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Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná

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O HUMOR<br />

25<br />

«Não sou engraça<strong>do</strong>, sou triste.»<br />

Harol<strong>do</strong> Maranhão – Senhoras & senhores<br />

Por ser uma noção vaga, adaptável às mais diversas interpretações,<br />

contextos e auditórios, o humor não se deixa encapsular em uma única frase,<br />

conceito ou definição. A grande ironia das línguas naturais reside justamente no fato<br />

de que só conseguem gerar compreensão consensual – e, portanto, entendimento<br />

unânime ou com mínimas discordâncias – sob condição de que mantenhamos<br />

certas noções num nível satisfatoriamente vago.<br />

Por esse motivo, creio que o riso, manifestação bem mais concreta e<br />

objetiva <strong>do</strong> humor, representa melhor o alvo de minhas pesquisas. Refiro-me aqui,<br />

não ao riso como resposta involuntária ou acidental, mas ao riso como efeito de uma<br />

dicção intencionada, como fruto de um discurso capaz de provocar em certos<br />

auditórios uma atitude hilária que cumpre uma ou várias funções.<br />

Embora possamos encontrar no riso um fim em si mesmo, parece ser mais<br />

produtivo, quan<strong>do</strong> se trata de compreender o funcionamento da comicidade<br />

discursiva, observarmos os casos em que ele serve como meio para a obtenção de<br />

determina<strong>do</strong>s fins. Antes de apresentarmos as teorias mais conhecidas sobre essa<br />

ação reflexa tipicamente humana, vejamos de perto os principais propósitos que se<br />

escondem por trás <strong>do</strong> riso ou que o acompanham em suas manifestações.<br />

Às vezes, risos podem ser deliberadamente provoca<strong>do</strong>s para principiar ou<br />

estimular uma conversação, objeto indispensável com o qual satisfazemos nossos<br />

instintos gregários. A graça leve e descontraída, capaz de desarmar por um instante<br />

o interlocutor, fazen<strong>do</strong>-o corresponder com um sorriso cordial, poli<strong>do</strong> ou terno,<br />

facilita imensamente o contato entre os seres, aproxima as pessoas e reforça<br />

nossos laços de urbanidade. É o riso de acolhida.<br />

O riso também se presta à interação humana com propósitos afetivos ou<br />

sensuais. Graceja-se, quase sempre de mo<strong>do</strong> malicioso e brejeiro, para atrair a<br />

atenção de um indivíduo específico ou mostrar-se predisposto ao relacionamento. O<br />

riso proveniente desse humor que visa a seduzir pode ser reforça<strong>do</strong> por uma variada<br />

gama de gestos e expressões faciais que, no conjunto, suscitam a simpatia e o<br />

encantamento mútuo ou favorecem os vínculos amorosos.

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