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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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Numa conversação civilizada, a capacidade de expressar ditos espirituosos,<br />

de ser engraça<strong>do</strong> ou de gracejar com prudência e comedimento, consoante à<br />

situação e à companhia, é uma virtude socialmente desejável. A aptidão de provocar<br />

no auditório um riso franco e alegre, com finalidade recreativa, através de<br />

brincadeiras ingênuas, tiradas divertidas ou ane<strong>do</strong>tas espontâneas e inocentes,<br />

costuma ser uma característica que se espera <strong>do</strong> bom ora<strong>do</strong>r, índice de sua<br />

inteligência, informação e boa educação. Saber <strong>do</strong>minar os mecanismos <strong>do</strong> humor<br />

de entretenimento, desde que se saiba fazê-lo fluir de mo<strong>do</strong> natural, pode deixar a<br />

comunicação mais atraente e agradável, bem como tornar o ora<strong>do</strong>r (ou escritor)<br />

muito mais simpático aos olhos <strong>do</strong> público.<br />

Quan<strong>do</strong> o ora<strong>do</strong>r percebe que sua audiência se encontra fatigada,<br />

entediada, desanimada, abúlica ou simplesmente distraída, é bastante comum que<br />

ele apele para o uso de pequenas <strong>do</strong>ses de humor a fim de recuperar a<br />

concentração <strong>do</strong>s auditores. Na maioria das vezes, um comentário jocoso desperta<br />

os ouvintes, atiçan<strong>do</strong>-lhes a curiosidade, ou consegue reanimá-los para que se<br />

tornem novamente partícipes ativos <strong>do</strong> processo comunicacional. Neste caso, o<br />

propósito não é exatamente divertir, mas conceder um espairecimento ligeiro para,<br />

em seguida, poder ser ouvi<strong>do</strong> com mais disposição. Publicitários, discursistas,<br />

conferencistas e <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res em geral costumam usar historietas e exemplos<br />

diverti<strong>do</strong>s para conquistar os espíritos reticentes ou fazê-los memorizar com mais<br />

facilidade a mensagem, o conteú<strong>do</strong> ou a lição. 1<br />

Certas formas de humor coletivo servem para reforçar os laços de afinidade<br />

entre os membros de um grupo. Em geral, presume-se que aqueles que riem das<br />

mesmas coisas e histórias compartilham também os mesmos pressupostos<br />

implícitos e dividem, portanto, os mesmos valores e cultura. Esse tipo de humor,<br />

usa<strong>do</strong> para gerar um riso de cumplicidade, de reconhecimento mútuo, serve para<br />

delimitar as fronteiras <strong>do</strong> grupo, promover a harmonia entre os participantes e<br />

consolidar a sensação de que se pertence a uma comunidade distinta das demais.<br />

Muitas insinuações maliciosas e piadas étnicas funcionam como instrumentos de<br />

integração, na medida em que reafirmam a discrepância que se supõe existir entre<br />

nós (pessoas diferenciadas) e eles (os outros, os não-queri<strong>do</strong>s). É igualmente<br />

importante observar que, enquanto as piadas internas robustecem a unidade e a<br />

1 MINOIS, Georges. História <strong>do</strong> riso e <strong>do</strong> escárnio. São Paulo: UNESP, 2003. p. 214-215.<br />

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