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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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as alegres 28 , se a teoria freudiana já havia previsto que a alegria nos poupa,<br />

enquanto a tristeza, que exige mais dispêndio de energia, nos enfraquece, estu<strong>do</strong>s<br />

neurológicos contemporâneos já não deixam margem a dúvidas sobre os benefícios<br />

e o poder medicinal de uma boa gargalhada:<br />

O riso libera catecolaminas, neurotransmissores que põem o organismo em<br />

esta<strong>do</strong> de alerta e aumentam a produção de en<strong>do</strong>rfinas, as quais diminuem<br />

a <strong>do</strong>r e a ansiedade. O riso levanta o diafragma, acelera a circulação<br />

sanguínea, favorece a condução <strong>do</strong> oxigênio; ele facilita a ereção e reduz a<br />

insônia. Depois <strong>do</strong> riso, os efeitos <strong>do</strong> estresse diminuem durante certo<br />

perío<strong>do</strong>. 29<br />

Não nos esqueçamos que sociólogos, antropólogos, etnólogos e etólogos<br />

também têm muito a dizer sobre as funções sociais <strong>do</strong> riso e o quanto este<br />

fenômeno parece estar condiciona<strong>do</strong> por fatores culturais e históricos, quantas<br />

transformações profundas ele pode sofrer não apenas no transcurso <strong>do</strong> tempo, mas<br />

em espaços geográficos distintos. A sensibilidade humana (bem como os mo<strong>do</strong>s de<br />

enxergarmos o outro) tem varia<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as pressões <strong>do</strong> meio em que o indivíduo<br />

vive ou se insere. O homem contemporâneo já não ri, chora, experimenta me<strong>do</strong>,<br />

prazer ou emoção da mesma forma e pelos mesmos motivos que o homem<br />

medieval, por exemplo. 30<br />

Bergson, que tentou elaborar uma teoria <strong>do</strong> risível em consonância com<br />

concepções mais dinâmicas de sociedade, concebeu o riso como uma reação<br />

mecânica e automática <strong>do</strong> espírito coletivo contra algo que parece estar fora <strong>do</strong>s<br />

padrões aceitos e que, portanto, precisa ser corrigi<strong>do</strong>: “O riso é, acima de tu<strong>do</strong>, uma<br />

correção. Feito para humilhar, deve dar impressão penosa à pessoa que lhe serve<br />

de alvo. A sociedade vinga-se por meio dele das liberdades tomadas com ela.” 31 O<br />

riso, segun<strong>do</strong> a teoria bergsoniana, repousa numa sensação de incongruência, num<br />

pressentimento de que estamos diante de algo material, mecânico e rígi<strong>do</strong><br />

sobrepon<strong>do</strong>-se a algo que deveria ser sempre vivo e flexível, diante <strong>do</strong> “corpo<br />

sobrepujan<strong>do</strong> a alma” 32 e diante da forma “queren<strong>do</strong> impor-se ao fun<strong>do</strong>” 33 .<br />

28<br />

MINOIS, Georges. Op. cit., p. 136-137; 616.<br />

29<br />

Ibid., p. 616-617.<br />

30<br />

Ibid., p. 310.<br />

31<br />

BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação da comicidade. São Paulo: Martins Fontes,<br />

2004. p. 146.<br />

32 Ibid., p. 39.<br />

33 Idem.<br />

35

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