Fragmentos de um Fascínio - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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17 Pl a c e n t a d e v o z e s a n t i g a s Placenta de vozes antigas ou a Antiguidade em José Jorge Letria Carlos A. Martins de Jesus

19 Pl a c e n t a d e v o z e s a n t i g a s Quem leia, por puro deleite que seja – e que melhor forma haverá de a ler? –, a poesia de José Jorge Letria, não pode deixar de reparar, aqui e ali, no verdadeiro fascínio, quase matricial, que o poeta devota à Antiguidade Clássica, aos seus espaços, às suas vozes e mesmo aos seus silêncios. Mais do que um apanhado completo – tarefa que não raro cai em excessivo pragmatismo, redutor da seiva dos versos de um poeta – procuraremos neste breve texto localizar alguns marcos desse fascínio, fragmentos dispersos porém unidos no mesmo gosto por um espaço/ tempo mais que todos propício à poesia, localizá‑los como quem, depois de os encontrar, sobre eles se senta para meditar, embebido nas brisas do passado que inspiraram os poetas que, ali mesmo, se haviam antes sentado. Data de 1993 o livro Capela dos Ócios, onde encontrámos um conjunto de textos em que ecoa esse fascínio pelos Antigos, pelos seus espaços e imaginários. Fruto ao que tudo indica de uma viagem real às paragens da Grécia – pois que de outra forma diríamos ser impossível assim sentir a sua presença –, revelam esses textos a vivência intensa de uma experiência sublime, de uma viagem à terra mãe e berço da Civilização, como a conhecemos: Recebeu‑me com rosas, rosas brancas do Egeu, e eu estou cansado e sorrio e há uma baía ao alcance dos meus olhos

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Pl a c e n t a d e v o z e s a n t i g a s<br />

Quem leia, por puro <strong>de</strong>leite que seja – e que<br />

melhor forma haverá <strong>de</strong> a ler? –, a poesia <strong>de</strong> José<br />

Jorge Letria, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reparar, aqui e ali, no<br />

verda<strong>de</strong>iro fascínio, quase matricial, que o poeta <strong>de</strong>vota<br />

à Antiguida<strong>de</strong> Clássica, aos seus espaços, às suas vozes e<br />

mesmo aos seus silêncios.<br />

Mais do que <strong>um</strong> apanhado completo – tarefa que<br />

não raro cai em excessivo pragmatismo, redutor da seiva<br />

dos versos <strong>de</strong> <strong>um</strong> poeta – procuraremos neste breve<br />

texto localizar alguns marcos <strong>de</strong>sse fascínio, fragmentos<br />

dispersos porém unidos no mesmo gosto por <strong>um</strong> espaço/<br />

tempo mais que todos propício à poesia, localizá‑los<br />

como quem, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> os encontrar, sobre eles se senta<br />

para meditar, embebido nas brisas do passado que<br />

inspiraram os poetas que, ali mesmo, se haviam antes<br />

sentado.<br />

Data <strong>de</strong> 1993 o livro Capela dos Ócios, on<strong>de</strong><br />

encontrámos <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> textos em que ecoa esse<br />

fascínio pelos Antigos, pelos seus espaços e imaginários.<br />

Fruto ao que tudo indica <strong>de</strong> <strong>um</strong>a viagem real às paragens<br />

da Grécia – pois que <strong>de</strong> outra forma diríamos ser<br />

impossível assim sentir a sua presença –, revelam esses<br />

textos a vivência intensa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a experiência sublime, <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>a viagem à terra mãe e berço da Civilização, como a<br />

conhecemos:<br />

Recebeu‑me com rosas,<br />

rosas brancas do Egeu,<br />

e eu estou cansado e sorrio<br />

e há <strong>um</strong>a baía ao alcance dos meus olhos

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