Tese Delson Biondo.pdf - Universidade Federal do Paraná
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passa<strong>do</strong> através da ironia e de um “intenso jogo paródico e intertextual” 33 , embora<br />
não explicite os recursos que colocam esse jogo em funcionamento.<br />
Alcmeno Bastos 34 opta por reforçar a idéia de que estamos, sim, diante de<br />
um romance histórico, mas que se afasta <strong>do</strong> modelo tradicional, primeiro porque não<br />
possui a dicção triunfalista e segun<strong>do</strong> porque apresenta um claro intuito parodístico.<br />
Vale destacar a análise <strong>do</strong> crítico sobre “o quinhentismo da linguagem” 35 :<br />
Tal dicção não representa apenas virtuosismo estilístico, mas o rompimento,<br />
no nível <strong>do</strong> discurso, com uma das convenções mais típicas <strong>do</strong> romance<br />
histórico tradicional: o distanciamento temporal <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r, veicula<strong>do</strong><br />
lingüisticamente, em relação à matéria narrada. 36<br />
Ou seja, no entender de Bastos, ao a<strong>do</strong>tar uma dicção quinhentista, o<br />
escritor paraense consegue anular o distanciamento temporal que normalmente<br />
pre<strong>do</strong>mina entre narra<strong>do</strong>r e matéria narrada.<br />
Sílvio Holanda 37 , numa rápida avaliação, inscreve claramente o texto de<br />
Harol<strong>do</strong> Maranhão na estética pós-moderna como paródia auto-reflexiva, seguin<strong>do</strong> o<br />
exemplo já cita<strong>do</strong> de Jackson. Em 2004, Rosangela Mantolvani 38 também opina<br />
sobre o romance, fortemente ancorada nas idéias de González, em conceitos<br />
bakhtinianos e na Dialética da Malandragem, de Antonio Candi<strong>do</strong>. Amarílis<br />
Tupiassú 39 , em sucinto comentário sobre a obra, fala de uma sátira<br />
desmistifica<strong>do</strong>ra; noutro artigo mais recente, destaca o “caráter alegórico, bem como<br />
uma conformação épica, lírica, tragicômica, satírica, menipéica, parodística” 40 <strong>do</strong><br />
33<br />
Ibid., p. 92.<br />
34<br />
BASTOS, Alcmeno. Idas e venidas de um Torto a bor<strong>do</strong> da linguagem: O tetraneto del-rei, de<br />
Harol<strong>do</strong> Maranhão. Boletim <strong>do</strong> Centro de Estu<strong>do</strong>s Portugueses, Belo Horizonte, v. 20, n. 26, p.<br />
173-186, jan./jun. 2000.<br />
35<br />
Ibid., p. 184. (grifo <strong>do</strong> autor)<br />
36<br />
Ibid., p. 182.<br />
37<br />
HOLANDA, Sílvio. O sertão é dentro da gente: algumas anotações em torno da carta 8 de O<br />
tetraneto del-rei. Asas da Palavra, Belém, v. 6, n. 13, p. 75-77, jun. 2002.<br />
38<br />
MANTOLVANI, Rosangela M. Aspectos da carnavalização e elementos picarescos em O<br />
tetraneto del-rei. <strong>Universidade</strong> de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em .<br />
Acesso em 17/10/2007.<br />
39<br />
TUPIASSÚ, Amarílis. Amazônia, das travessias lusitanas à literatura de até agora. Estu<strong>do</strong>s<br />
Avança<strong>do</strong>s, São Paulo, v. 19, n. 53, p. 299-320, jan./abr. 2005.<br />
40<br />
TUPIASSÚ, Amarílis. Macunaíma e O tetraneto del-rei: das subversões <strong>do</strong> romance à outra<br />
versão de crônica histórica. UNAMA, <strong>Universidade</strong> da Amazônia, Belém, [2009?]. Disponível em:<br />
Acesso em:<br />
17/09/2009.<br />
19