14.04.2013 Views

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Teresa Carvalho<br />

Quero ser a <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira personagem<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> enredo circular e enleante. (II: 309)<br />

A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acertar com a saída condu‑lo,<br />

por vezes, a caminhos poeticamente pouco correctos.<br />

Porquê? – é legítimo perguntar. «Porque sim» (NhPF:<br />

23):<br />

Um dia <strong>de</strong>stes apeteceu‑me ligar para mim<br />

para saber como iam as coisas cá por casa.<br />

Mas não o fiz. Não por temer<br />

que a minha sanida<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse ser questionada<br />

e sim para não receber <strong>um</strong>a resposta evasiva<br />

ou <strong>um</strong> comentário sarcástico.<br />

Comigo, eu sei com o que posso contar. (NhPF: 25)<br />

Poesia «tão sôfrega <strong>de</strong> ar e <strong>de</strong> luz» (NhPF: 16),<br />

ela é, à semelhança do labirinto clássico, e sob o ponto<br />

<strong>de</strong> vista temático, <strong>um</strong> lugar marcado pela clausura e<br />

pela obscurida<strong>de</strong>. É à noite que encontramos o poeta<br />

seguindo o curso taciturno da «miséria moral do nosso<br />

tempo» e o da vida una e triunfante que não se po<strong>de</strong><br />

c<strong>um</strong>prir.<br />

Os espaços on<strong>de</strong> se tranca, ora para se per<strong>de</strong>r<br />

nas malhas que a clausura tece, ora para brevemente<br />

se encontrar, são múltiplos, dos mais comuns aos mais<br />

invulgares, passando pelos inusitados: o rangente «armário<br />

azul da infância» e as caves escuras da adolescência, on<strong>de</strong><br />

se revivem as dolorosas aprendizagens que ambas exigem<br />

e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> nos chegam dilaceradas notícias da sua ausência;<br />

o interior do ser: «Pu<strong>de</strong>sse eu imitá‑los [aos gatos] no<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!