14.04.2013 Views

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

25<br />

Pl a c e n t a d e v o z e s a n t i g a s<br />

no limiar do sono. Gémeos que somos<br />

do <strong>de</strong>satino e do tormento, é a incompletu<strong>de</strong><br />

que proclamamos quando a noite<br />

se fecha em casulo sobre os nossos olhos<br />

e nada mais resta para além<br />

da rouca sofreguidão das ondas<br />

quando gritam: em nós se c<strong>um</strong>pre o mar. (II: 99)<br />

Eis a função dos mitos gregos na poética <strong>de</strong> J.<br />

J. Letria – semear o <strong>de</strong>salento pela busca ainda não<br />

c<strong>um</strong>prida das estrelas, do infinito, do impossível. Uma<br />

incompletu<strong>de</strong> inerente ao ser homem que vai colher<br />

exemplos ao panteão dos heróis antigos. Mas como po<strong>de</strong><br />

o mais terrível e punido dos matricídios, o <strong>de</strong> Orestes,<br />

servir <strong>de</strong> paradigma? Apenas no que o veste <strong>de</strong> loucura,<br />

<strong>de</strong>ssa loucura que ninguém – a não ser os poetas – po<strong>de</strong><br />

explicar, nesse ilimitado transpor das barreiras que não<br />

cabe nos espartilhos da razão.<br />

A Antiguida<strong>de</strong> é pois, nos contornos em que a<br />

revisita Letria, <strong>um</strong> paradigma ainda assim incompleto.<br />

Espaço/tempo <strong>de</strong> vida e morte, on<strong>de</strong> se confun<strong>de</strong>m vozes<br />

dissonantes n<strong>um</strong>a perfeita, porque confusa, sinfonia<br />

(ou disforia?) <strong>de</strong> vozes, aí encontra <strong>um</strong> rio poético em<br />

que não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> banhar‑se e <strong>de</strong> cujas torrentes<br />

aproveita as águas mais inspiradas. Mas <strong>de</strong>ixa claro,<br />

como quem confessa que não se revê neste ou naquele<br />

movimento poético:<br />

(...)<br />

e eu que não sou contemporâneo das pitonisas,<br />

dos arquitectos dos augúrios, adormeço

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!