua
vida, dedicou o volume sobre o irmão “Júlio de
Araújo Ferreira: um tomarense, um escritor, um
apaixonado e estudioso da natureza, um atleta,
um caçador, um militar vertical, um Homem”.
Dispersos, por publicações periódicas, estão
inúmeros outros poemas, crónicas, artigos vários.
E foi às publicações periódicas que dedicou
também muito tempo da sua vida. Foi um dos
fundadores do jornal O Templário, de que seria
diretor e chefe de redação, e de que disse “enchi
semanários sozinho; devo ter escrito aí uns cinco
mil artigos”.
Ao longo dos muitos anos em que se manteve
a sua colaboração nos jornais tomarenses,
foi usando uma série de pseudónimos como o
Zé Barbo, o João Ratão, o Zé da Sombra, mas de
que ressalta o Papa-figo, nome de pássaro que se
enquadra como nenhum outro na sua faceta de
amante da natureza.
Foi essa, aliás, outra das suas características
fundamentais: embora nascido na cidade, em
plena Corredoura, viveu sempre uma intensa relação
com o rio Nabão e com os campos que
nessa altura começavam logo ali ao pé. Enquanto
pescador e caçador, foi essa profunda paixão
pela natureza que o motivou.
E quando foi preciso, sempre que sentiu em
perigo o rio onde aprendeu a nadar, e que considerava
tão importante para Tomar como o Con-
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Com a esposa, Irene.
vento de Cristo, lá estava ele na primeira fila em
sua defesa.
Ao longo da sua vida recebeu várias homenagens,
que encarou sempre com a humildade
de quem trabalhou por amor à sua terra e às
suas causas. Desde 2006, por ocasião do centenário
do seu amigo Fernando Lopes-Graça, ficou
imortalizado com este no bronze de uma
escultura que representa a conversa de dois velhos
amigos, duas das figuras centrais do século
XX tomarense, ali num banco de jardim com
as águas do rio que tanto amou como pano de
fundo.
"Papoilas", 2011, de Graça Morais - foto João Krull
07/2012